18 - Lua.

39 5 5
                                    

JACK E ROSE. 

Deitado no chão frio da floresta escura, Jack sentia a boca seca, o estômago encolhido, sua cabeça doía, assim como seu corpo inteiro, os machucados por todo o seu braço pareciam querer explodir, e quando sua respiração apareceu e seus olhos se abriram, ele percebeu que não estava morto.

Acordou no chão da floresta, à sua esquerda viu uma barraca improvisada, à direita tinha uma fogueira. A claridade ofuscava a garota atrás das chamas e seu animalzinho atento, ambos sentados olhando para ele. Jack podia ouvir a respiração dela, que por algum motivo se tornou seu som favorito naquele momento.

Levantou com dificuldade e se sentou no chão. Chacoalhou a cabeça, deixando folhas e sujeira caírem de seu cabelo, logo depois estapeou seu corpo, se livrando de outras sujeiras. Sua cabeça ainda latejava, e ele pôde sentir uma ânsia subindo-lhe a garganta e ficando latente.

No outro lado do fogo, ela observava o garoto lutando contra seus demônios, rangendo os dentes e contorcendo os dedos, suas pupilas estavam ao máximo dilatadas, mas ela não sentia medo. Se levantou e foi até a barraca.

Voltou com algumas frutas e se sentou perto de Jack. Os olhos dele lentamente voltavam ao normal quando ela resolveu falar.

— Qual seu nome, garoto?

— Me chamo Jack. — A boca confusa não conseguiu falar mais nada além disso.

— Certo, Jack. Está com fome? — Ele acenou positivamente com a cabeça.

Ela vasculhava entre suas frutas quando a voz do rapaz voltou a aparecer.

— Tem laranja?  — Disse ele, com um olhar empolgado.

— Claro, mas estão meio verdes. — Dizia ela, quando o garoto, praticamente tomando as frutas da mão dela, começou a comer como um animal esfomeado. — Então você gosta de laranjas? — Perguntou ela, se divertindo com a cena.

— Demais! — Disse ele, já todo lambuzado com a fruta. — Quando estive na Escócia, passei uma semana sem, até que decidi caminhar 10 quilômetros até a feira mais próxima, do outro lado da cidade. Tive que dormir na rua mas não passei vontade. — Agora ele já falava com mais animação, voltando a ser quem realmente era.

— Parece eu com chocolates, sou apaixonada.

— Até que são bons também. — Disse ele, distraído com a laranja.

— Como estão seus ferimentos? — Ela ameaçou tocar o braço de Jack, mas ele recuou.

— Sinto que meus braços estão derretendo de dentro para fora. — Respondeu. — Você que fez esses curativos? — Perguntou ele, notando as folhagens amarradas com cipó que cobriam seu ferimento.

— Sim, fiquei com medo de infeccionar, tem muitos insetos por aqui.

— Estão ótimos, muito obrigado.

— É a especialidade da casa. — Disse ela, sorrindo e orgulhosa de si mesma.

— E essa barraca, você que fez? A fogueira também?

— Tudinho. Tive certa dificuldade por causa da chuva e um urso que rondava por aí, mas no fim deu tudo certo.

— Impressionante. — Falou ele, notando uma satisfação no rosto dela. — Entretanto, isso pode atrair outros participantes que queiram matá-la.

Bobagem. Quem quer que seja louco de se aventurar pela floresta agora, certamente vai ser atacado pelos bichos. E a fogueira mantém as feras e os insetos longe. E, ainda mais, se alguém se aproximar, meu amiguinho aqui me avisa. — Ela apontou para Mandril que descansava confortavelmente ao lado da fogueira.

O Jogo da Morte.Onde histórias criam vida. Descubra agora