O Jogo da Morte.

6 - Grito.

De madrugada é quando as coisas doidas acontecem, quem está acostumado a madrugar sabe disso. Mas, quando se junta madrugada com floresta e jogos vorazes, o resultado é mais doido ainda. Mike tentou gritar quando foi esfaqueado, mas não teve forças; Dilma não teve fôlego e os gritos de Gisele foram inaudíveis embaixo d'água. Porém, quem ainda estava vivo tinha muito pra gritar.

Naquela madrugada aparentemente fresca, com ventos gélidos e cheiro de chuva, alguns dos participantes puderam dormir tranquilamente, poupar energia e refletir sobre o que fariam em seguida. Uns mais confortáveis, dormindo em camas improvisadas, outros em cima de árvores. Tinha também aqueles que não conseguiam dormir por medo dos perigos da floresta. Parceiros que se revezaram na vigia. Um grupo inteiro que dormia em harmonia e outro que não podia por conta dos conflitos entre si.

Para Rose, as brisas geladas foram tranquilas, já que ela achou um calor humano do animalzinho que dormiu encostado nela, deixando seu cheiro e sua marca. 

Já Cameron, teve como fonte de calor suas folhas de bananeira, que forravam seu chão e cobriam seu corpo.

Rachel quase não sentia os ventos, que batiam na parte de trás de sua caverna.

Charlie e Robin passaram frio a noite toda, já que estavam dormindo em cima de árvores, mas isso não iria desanimar nenhuma das duas.

Grupo 2.

A noite no grupo 2 foi marcada por um grito macabro que assustou todos que estavam por ali. Foreman e Tracy corriam até lá, carregando consigo o pensamento mais óbvio possível: um assassinato. Ao chegar lá olharam direto para a oca de Pocahontas, que acabara de levantar e também procurava a origem do grito. Do outro lado, Finn salta de sua oca com a faca em mãos, olhando freneticamente para os dois lados. Ao perceber a inocência no olhar dos outros ali presentes, ele se juntou aos três e juntos, focaram no inevitável, a oca de Karla.

Entraram em um salto, como um esquadrão de resgate pronto para salvar um cachorro que caiu no poço. Lá dentro, Karla estava no canto, assustada, acuada, suando frio e rangendo os dentes. Ao perceber os olhares interrogativos da equipe de resgate, ela apontou para a outra extremidade da oca.

— Esse... Esse doente desgraçado passou a mão em mim!! — Disse Karla, aos berros, arremessando um caqui contra Carlos.

— Calma lá, não foi bem assim.. — Carlos parou de falar para tentar se proteger do caqui vindo em sua direção, mas não obteve sucesso e o caqui explodiu em sua testa.

— Ah não, seu taradão safado, isso não!! — Disse Tracy, defendendo sua amiga e os direitos das mulheres. — Alguém segura esse pervertido!

Visto que Foreman e Finn não conseguiam segurar a risada com a situação do caqui que quase pôs Carlos a nocaute, Pocahontas pegou a faca e tomou a vanguarda, indo pra cima de Carlos. Ele ainda tentava limpar os pedaços do caqui podre que prendeu em sua barba e nem se tocou do que estava por vir. Quando finalmente voltou a atenção para o seu redor, só pôde ver Pocahontas armada, com um olhar furioso e pronta para o que der e vier. Ele entrou em desespero, destruiu a lateral da oca e saiu correndo para o interior da floresta, sozinho. Pocahontas ameaçou ir atrás mas desistiu já que Carlos não iria muito longe sozinho na floresta - quem sabe outro dia, pensava ela. A natureza vai se encarregar de matar esse nojento.

Todos voltaram suas atenções para Karla, solidários com a situação da garota. Tracy deu-lhe um abraço e Pocahontas lhe garantiu "Amanhã nós vamos pegar Carlos e dar o que ele merece" . Todos pareciam concordar, mas Tracy estava mais preocupada com o apoio à vítima do que com a punição ao agressor. Essa noite ela e Karla dormiriam juntas. ( ͡° ͜ʖ ͡°)

Grupo 1.

Bastante longe da situação, Virgulino se levantou no meio da noite e foi em direção à rede de Chico, onde o colega dormia profundamente. Sua cobertinha de palmeira tinha escorregado e Chico tremia a cada brisa gelada. Virgulino, ciente da situação, recolocou a coberta sob o corpo de Chico e deu-lhe um suave beijinho na testa, logo depois, voltou para sua própria rede, satisfeito. 

Naval, que ainda estava acordado, se acostumando com o fuso-horário, viu toda a cena e pensou "Well, Brazilian culture... I heard about it".

CARLOS.

A corrida de Carlos fugindo de Pocahontas teve seu fim quando ele tropeçou em um tronco e deu de cara com uma árvore, ficando inconsciente lá mesmo. Ao lado de seu corpo, cascas de laranja perdiam a cor lentamente.