14 - Corra.

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MISA.

Misa fugia do local em que havia presenciado o segundo assassinato em 2 dias. Já estava escurecendo e ela ainda corria. Não conseguia afastar de seus pensamentos que ela já estava condenada à morte. Ela nunca quis participar de algo tão brutal, onde as pessoas mudavam tremendamente, sendo capazes de coisas tão perversas. 

Mas, enfim, não adianta chorar o molho shoyu derramado. O suor já descia em sua testa, mas ela insistia em continuar a correr. Por algum motivo, se sentia mais viva e motivada depois do incidente que ocorreu com Binter. Sua fuga alucinante só teve fim quando o entardecer se fez virar em escuridão total. Curvou-se, apoiando suas mãos no joelho e respirando ofegante. Olhava pra frente com determinação e um sorriso estampava seu rosto oriental. Se concentrou em normalizar sua respiração e ajeitou seus cabelo escuros, que grudavam em sua testa. Olhou em volta e tudo que viu foram sombras de uma floresta escura e assustadora. Mas ela não estava com medo, era uma outra sensação que preenchia sua alma, era como se tivesse deixado para trás sua fragilidade. Então ela escolhe um caminho a seguir pela floresta fechada e some em meio à escuridão.

TED E ROBIN.

Robin já não aguentava mais correr, sua mochila estava pesada e ela não ouvia mais os passos do urso, então ela por um breve momento se permitiu para olhar para trás. O urso não estava mais atrás deles.

— Ted, pare! O bicho ficou para trás, aposto que já desistiu de nós. — Disse ela, parando de correr e tirando a mochila das costas.

Os dois ficaram parados sob um lugar muito suspeito. Algo ali não parecia correto para nenhum dos dois. Com a escuridão que acabara de chegar, ambos sentiam-se vigiados. Era como se algo ruim estivesse por trás dos olhos negros vindos da floresta.

— Olhe, tem alguém ali! — Apontou Robin, fazendo os olhos se apagarem e passos correrem na direção contrária. Robin observou que Ted não esboçava nenhuma reação, estava muito ocupado, sentado no chão cuidando de seu ferimento — Você não vai fazer nada?!

— Claro que não, né, afinal tá escuro, não quero dar de cara com nenhum bicho. E mais, nós não caçamos no escuro, então vamos voltar e procurar um lugarzinho para dormir. Na verdade, eu sei de um.

— Ah! não mesmo, senhor! Sei bem que você quer voltar para aquelas ocas. Se liga. aquilo já estava um caos desde a primeira vez que eu vi, visse? E outra, agora sei que um urso mora lá. Não voltaremos de jeito nenhum.

— Prefere dormir aqui no chão? Posso te garantir que os bichos que rastejam por aqui de noite são muito piores que um urso idiota.

— Ha ha ha, aquele urso idiota que te botou pra correr?

— Tá me chamando de medroso?

— Bom, se a carapuça serve.

— Ah, é? Repete.

— Do que você tá falando, maluco?

— Nada, esquece... Robin, meu amor, confie em mim. Outro dia eu vi uma aranha enorme andando por aí. Falei pro Jack "Aranhas são comestíveis?", ele riu de mim o dia todo. Disse que aquela era uma aranha bananeira, tinha um veneno que matava em minutos.

— Amor... Uma porrada de urso pode não ter veneno, mas arranca a sua cabeça fora. Além do mais, você reparou o tamanho daquele urso? Nunca vi nada igual.

Ted parou pensativo por alguns instantes e replicou.

— Desculpa, fofa, mas a aranha bananinha dá mais medo.

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