Vigésimo Oitavo

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Richard foi acordado por uma forte luz branca entrando no quarto. Piscou os olhos, confuso, e quando tentou virar-se na cama, trocando de posição de forma a que a luz não o acertasse diretamente, uma forte dor cabeça atingiu-o. Os acontecimentos da noite anterior surgiram lentamente na sua memória: fora beber ao NewScot com Mark mas depois disso... Tinha a impressão terem estado junto do Gargantula e sentia uma dor no tornozelo, mas não se lembrava do que a causara.

Levantou-se da cama, segurando a cabeça. Mesmo mexendo-se lentamente, continuava a sentir uma dor terrível. Uma ressaca das fortes, provavelmente proveniente do whiskey que bebera. Nunca tivera uma ressaca na vida, como a faria passar?

Caminhou devagar até à porta do quarto e abriu-a de forma a que esta não fizesse barulho. Bella, que vinha a passar no corredor, ao ver Richard naquele estado sorriu de si para si.

- Bom dia! – exclamou alto, fazendo Richard estremecer, colocando as mãos nos ouvidos e encostando-se à ombreira da porta.

- Nossa senhora – queixou-se, fechando os olhos.

Bella parou a meio das escadas, olhando pelo corrimão para Richard, com uma expressão misteriosa.

- Um banho frio e café preto, bem quente – disse simplesmente.

- O quê?

- São a melhor coisa para curar uma ressaca, segundo alguns amigos humanos que tive.

Bella continuou a descer as escadas, não esperando por uma resposta de Richard. Já este decidiu seguir os seus conselhos. Talvez acabassem por funcionar. Quando acabou de tomar banho e se vestiu, desceu para a cozinha para fazer o café. Rosie encontrava-se a fazer isso mesmo, levantando uma sobrancelha quando o viu entrar.

- Feliz aniversário de casamento – desejou Richard, lembrando-se da data ao olhar para a mãe. Aproximou-se dela e abraçou-a.

- Oh, obrigada – agradeceu Rosie, afastando depois Richard e observando-o – Estás bonito – comentou. Richard possuía gigantes olheiras e, apesar do duche, ainda parecia acabado de acordar.

- Já tomei um banho frio, mas não funcionou – explicou Richard, esfregando os olhos – Agora vim beber um café preto.

- Para curar uma ressaca? Não, o melhor para isso é uma gemada.

- É como?

- Sim, é verdade, para mim funcionava sempre.

- Acho que fico pelo café – recusou Richard.

- Como quiseres – disse Rosie, entregando-lhe a cafeteira – E Mark? O carro dele não está na rua.

- Acho que foi a Castle Cove – explicou Richard, puxando pela memoria – Precisava de se "ligar à rede" como ele mesmo disse.

- Nem se despediu – lamentou Rosie, torcendo o nariz – Não deve ter ressacas.

- Já deve estar imune ao whiskey.

Richard começou a beber o seu café lentamente, esperando que a dor de cabeça passasse. Tinha que resolver a sua vida e a melhor forma de o fazer seria falar com Amelia. Não podia passar nem mais um dia sem fazer isso. Viver naquela incógnita estava a arruinar a sua sanidade.

Ainda se lembrava da primeira vez que vira Amelia. Não fazia ideia de que esta era vampira. Estava nas férias de Natal, a voltar do seu último ano do curso de geologia que estava a tirar em Cambridge. No comboio de Edimburgo para Castle Cove, viu entrar uma mulher de cabelos brancos, presos num rabo de cavalo, e olhos verdes como safiras. Era a mulher mais bonita que já vira. Perdeu-a de vista quando esta procurava um lugar onde se sentar, mas voltou a vê-la quando saiu do comboio.

Barbastella - A Origem [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora