Vigésimo Segundo

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Embora o tempo passasse, Mark ou Amelia não pareciam se importar. Mas, mesmo que Amelia estivesse completamente imersa no beijo, Mark começava a sentir necessidade de respirar. Apesar disso, continuava a beijá-la, temendo que se a largasse nunca mais teria a mesma oportunidade.

Nenhum dos dois reparou que o tempo mudara na rua e que a madrugada do dia seguinte se transformara, de repente, numa violenta tempestade. Quando caiu o primeiro raio, iluminando o quarto de Mark por completo, seguido de um poderoso trovão, os dois separaram-se, assustados.

Amelia tocou nos seus próprios lábios e olhou para Mark, incrédula com o que tinha acabado de fazer. Aquilo não poderia ter acontecido, pensava enquanto recuava de perto de Mark. Ela não podia ter-se deixado levar.

- Amelia... - começou Mark, tentando pegar na sua mão, mas sendo interrompido por alguém que batera à porta.

Mark olhou para trás, surpreso, e quando voltou a virar-se para a frente Amelia havia desaparecido. Vendo Mark distraído, decidira saltar por uma janela e correr para casa o mais depressa possível. Uma rajada de vento entrou pela janela aberta, elevando os cortinados, e Mark apressou-se a fechá-la.

Sentindo-se confuso, decidiu abrir a porta do quarto, resmungando. Deparou-se com Charles, que já estava para se ir embora, desistindo do seu propósito.

- Ah, pensei que já estavas a dormir – explicou Charles. Levantou uma mão que havia estado a segurar algo em que Mark não repara – Eu trouxe-te a garrafa que deixaste no salão, antes que a deixasses cá amanhã.

Mark, que ainda estava um pouco atarantado, pegou na garrafa sem dizer nada, ficando a olhar para ela como se esta lhe quisesse dizer alguma coisa. Charles franziu o sobrolho, estranhando a reação de Mark.

- Estás bem? – perguntou Charles, preocupado – Acordei-te, não foi?

- Não... Hum, obrigado pela garrafa – agradeceu Mark, piscando várias vezes os olhos, tentando se concentrar na conversa.

- Boa noite então...

Enquanto Charles virava costas, Mark fechou a porta lentamente e encostou-se nela, apertando a garrafa de whiskey contra o peito, suspirando. Provavelmente o beijo com Amelia não deveria ter acontecido, mas parecera tão certo... Melhor do que Mark imaginara nos seus sonhos.

Pousou a garrafa em cima da cómoda e caminhou para a sua cama, deixando-se cair em cima dela. Fechou os olhos, tentando reter o máximo daquele beijo na sua memória. Como poderia Mark voltar a encontrar Amelia e não a querer beijar novamente? Tal coisa parecia ser impossível.

Ele nunca se sentira assim. Nunca se apaixonara realmente na sua vida. Agora que isso finalmente acontecera, fora por uma mulher que estava noiva, ainda por cima do seu irmão da sua família biológica recém-descoberta. Parecia que o destino lhe estava a pregar uma partida. Ou então alguém rodara muito mal os dados no jogo da vida.

* * * * *

Na manhã seguinte, de mochila em costas e após pagar a Charles o que devia pelas noites que ali passara, saiu do NewScot. Da tempestade da noite anterior restara uma chuva miudinha e um vento forte e frio, que causava arrepios a todos os que se atreviam a ir à rua.

Decidiu mover o seu carro alugado e conduziu-o até chegar à casa dos pais, rodeando-a e estacionando-o nas traseiras, perto ao de Caleb. Correu debaixo da chuva que começava a ficar mais forte. Antes mesmo de tocar à campainha, a porta de entrada abriu-se. Rosie e Caleb esperavam-no, sorrindo.

- Preparado para o tour? – perguntou Caleb, com um olhar ansioso.

- Mas eu já conheço a casa – estranhou Mark.

Barbastella - A Origem [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora