Os ânimos só se acalmaram a meio da tarde. Bran saiu pouco depois de dar a notícia, passando por Richard e Amelia, ainda sentados nos degraus do alpendre, explicando que reservara para si a tarefa de comunicar a notícia do que acontecera a Erick, ao seu irmão Harry. Não fazia ideia como este reagiria.
Elisabeth decidiu levar Bella para o quarto e velar pelo seu recobro. Após analisar com atenção o seu ferimento, julgou que este poderia demorar um dia ou dois a se regenerar. Até lá, Bella não acordaria.
Amelia e Richard estavam com receio de entrar novamente dentro de casa, mas teriam que o fazer em breve. Tinham de contar a Rosie e Caleb o que haviam pensado fazer. Essa não seria uma conversa fácil. Naquele momento só existia uma opção: visitar a biblioteca de Hans e rezar que num dos livros existisse uma resposta para o problema. Mas a única solução que Amelia acreditava existir, era aquela que Caleb e Rosie não queriam aceitar: terem de prender Mark para sempre.
- Não podemos tentar falar com ele, convencê-lo a parar com tudo? – perguntou Caleb, quando Amelia e Richard iniciaram a difícil conversa.
Ele e Rosie estavam sentados na sala de estar, pois não conseguiam suportar a imagem do sangue de Bella no sofá da sala principal. Rosie ainda não dissera uma palavra. De mãos dadas com Caleb, apenas conseguia fixar o chão.
- Mesmo que o fizéssemos, não seria para sempre – explicou Amelia, já tendo pensado nessa possibilidade – Um puro não consegue controlar a sua raiva, seria uma bomba relógio à espera de explodir.
- Tens de entender que nós não podemos aceitar isto – frisou Caleb – Prender o nosso filho para todo o sempre, sem possibilidade de retorno... Seria como o matar!
- Não há outra forma, pelo menos que eu saiba – ressaltou Amelia – Por isso que nós vamos voltar à mansão e tentar encontrar algumas respostas.
Rosie levantou a cabeça e observou-os atentamente.
- Vocês não vão sozinhos, nós vamos convosco – revelou Rosie, com o olhar decidido. Parecia estar a tentar recuperar algum do seu espírito anterior.
Amelia e Richard entreolharam-se, sem saber o que dizer.
- Não estavam à espera que ficássemos aqui a olhar para o ar, certo? – perguntou Rosie, levantando-se, acompanhada por Caleb – Como é óbvio, vamos ajudar-vos a procurar.
- Sim, ficar aqui... à espera de... qualquer coisa – gaguejou Caleb, rodeando a cintura de Rosie com um braço – É horrível. Mais vale fazermos alguma coisa.
Richard assentiu. Estava muito preocupado com os pais. Como deviam estar a processar tudo aquilo? Como é que se processava uma coisa daquelas? Será que as fases do luto se aplicavam? Já tinham passado pela negação e a raiva, então no momento deviam estar a passar pela fase da negociação. No final, como alguém poderia aceitar alguma coisa?
Pouco depois saíram da casa, notando o quão silenciosa estava Southward. Pela primeira vez em muito tempo, NewScot estava fechado. Nem a estátua de John Southward no centro da praça estava desenhada.
Dirigiram-se para a mansão também em silêncio, sentindo que qualquer tema de conversa seria inapropriado para o momento. No caminho, Amelia pensava no que faria com a casa do pai. Ainda não sabia nada do seu testamento, mas sabia que teria de lidar com isso em breve. Só sabia que não viveria ali mais, especialmente depois do que se passara com Mark.
Desencostou a porta da mansão e levou todos para a cave. Ao abrir a porta facilmente, lembrando-se que esta estivera quase sempre fechada e trancada, Amelia engoliu em seco. Deixou Rosie e Caleb entrarem primeiro e quando Richard passou ela, ao perceber a sua reticência, pegou-lhe numa mão. Com um aceno, fê-la perceber que tudo estava bem e acabaram por seguir o casal, descendo as escadas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Barbastella - A Origem [COMPLETO]
VampirVencedora do Wattys 2021 na categoria Mistério e Suspense! Numa vila perdida em plena Escócia, o choro de um bebé corta a noite acompanhado pelo terror de uma nova realidade. Décadas passadas, Mark Henderson descobre ser adotado e decide partir em b...