Sétimo

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Southward, Escócia – Horas antes

O som de passos apressados na calçada ressoava alto naquela noite escura. O piar dos mochos e os barulhos que pequenos animais normalmente faziam, desaparecera. O silêncio era assustador. Amelia estava quase a chegar ao seu destino quando um grito lancinante cortou a noite.

O seu coração congelou e a mulher de cabelos brancos percorreu o caminho restante a correr. Ao chegar à antiga casa vitoriana abriu a porta de rompante, encontrando um homem de cabelos castanhos e olhos avermelhados, caminhando de trás para a frente, em clara aflição.

- Amelia – cumprimentou-o ele quando a viu – Não aguento mais esta espera.

- Caleb, tem calma – disse Amelia, colocando uma mão no seu ombro – O que é que sabes?

- Não muito. Elisabeth está lá dentro há algum tempo. Nunca mais diz nada! – exclamou Caleb. A preocupação era notável na sua voz.

- Então, Elisabeth não está a fazer o parto? – quis saber Amelia.

- Está! – confirmou Caleb.

- Então como queres que ela diga alguma coisa? – perguntou Amelia, dando uma pequena gargalhada – Queres que eu vá lá?

- Não, não me deixes sozinho que dou em louco!

Caleb sentou-se no sofá, apoiando os cotovelos nos joelhos e a cabeça entre as mãos. Amelia sentou-se a seu lado. Ao ouvir mais um grito, Caleb tremeu.

- Com Bella não foi assim. Ela nasceu tão rapidamente... E se este for um sinal de que... – Caleb gaguejou, não conseguiu completar o pensamento.

Amelia pegou-lhe na mão.

- Não penses nisso, não vale a pena – acalmou-o ela – Olha, pensa... sei lá, lembras-te quando ficamos presos da masmorra dos Ramanov?

Caleb riu-se, agradecido pela distração.

- Vês? Eu disse que um dia ainda íamos rir do sucedido – gargalhou Amelia.

- Pois, mas na altura só queríamos chorar – comentou Caleb.

- E foi o que fizemos! – lembrou Amelia, rindo.

Os dois continuaram a rir-se, lembrando o passado. Amelia ficou feliz por poder alegrar o amigo num momento de tanta aflição. Um outro grito limpou os sorrisos de suas caras.

- Cheguei na hora H não foi? – perguntou Amelia, sorrindo tristemente – Agora estás casado, tens uma filha, outro a caminho... Tens a vida quase feita. Agora até te poderes divertir novamente vão passar uns aninhos. Só tenho pena que não será comigo.

- Também podes vir connosco nas nossas viagens – convidou Caleb – De certeza que os nossos filhos também nos vão acompanhar uma vez ou outra. E poderás trazer o teu namorado.

- Tu conheces-me. Eu não sou mulher para namorar. Quem quereria namorar comigo?

- Todos os dias rapazes fazem vinte anos. Fazendo o meu ponto, está aqui a nascer um deles – brincou Caleb.

- Peço desculpa, mas tu estás louco? – perguntou Amelia, chocada - Só pode!

- Relaxa, estava a brincar.

- Ainda bem! Se tu me viraste a vida dos pés para a cabeça, imagino um filho teu e da Rosie. Ainda por cima da Rosie! Ela é quase... louca psiquiátrica.

Barbastella - A Origem [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora