4 - Mortes.

64 7 0
                                    

JACK E TED.

— O rosto de Mike quando percebeu que estava morrendo... Foi engraçado, né?! Quer dizer, entendo que é perturbador falar isso agora, mas... Algo dentro de mim sentiu prazer com aquilo e me fez achar graça da situação. — Refletiu Jack, enquanto saboreava uma laranja, sentado em um tronco caído.

 Aquilo foi assustador, cara. Tipo, eu realmente achei que tu fosse me matar também. — Respondeu Ted, sentado ao lado de Jack, também comendo uma laranja.

 Sinceramente, não sei o que me deu. Nunca tive acessos de fúria como esse. Mas aquele sujeito não teria chances em um jogo assim, fiz um favor pra ele poupando todo um futuro sofrimento. — Disse Jack, sorrindo ao chegar na parte doce da laranja.

 E pra nós!

 Com certeza, maninho.

DILMA.

Do outro lado da floresta, movimentava-se o esquálido corpo de Dilma. Esgotada, ela via tudo girar em sua frente. Sua insegurança e desajeito ao caminhar chamou a atenção das criaturas selvagens que viviam na floresta, como por exemplo um feroz urso, que espreitava as redondezas. Dilma estava acostumada com o calor, mas nunca passou tanto tempo sem acarajé. Caiu no chão, apoiando-se nos joelhos, tentou controlar a respiração para não vir a desmaiar, mas logo sentiu a presença de algo atrás dela. Se virou com calma, e... Eu já conto o que aconteceu.

Jack e Ted levantaram-se e decidiram procurar abrigo por outros cantos, pois sabiam que coisas estranhas rondavam por ali. O silêncio entre os dois trazia um clima sombrio para a dupla, pois ambos pensavam na mesma coisa, no mesmo momento - Quando Ted se jogou no chão, implorando pela vida, e apontou pra um urso enorme, caminhando pelas sombras da mata ao lado. 

Jack olhou para o monstro, e de alguma forma, aquilo o fez voltar à realidade, suas pupilas voltaram ao normal e ele se sentiu encolher. Ajudou Ted a se levantar e concordaram em se unir no jogo com um aperto de mão singelo. Por mais que seja difícil confiar em alguém que tome atitudes impensáveis, Ted sabia que precisava de ajuda se quisesse vencer o jogo, e uma parceria seria ótima para os dois. Uma das regras dessa parceria, a partir dali, era evitar as sombras.

 Provavelmente é o Pé-Grande, sabe? Ou algum tipo de wendigo... — Comentou Jack, gesticulando com as mãos, meio distraído.

— Não viaja, cara. Deve ser só um urso. Um urso gordão! — Respondeu Ted, olhando para trás obsessivamente.

Algo chama a atenção de Jack.

— Ih rapaz, olha lá! — Disse ele, apontando para Gisele, que estava cuidadosamente calculando seus passos para atravessar um córrego longo e estreito.

— E aí? O que faremos? — Ted temia saber a resposta.

 O que você acha? — O olhar voltou a mudar, suas pupilas se dilataram e as sobrancelhas de Jack desafiavam Ted.

 Tudo bem... Mas seja rápido, tenho agonia de ver essas coisas. —Disse Ted entregando a faca a Jack.

Já no meio do caminho, se equilibrando em uma pedra, Gisele se concentrava no próximo passo, até que de repente, um vulto saltou do meio da mata e correu em sua direção. O desespero tomou conta de Gisele no pior momento possível, ela estava em uma posição delicada, caminhando sobre pedras lisas, um caminho que seria relativamente fácil para alguém que estava acostumada a desfilar de salto alto passarela, mas com um assassino se aproximando dela, suas pernas não tinham a mesma firmeza. Ela até tentou se concentrar e voltar com velocidade, mas acabou escorregando e caindo no rio, sendo arrastada pela correnteza. Um desfecho previsível para quem tenta atravessar um córrego de louboutin.

 — Droga, ela sabe nadar. — Lamenta Jack, olhando pro rio.

— Mas a água está forte, será que não vai bater contra as rochas? E tem uma queda d'água do outro lado. — Ted fez um sinal inconfundível de cabeça explodindo.

 Tem, é? — Jack se cala ao ver emergir uma água avermelhada na superfície do rio.

— Jack, vamos sair daqui. Tipo, já! — Ted aponta para jacarés indo em direção ao sangue e ambos saem dali.

O Grupo 2

No extremo outro lado da mesma floresta, Foreman e Finn discutem o que irão fazer com Dilma, encontrada por eles aos prantos no meio da floresta.

 Deixa ela morrer aí, sozinha, isso é um jogo de "sobrevive o melhor", caramba! — Argumentou Finn.

 Ah, cara. Acho que a gente devia ajudar ela. — Foreman apontou para a garota, seus olhos arregalados como sempre e aparentemente lacrimejando.

— Sim, e depois matar ela a sangue frio? Brilhante, gênio! Nada cruel, pô. — Ironizou Finn, falando ao resto do grupo. Naquele momento ele se imaginava em um tribunal, defendendo a pena de morte.

Enquanto eles discutiam o melhor jeito de matar Dilma, ela se rastejava lentamente pelo chão de terra, procurando saída pela mata. Até que sua fuga é bruscamente interrompida por uma estaca enfiada em sua costela e atravessando seu corpo.

- Chega!! É um jogo de vida ou morte, e vocês viram que nessas situações não podemos confiar em ninguém. Ela foi sozinha porque ela quis, sendo assim, se tornou nossa inimiga. — Disse Pocahontas com convicção na voz, após matar Dilma com um tipo de lança improvisada.

Todos ficaram boquiabertos e o corpo de Dilma estava lá, mortinho da Silva. Alguns até ameaçaram falar algo mas hesitaram e se calaram por medo. Então Finn, que já conhecia essa filosofia tribal de Pocahontas, conduziu todos a retomar a trilha. Porém, antes disso, Foreman carregou o corpo de Dilma até um rio lá perto e o jogou.

O Jogo da Morte.Onde histórias criam vida. Descubra agora