Blair

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   Desabafar não é assim tão ruim como eu pensava. Estava voltando para casa, refleti o trajeto todo sobre o tanto de sorrisos que dei nos últimos dias, os momentos com Nate, com Serena e com Chuck... Eram pessoas incríveis, não as estrelinhas que deduzi, o mais próximo de amigos que já tive. 

   Adele debochava da minha situação amorosa nos meus fones de ouvido, com a música One and Only. De onde tirei esta playlist? Sinceramente, a vontade era de arrastar o chifre no asfalto até soltar faísca. Eu me coloquei nessa situação, então daria um jeito de sair.

Te desafio me deixar ser sua, primeira e únicaPrometo que sou dignaDe estar nos seus braçosEntão, vamos lá e me dê a chanceDe provar que sou a única que pode percorrer com você o caminhoAté que o fim comece


  Quando terminei de subir as excessivas escadas para meu apartamento, um Chuck muito carrancudo estava sentado no último degrau. Ótimo, o que esse cara está achando ruim agora?

— O que houve com a merda do seu celular? — ele soltou, áspero. Conferi a tela, haviam 20 chamadas perdidas. Algumas de Dan, a maioria de Chuck, junto com vários recados. 

— Boa noite para você também, querido. — Quanta grosseria. — Meu celular está funcionando perfeitamente. — Respondi, passando por ele e indo para dentro de casa. Fui seguida, a porta bateu com força. 

— Você é irresponsável ou o que? Viu quantas vezes liguei? Não quebra a mão responder com uma droga de mensagem.

— Estava tirando as fotos com a Serena, não tive tempo. — Joguei minhas coisas no sofá e tirei os tênis, aproveitei para soltar o cabelo, que permanecia incrível assim como a maquiagem. 

— Até agora? Blair, olha a droga do relógio. — Perto de uma da manhã. 

— O que você quer, afinal? — Estava evitando contato visual. Ele estava em pé perto da porta, as mãos nos bolsos. 

— Você não respondeu minhas mensagens desde cedo, eu vim ver se estava tudo bem, mas encontrei a droga do seu amiguinho aqui. — Acho que meu amiguinho era Dan, já que eu estava fazendo planos com ele. Droga dupla. — Ele estava com a droga de uma pizza e disse que vocês tinham combinado. Que porra é essa? Está achando que sou algum tipo de idiota? 

— Você é um idiota, não estou achando nada. Eu não te devo satisfação do que faço ou deixo de fazer, também não é minha obrigação te informar minha agenda. — Soltei, igualmente áspera.—  O que a gente tem é apenas a porra de um trato, se está insatisfeito, você pode simplesmente dizer que terminamos. Não sabia que existia a cláusula de aguentar estrelismos. — Esse cara realmente não iria estragar uma noite tão boa como a que tive. Bati a porta ao entrar no banheiro, deixando a discussão para trás, precisava de um banho. 

   A água caindo na minha cabeça me relaxou outra vez. Demorei mais que o normal, gastei um bom tempo hidratando o corpo e os cabelos, ao mesmo tempo que conferia os recados no celular. 

— Blair, baby... Você não respondeu minhas mensagens, estou aqui na sua porta, fiz alguma coisa que te desagradou? Abra pra mim, por favor...  — A voz de Chuck estava bem mais calma que há trinta minutos atrás. 

— Que porra de lugar você se meteu? Não sabe que é perigoso ficar andando por aí sozinha? Pelo menos diga se está viva. Estou te esperando há quase três horas, que inferno. — A voz amigável havia ficado para trás. Revirei os olhos enquanto apagava os recados. 

   Minha esperança era que Chuck já tivesse ido embora quando saísse do banho, mas foram expectativas frustradas. Ele estava sentado no sofá, a perna dobrada, o tornozelo apoiado no joelho, com aquele olhar distante. A roupa impecável contrastava com minha blusa que chegava à altura das coxas, e uma calcinha, senti o rosto corar quando os olhos dele me fitaram da cabeça aos pés. Não usava as roupas de dormir extremamente sexy que ele havia comprado, não havia necessidade.

— O que você está fazendo aqui?— Me esforcei para parecer que ainda estava com raiva, mas minha voz não saiu com tanta firmeza.

— Eu fiquei te esperando por um tempão, não vou embora sem resolver as coisas. — Se levantou e andou até mim, os passos decididos fizeram minha postura amolecer. O que esse cara consegue fazer comigo é muito novo pra mim. — Eu quero me desculpar pela forma que te tratei, estava certa a respeito de tudo que falou, exceto uma coisa... Não quis saber seu paradeiro só por causa do nosso trato, mas sim porque me preocupo com você. — Aquilo fez as famosas borboletas no estômago ficarem enlouquecidas. — É sério que depois de todo o tempo que passamos juntos você não se importa comigo? Sou tão ruim assim com as mulheres? — Acabei sorrindo, ele sorriu de volta. Que inferno de homem bonito.

— Eu, hum... — Não encontrava as palavras certas, parecia que meu cérebro havia entrado em parafuso, as palavras presas na garganta.

— Deixe-me terminar. — Pediu, para minha sorte. — Eu não fiquei tão irritado por ter esperado tanto tempo, nem por você ter sumido, mesmo que isso tenha sido um erro seu. Minha irritação deu as caras quando aquele cara do seu trabalho chegou com uma droga de pizza e um sorriso idiota, sei que não tenho esse direito. Você é uma mulher livre... — Colocou as mãos nos bolsos enquanto tentava organizar as palavras. — Ciúme não deveria estar incluso no trato, mas lembra quando disse que somos seres humanos passíveis ao erro? Blair, minha passibilidade a errar é cinco vezes maior, mas peço um pouco de paciência. 

  As palavras me deixaram mais mole que manteiga. É oficial, Chuck Bass tinha conseguido meu coração.

— Me desculpe por não ter dado sinal de vida, só agora eu entendo a importância disso... Sempre fui sozinha Chuck, eu podia sumir por duas noites seguidas, minha mãe simplesmente não dava falta, principalmente depois que meu pai foi embora de casa. Não cresci com esse hábito de dar satisfações, sempre fui sozinha. — Falar da minha família era um limite rígido para mim, mas me senti confortável para desabafar. Seu olhar compreensivo ajudou. — Vou responder todas as suas mensagens a partir de hoje, menos as que incluem o "minha doce namorada". — Fiz aspas com os dedos, ele deu outro sorriso e esqueci completamente o que queria falar. 

— Tudo bem, Blair. Perdoados. — Me pegou de surpresa quando me deu um abraço, meus braços o envolveram. Ficamos assim por uns minutos, foi tão reconfortante. — Está cheirando muito bem. A sua competição com o agronegócio, de quem gasta mais água, valeu a pena. — Dei uma risadinha, ainda dentro do abraço. — E sua maquiagem ficou muito agradável, estou ansioso por ver as fotos. 

— Só agradável? — Levantei a cabeça, estreitando os olhos.

— Ok, ficou muito boa, mas nada comparado com este rosto lavado e cabelo molhado. — Deslizou o dedo pela minha bochecha, tentei não parecer tão vidrada nele. — Você é linda pra caralho, chega a ser uma injustiça com as outras mulheres. — Ele sussurou. 

  Não consegui segurar, subi os braços até ter as mãos na nuca de Chuck e não perdi tempo, encostei minha boca na dele. Aquilo foi inesperado, mas ele não pareceu querer se afastar. Minha língua deslizou por seu lábio inferior, que puxei com a boca em seguida, suspiramos. Nosso beijo começou bem devagar, ambos parecíamos explorar o novo território, mas se intensificou bem rápido. As mãos de Chuck deslizavam pela lateral do meu corpo, apertando puxando, buscando mais contato. 

  Não sei quando os beijos se tornaram impacientes, mas estávamos ofegantes, deitados no sofá. Minha perna estava dobrada enquanto as mãos de Chuck passeavam da minha coxa até o meu quadril, a blusa que eu vestia estava na metade da barriga. A sensação dos seus beijos somados às carícias era indescritível, nada na vida chegou perto. 

— Blair.. — ele sussurrou, dando uma pequena distância entre nossos lábios. — Não quero cruzar algum limite, pode ser irreversível. — Os olhos dele estavam presos na minha boca, marcada com tantos beijos. 

— Os limites já foram embora há uns minutos, não sei se percebeu. — Sorri, o apertando entre as minhas pernas. Foi suficiente para fazer Chuck soltar um suspiro e voltar a me agarrar. 

A PropostaWhere stories live. Discover now