16 - A Era de Carlos.

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ROBIN E TED. 

Qual é a garrafa com veneno mesmo? — Pergunta o rapaz, enquanto caminha ao lado de sua amada.

— A da direita, Ted. Já te falei isso mil vez, é a que está suja com caqui.

Certo. — Disse ele pensativo, enquanto olhava para as duas garrafas. — Mas a sua marca de caqui está quase sumindo, logo não conseguiremos diferenciar. Precisamos de outra marca!

— Dá pra diferenciar, é só ver com cuidado. — Disse ela, com a voz já cansada.

— Sangue seco não sai com facilidade. — Concluiu ele.

— Você é idiota? — Ela parou de caminhar, encarando Ted com um olhar perplexo.

— Relaxa, meu amor. Eu posso cortar meu braço e coletar um pouquinho de sangue. — Disse ele, se achando o máximo.

— Meu herói. — Disse ela, ironicamente. — Mas você não precisa se cortar, me dê as garrafas que eu consigo diferenciá-las.

Ted se rende e entrega as garrafas para Robin, que se agacha no chão para guardá-las na mochila. O rapaz, agitado como sempre, olha em todas as direções, até que vê uma coisa. "Um tigre!", Exclama ele. Robin levanta o olhar, assustada, procura seguir o olhar de Ted e lá estava, um vulto laranja caminhando em direção a eles.

— Ele não deve ter nos visto, ande com muita calma! — Disse Robin, se levantando devagar. Ted obedeceu e foi dando passos lentos para trás. Os dois se olharam e concordaram, iriam na direção oeste.

Caminharam por 10 metros a oeste e o tigre parecia não perceber nada. Mesmo assim, andavam silenciosamente entre as árvores. Ted, que tinha a mania de olhar para trás o tempo todo, decide fazer isso quando passava por uma árvore suspeita. Digo suspeita porque tinha alguém escondido atrás dela.

E de trás da árvore, como um ninja, Carlos aparece e, pelas costas, dá uma madeirada em Ted, rs. No sentido de golpear com um pedaço de madeira, claro. Mas Ted era forte, cair na primeira seria deixar sua garota na mão, e foi por isso que ele só caiu após o quarto golpe, já inconsciente, aos pés de Robin.

Após isso, o barbudo voltou sua atenção para a pequena garota com uma mochila nas costas, olhando-a com desprezo. Ela pensou em correr, mas nunca deixaria o seu amor para trás, não era o seu estilo. Ergueu os punhos, convidando seu oponente para o duelo. Carlos aceita, com um semblante irritado, quem ela pensa que é para desafiar o grande Carlos.

A pequena circula sobre Carlos em passos rápidos, ele acompanha com os olhos, preparado para dar o bote.

— Você não vai escapar desta, garota! — Deixa escapar Carlos.

Robin não dá moral e continua a se mover com velocidade, pois sabia que seu tamanho e velocidade iriam a ajudar a se esquivar das investidas do grandalhão. E ele estava descobrindo isso na prática. Tentou a primeira vez, com passos pesados foi na direção de Robin e a atacou com a madeira, mas atingiu apenas o ar, a pequena já tinha se movido para o lado oposto. Então ele tentou de novo, dessa vez com mais velocidade, golpeando com a madeira de cima para baixo e em seguida da esquerda para direita, tudo em vão, Robin desviou de todas. Irritado, Carlos parte para novas investidas, movidas por uma explosão de fúria. Ataca a garota de todas as formas que pode, de todos os ângulos e por todos os lados, mas nenhum golpe é conectado. Ele para, respirando ofegante, e olha para a garota que não parava de se mover.

Do outro lado, Robin já sentia uma gota de suor descendo por sua testa e seus movimentos indo gradativamente ficando mais lentos, ela não era uma atleta de provas longas, mas precisava aguentar firme, se alguém aparecesse para ajudar, ela precisava garantir que estaria viva, e Ted também. Respirou fundo e se preparou para a nova investida de Carlos, desta vez mais furioso ainda, ele gira o campo e encurta o espaço, dando menos tempo de reação para Robin, que não vê alternativa senão mover-se para trás. Ela recobra a guarda, desta vez mais distante de seu amado Ted, e logo percebe que não seria uma má ideia. "Quanto mais distante eu levar Carlos, mais tempo Ted terá", Com isso em mente, ela circula e volta a se movimentar para trás, aparentemente, Carlos estava caindo como um patinho. Ted já estava há 10 passos quando Robin tentou escapar novamente para trás, e caiu de costas em um buraco. Lá embaixo o cadáver de Charlie havia aliviado sua queda.

Carlos apareceu no topo do buraco, com um sorriso macabro no rosto, e então se afastou. Robin se perguntava o que estava acontecendo, por que Carlos não tentou matá-la agora que estava mais vulnerável. Mas isso era o de menos importância agora, ela precisava sair daquele buraco. Se levantou, afastou o corpo de Charlie e tentou escalar para fugir dali, mas a terra era quebradiça e se soltava nas mãos de Robin. Ela decide usar o corpo de Charlie para tentar alcançar mais alto, mas também não obtém sucesso, seu corpo pequeno a condenou a ficar presa naquele buraco.

Pouco tempo depois, Carlos reaparece, satisfeito. Lá embaixo, Robin observa assustada, seu coração estava quase saindo pela boca, e então ela entende aonde o grandalhão tinha ido. O corpo de Ted foi arremessado no buraco, caindo ao lado dela.

— Eu tentei, amor. — Disse ele, o corpo já não aguentava mais, parecia flutuar na terra macia onde seria a sua cova. O rosto era coberto por sangue escuro, suas costelas foram quebradas e ele apenas esperava a morte.

Robin estava paralisada, seus conhecimentos médicos não poderiam salvar seu amado, seu corpo pequeno não escaparia da armadilha e ela não havia causado dano algum ao seu algoz. Se sentiu fraca, seu estômago estava se revirando, e ela pôs tudo para fora.

Carlos olhava para os dois com um olhar contente, ele estava saboreando cada momento. Olhou ao redor da noite escura e notou um ponto brilhante, parecia o recado divino para ele encerrar aquilo com um grande final, era uma pá jogada entre os arbustos. As duas escórias seriam enterradas vivas. Mas um cadáver só pode ser enterrado se ele não se mexer, pensou Carlos, se movendo novamente.

Lá embaixo, com lágrimas descendo em seu rosto, Robin permanece abraçada com seu amado, prometendo nunca abandoná-lo. Ambos sabiam, no entanto, que o fim estava próximo, e seria na noite mais escura de suas vidas, sentindo a dor mais escruciante que já tiveram, mas, ainda assim, felizes por estar ao lado um do outro.

Carlos reaparece, dessa vez carregando uma pedra pesada sob sua cabeça, e arremessa, sem olhar onde ela cairia. Robin é pega de surpresa e tenta desviar no reflexo, mas o espaço é pequeno e a rocha cai sob suas pernas. Imóvel, ela começa a chorar o triste fim, ao ver Carlos começando a jogar terra em cima dos dois.

Em um último ato do mais puro ódio que existia em seu coração, Robin agarra sua mochila e começa a vasculhar dentro. Carlos observa aos risos a garota retirar duas garrafas de água e arremessar contra ele, passando longe de sua cabeça.

— Isso deveria me machucar? Ha! ha! ha! — Disse ele, olhando com superioridade para os dois corpos no chão. — Patético. Mas, obrigado, precisarei me hidratar após enterrá-los.

No buraco, Robin suspirou, desmaiando em seguida. Ela nunca mais acordou. 

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