Décimo Primeiro

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A mulher que surgira na frente de Mark tinha o cabelo azul tão gabado de que ele ouvira falar. No entanto aquela não era a sua mãe, não podia ser. Ela era tão ou mais jovem que Mark! Era impossível que aquela mulher tivesse tido um filho há quase trinta anos atrás.

A dúvida instalava-se no facto de ela não parecer ser uma simples irmã ou filha de Rosie. Aquela mulher era exatamente igual à sua mãe, pelo menos no aspeto que ela teria há vinte anos atrás, segundo as fotografias que Mark vira dela. Poderia ser Rosie? Podia a sua mãe não ter envelhecido em vinte anos, sem ter uma única ruga, parecendo até mais jovem do que o próprio filho? Ele não conseguia acreditar. Mas tudo apontava para essa possibilidade, exceto o fato de ser humanamente impossível...

- O que é que se passa? – perguntou a mulher, retirando Mark do transe onde ele se encontrava há vários segundos – Quem és tu?

Mark tentou falar, mas descobriu que até a sua voz desaparecera. Tossiu, limpando a garganta, e tentou novamente.

- Eu... O meu nome é Mark.

Nesse momento, percebeu porque "Rosie" parecia tão ou mais chocada com aquele encontro do que ele. Mark era a cara chapada de Caleb, o marido dela. Isto se aquela realmente fosse a sua mãe. Uma mãe que parecia ter exatamente a mesma idade que o filho...

- És... por acaso chamas-te Rosie? – arriscou Mark.

Nesse momento, a porta da pensão voltou a abrir-se. Do hall de entrada, era possível ver uma parte da zona de refeições, ou seja, quem entrasse conseguia ver Rosie, mas não Mark. Amelia não esperava encontrar aquela cena, ou pelo menos, esperava poder evitá-la.

- Bom dia, Rosie, estás melh...

Ao entrar no espaço de refeições, Amelia deparou-se com Rosie e Mark, frente a frente. Ao ver mãe e filho a confrontarem-se, congelou por uns momentos, sem saber o que fazer. Ao sentir os olhos de Mark a pousarem nela, as suas pernas voltaram a tremer, mas não teve tempo de dizer nada, pois Richard surgiu ao seu lado. Ele olhou para Rosie e Amelia, sem perceber o que se passava. Isto até que reparou na presença de Mark.

- Oh meu deus... parece-se mesmo com ele – comentou, olhando admiradamente para Mark.

O som da sua voz levou Amelia a entrar em ação, tentando resolver o problema que tinha em mãos. Dirigiu-se aflita para Rosie.

- Ouve, podemos explicar! – tentou Amelia, levando Rosie a retirar a sua atenção de Mark, para qual ela olhava desde que o vira.

Rosie observou Amelia e Richard por uns momentos. Estes não pareciam muito chocados em ver Mark, mas sim preocupados com ela. Franziu o sobrolho, começando já a ferver por dentro. Eles sabiam da existência de Mark e não lhe tinham dito nada?

- Explicar? Vocês sabiam sobre isto? – perguntou Rosie, tentando manter a calma.

Ao ver que as coisas começavam a descarrilar, Mark decidiu intrometer-se.

- Desculpem, mas acho que quem precisa de explicações aqui sou eu, porque não estou a entender nada – pediu, fazendo as cabeças presentes se virarem para ele.

Amelia olhou novamente para Rosie e, vendo o seu nervosismo, decidiu agir. Aproximou-se de Mark.

- Lamento muito – disse Amelia – Mas devias mesmo ter ficado no quarto.

- Achas que... - começou Mark, mas sendo interrompido por Amelia.

- Vai para o quarto e dorme – ordenou ela com uma voz suave, mas assertiva.

A última lembrança que Mark possui dessa manhã, é o som da voz de Amelia e dos seus olhos. Olhos verdes que num momento estavam normais e que no outro se acenderam como lanternas, tal como vira mais cedo na floresta. Exceto que, em vez do tom vermelho, a luz era verde, como a cor dos olhos.

Barbastella - A Origem [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora