VI

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P.O.V Thalita:

Não sei o que deu na minha cabeça.

Eu realmente precisava me expor desse jeito?

Claro né, ou não seria Thalita Meneghim.

Passei o resto da festa sem ver a Gabie.
Os convidados já tinham ido embora, restando apenas os amigos mais próximos e minha família.

Encontrei a Gabie tomando uma cerveja ao lado da cama elástica, ela deu um sorriso tímido quando parei em sua frente.

- Oi...
- Oi! Tudo bem aí?

- Sim, estava te esperando.
- Me esperando? Pra quê?

- Realizar seus desejos.

Pela primeira vez eu olhei de verdade nos olhos dela e vi que ela é um misto de coisas. Um mistério. Eu amo desvendar mistérios.

Deixei um beijo na pontinha de seu nariz.

Os olhos num tom de verde bem clarinho, algo que nunca vi, mas acho que virou minha cor favorita.

Eu sei que a chance de dar merda é muito grande, mas eu vou pagar pra ver.

Ao invés de beijá-la, peguei sua mão e a levei ao interior do brinquedo.

- Thalita, eu não vou pular nisso.
- Mas Gabie...
- Eu tenho asma, nem rola.

- Eu te salvo qualquer coisa, deixa de ser velha e vem logo.

- Eu sou mais nova que você, ô feiona. Tudo bem, eu vou, mas se eu tiver uma crise e morrer será sua culpa.

- Eu assumo as responsabilidades.

Ela me encarou super desconfiada e eu comecei a pular feito louca, ela gargalhou e timidamente passou a me acompanhar.

P.O.V Gabie:

Nunca imaginei que eu estaria numa festa infantil, pulando e rindo feito idiota.
Não sei o que a Thalita usou para me fazer agir de tal forma, mas confesso que gostei do resultado.

O ar faltou nos pulmões e eu me joguei, ela continuou a pular por mais um tempo até se jogar ao meu lado, ficamos em silêncio apenas recuperando o fôlego e rindo feito bobas.

- Acho que a última fez que fiz isso tem uns quatorze anos.

- Eu tenho a Laura, então me aproveito da situação sempre que possível para ir nos brinquedos e coisas divertidas. - Fiquei quase um século encarando a Thalita, o olhar, o sorriso, as sardas, a boca perfeita. - Que foi, Gabie?

- Você é linda, Thali.

Toquei suas sardas com a pontas dos dedos, da forma mais delicada que consegui.

Ela fechou os olhos sentindo a carícia e soltou um suspiro de leve.

Me aproximei ainda mais dela, roçando nossos lábios, deixando um selinho delicado.

Não demorou para que viesse outro e mais outro.

Ficamos nessa até permitirmos que o beijo viesse de fato.

P.O.V Thalita:

Se eu estiver sonhando espero não acordar nunca. 

Os lábios da Gabie se encaixaram aos meus como nenhum outro.

O ritmo, a textura, o gosto e o sorriso entre o beijo, tudo parece ter sido feito sob medida para mim.

Passamos alguns segundos em silêncio, apenas nos encarando, os lábios vermelhos e levemente inchados, os olhos num tom mais escuro.

- Oi.

- Oi...

Ela voltou a acariciar minhas sardas com a ponta do dedo.

- Que merda tu fez comigo, Thali?

Antes que pudesse pensar numa resposta, chegou o Rafael. Com uma borboleta cheia de glitter rosa pintada na cara.

- Ei vocês duas, o que estão fazendo aí? 

- Estávamos pulando, mas ela é uma idosa asmática.

Saímos do brinquedo ajeitando nossas roupas e cabelos que estavam levemente desgrenhados, Rafa puxou a Gabie para perto num abraço. 

Fui procurar minha filha, mas antes consegui ouvir o Rafa zoando a Gabie.

- Vamos fingir que eu não vi essa boca vermelha e inchada, Gabriela. 

Just a Cosmic JokeOnde histórias criam vida. Descubra agora