15 - Miau.

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NAVAL E FOREMAN.

Foreman estava suando frio e sua garganta o incomodava demasiado. Estava gripado após a chuva e o frio. Naquele momento estava sentado no chão, encostado em uma árvore, enquanto esperava pela volta de Naval, que tinha ido procurar um abrigo. Foreman tossia alto e a cada tossida sentia sua garganta pagar o preço. Eu devia ter comido mais laranjas, pensou ele, lembrando suas pesquisas onde descobriu que laranja prevenia a gripe.

No chão, o jovem lamentava tudo que fez e que não fez, não conseguia deixar de pensar que tinha escolhido o grupo errado. "Daria tudo para voltar atrás e escolher outro grupo, o antigo só me fez sofrer". A escuridão daquela floresta era amedrontadora, tudo que ele conseguia ver eram as sombras dos troncos de árvore que sumiam conforme a névoa ia aumentando. No céu, uma lua cheia perfeita encarava Foreman. Ele já tinha assistido isso, era Pânico na Floresta, e instantaneamente ele percebeu que lembrar isso agora era uma péssima ideia. Agora só pensava em assassinos desdentados e horripilantes. Ouviu passos vindos do mato ao lado e seu coração quase saiu pela boca. "Ufa, é só o Naval.", pensou ele por um segundo, quando percebeu que os passos eram rápidos demais, o indiano estava correndo.

— Run, Foreman, run!! There is a fucking leopard in the forrest!!

O indiano passou a mil por Foreman e, logo atrás dele, outros passos que se seguem. "Dá não!" Foreman se levanta com dificuldade, sentindo dor nas juntas, e caminhou devagar, com a cabeça levemente inclinada pra trás, quando finalmente viu o rosto do perseguidor e entendeu o desespero de Naval. Era um leopardo.

Quando viu o animal, ele já estava a 10 metros de Foreman, em mais alguns passos facilmente alcançaria. Foreman então parou de correr, se virou na direção do leopardo e gritou, baixo e rouco, esperando a morte. O felino saltou e cravou suas presas no pescoço de sua vítima, derrubando Foreman no chão. Segurou a mordida por alguns segundos, até que a presa parou de se debater.

TRACY E CAMERON.

Ao sul, não muito longe da corrida do Naval, Cameron e Tracy escutam os rugidos em silêncio. Elas estavam sentadas em um buraco grande, escondidas por algumas matas, de onde podiam ouvir barulho de um rio próximo. Cameron não parava de tremer, por mais segurança que o olhar de Tracy oferecesse. Apesar da situação, as duas ameaçavam um sorriso, talvez por causa do beijo de língua que deram mais cedo.

Espera... Acho que eu não tinha contado sobre isso ainda. Então, de forma resumida posso dizer que a solidão da noite na floresta deixou as duas mais inclinadas ao ato. Outro fato de importância era de que as duas eram bissexuais. 

Quem tomou a iniciativa foi Tracy, com olhares sugestivos em direção aos lábios de Cameron. Todos os seus gestos como dar comida, carinho e apoio foram retribuídos ao longo do dia, o que aumentou a sua confiança. Na hora da coisa em si, Tracy elogiou o cabelo de Cameron, comentando que mesmo naquela situação desfavorável, o cabelo da amiga continuava volumoso e brilhante. A outra fez questão de demonstrar sua timidez mediante ao elogio, ela sabia o que aquilo significava. O cabelo dela não estava bonito, claro que não, mas Tracy achava que sim, e era o que importava. 

O silêncio entre as duas não foi nada embaraçoso, pelo menos não pelo silêncio em si, mas porque elas sabiam o que viria a seguir. Novamente foi Tracy que tomou a iniciativa, se inclinando para perto do rosto da amada, segurava o rosto de Cameron com as duas mãos, de forma delicada, enquanto a beijava os lábios com um desejo intenso. Seu toque era macio, suave. Cameron não conseguiu se mover, apenas curtiu e esperou o momento oportuno para utilizar a língua. Na hora do beijo, é claro.

Ao fim, se afastaram com leveza, uma olhando nos olhos da outra com a boca ainda trêmula, que se ajeitou para um sorriso tímido e satisfeito. Agora, vamos voltar ao presente da narrativa.

O Jogo da Morte.Onde histórias criam vida. Descubra agora