Primeiro

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Las Vegas, EUA - Novembro de 2019

A escuridão invadiu os seus olhos. Tanta que não conseguia perceber se os tinha abertos ou fechados. Decidiu tentar levantar-se, mas sentia-se extremamente pesado. Os seus movimentos eram muito lentos como se a gravidade da Terra tivesse aumentado exponencialmente. Lentamente, virou-se de lado, colocando-se de joelhos e finalmente conseguindo colocar-se de pé.

Estaria cego? Não conseguia ver nada. Levantou os braços com extrema dificuldade e rodou-os. Não conseguia sentir nenhuma parede ou espaço lateral que estivesse a protegê-lo. Moveu os pés, tentando caminhar, mas o máximo que conseguia fazer era arrastá-los pelo chão. Conseguia sentir terra por debaixo dos pés e também pequenas pedras. Apercebeu-se que estava descalço. Tocou no resto do corpo. Sentiu roupa: umas calças e uma camisa. Mas porque estaria ele descalço? Continuou a caminhar, a algum lado teria que ir ter, ou pelo menos encontrar alguém que o ajudasse.

Não conseguiu sentir o passar do tempo na escuridão. Podia ter caminhado um minuto, uma hora, um dia, que não faria diferença. Os outros sentidos também não ajudavam: não cheirava nada e o único som que ouvia era o dos seus pés arrastando-se na gravilha.

Quanto mais andava, mais parecia que a lentidão dos seus movimentos aumentava. Mas para onde mais podia ir? Devia continuar em frente. Ou estaria a andar para trás? O escuro era uma tortura, não conseguia perceber nada.

Estava prestes a desistir e a deixar-se cair no chão quando, de repente, bateu com os pés numa pedra. Ou seria... aquilo eram escadas? Se tivesse forças para isso, começaria a rir-se loucamente de felicidade. Finalmente sentia alguma coisa, qualquer coisa, sem ser ele próprio! Começou a subir as escadas lentamente. Tentou esticar os braços, mas não conseguiu: existiam paredes ao seu lado, acompanhando-o.

Durante a subida passou por várias fases: a fase onde conseguia subir as escadas de pé, a fase em que o fazia de joelhos e a fase onde já se arrastava pelos degraus acima. Arrastou-se o máximo que pôde, sem nunca olhar para lado nenhum a não ser para baixo. Até porque não conseguia entender se simplesmente estava escuro, ou se estava cego.

Estava já à espera de tudo, menos de bater com a cabeça em algo duro. Desesperado, levantou-se e apalpou a superfície na sua frente: era madeira. Devia ser uma porta! Facilmente encontrou a maçaneta e para sua felicidade a fechadura estava destrancada. Quando desencostou a porta apenas um pouco, jorrou pela abertura algo que o deixou ainda mais feliz: luz! Afinal conseguia ver, apenas estivera preso na escuridão todo aquele tempo.

Esta luz, apesar de ser sinal de que a sua visão não estava comprometida, revelou um novo problema. Parecia encontrar-se numa gruta sem saída. Todavia, a luz no seu fundo, fazia-o duvidar. Aquela forte luminosidade fazia-o lembrar de uma lanterna. Curioso, começou a caminhar naquela direção. Agora parecia que toda a lentidão que o assomara quando estava no escuro desaparecera.

Após alguns metros, a luz começou a tomar forma. A sua origem era uma pessoa, mas não conseguia perceber se era ela que estava a segurar numa lanterna. A forma daquela luz era estranha.

Ao se aproximar mais, percebeu finalmente do que se tratava. Estava uma mulher de costas para si olhando para a parede que marcava o fundo da gruta, vestindo um longo vestido vermelho. O seu cabelo chegava até á cintura. Era um cabelo de cor branco pérola, muito ondulado, e para espanto de Mark era dele que emanava a luz. Tocou no ombro da mulher, tentando falar com ela.

- Olá? O meu nome é Mark - apresentou-se a medo - Estás bem?

Ela virou-se lentamente para ele, colocando a sua mão por cima da mão de Mark, que permanecia no ombro da mulher.

Barbastella - A Origem [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora