A semana passou o mais arrastada possível desde o aniversário de Chuck. Por algum motivo, todas as minhas mensagens de texto não eram respondidas, todas as informações sobre o meu mais recente ex-namorado que eu recebia, eram de terceiros. Ele estava em Los Angeles, segundo A garota do Blog. Algumas fotos fizeram meu coração acelerar, Chuck usando óculos escuros, sorrindo com alguns fãs, a aparência sempre impecável e alinhada. Diferente de mim, que passei várias noites comendo sorvete e chorando. A consequência disso, eram olheiras que nem a maquiagem era capaz de cobrir, e talvez o cabelo desgrenhado. Admito que venho negligenciando minha alimentação, o que me fez sentir algumas peças de roupa mais largas que o normal.
Eu simplesmente estou passando pelo pior coração partido. Sério, a competição com dramas adolescentes está acirrada.
— Blair, você não pode ficar assim. — Serena entoava seu sermão pela vigésima vez. Eu estava limpando o restaurante do hotel, ela desviava da vassoura, sem se deixar abalar pelo meu mau humor. — Eu estive chateada e com o coração partido, mas você está passando dos limites.
— Serena, eu estou bem. — Menti. — Me deixe lidar com essa situação sozinha, não quero conselhos agora. — Não precisava de conselhos porque eram palavras que não conseguia seguir.
— Sabe que eu quero o seu bem, você é minha amiga. Por favor Blair, me deixe fazer algo por você. — Seu tom suplicante estava me deixando levemente irritada, mas precisava levar em consideração o fato dela ter se preocupado comigo de uma forma muito protetora.
— Tudo bem. — Suspirei, impaciente. — O que você pode fazer?
— Eu não insistiria nessa tecla, mas realmente acho que Chuck sente algo por você. — Senti o peito apertar com cada palavra. — Eu o conheço há anos, ele nunca agiu daquela maneira. Tenho tentado conversar com ele sobre isso, mas sou constantemente ignorada, ele é um medroso.
— Onde você quer chegar? — Terminei de varrer, parti para a tarefa de passar pano. Nem focar minha atenção no trabalho era o suficiente para me fazer parar de pensar em Chuck, e na forma que as coisas chegaram ao fim.
— Vocês precisam conversar sobre o que sentem. E pelo andar da carruagem, não será Chuck o responsável por tomar a iniciativa. Blair, você estaria disposta a tentar conversar com ele?
Aquela pergunta martelou na minha mente. Eu estava? Não podia continuar como um zumbi chorão pelos cantos, e algo me dizia que não seria uma tarefa simples seguir em frente.
— Não sei, talvez ele não queira... — OK, eu mesma disse "talvez". — Você está certa, quero tentar conversar com ele, mas será minha última tentativa. Se não funcionar, me deixe lidar com o coração partido da forma que eu bem entender.
— Fechado. — Serena finalmente se deu por satisfeita, tinha um sorriso de canto a canto.
Consegui enrolar a promessa feita por apenas uma semana, bem fatídica por sinal. Serena resolveu intensificar suas ligações, além das visitas ao meu trabalho e apartamento. Mesmo quando precisava sair da cidade a trabalho, o telefone não dava um minuto de sossego. A maioria das ligações eram para saber sobre meu estado, mas nunca deixava de me pressionar a respeito de ir atrás de Chuck. Bem, aqui estava eu, num táxi em Los Angeles.
O medo e a insegurança me abraçaram assim que desci do táxi, segurando uma pequena mala de mão. Infelizmente, não esperava por uma multidão de gente enlouquecida na porta do local em que estavam ocorrendo as gravações. Nate me jurou que era confidencial, pelo visto, vazaram a informação. Sim, Nate estava junto nessa, concordava com Serena em tudo que dizia respeito ao amigo e eu. Para meu azar, não consegui convencer um segurança brutamontes a me deixar entrar no estúdio de gravação.
Tendo as mensagens de texto ignoradas por Serena e Nate sobre o imprevisto, me restou aguardar sentada num banco próximo. Conforme as horas foram passando e o dia indo embora, a multidão de fãs foi perdendo as esperanças. Logo, eu estava sozinha, tentando mais uma vez entrar no estúdio. Para minha sorte, o segurança era outro, que me reconheceu dos sites de fofoca e resolveu me deixar entrar. O local exalava agitação, muitas pessoas uniformizadas de preto corriam de um lado para o outro, mas tinham a expressão de determinação no rosto. Não consegui chegar ao local que estavam acontecendo as cenas sem ser abordada por outro segurança, que me prometeu solicitar a presença de Chuck.
Depois de provavelmente mais uma horinha sentada numa cadeira, felizmente mais confortável, avistei um vislumbre de Chuck. Conforme ele se aproximava, notei que a expressão em seu rosto dançava entre surpresa e confusa. Não deixei de notar também como seus cabelos ficavam bem despenteados, e a camisa branca levemente amassada complementava uma aparência despojada e sensual. Meu coração estava batendo tão forte, que fiquei com medo de que outras pessoas conseguissem escutar.
— Blair? — Chuck questionou assim que se aproximou melhor. Quando me levantei, percebi que minhas pernas estavam trêmulas. Esperava uma recepção mais calorosa, a decepção provavelmente transpareceu no meu rosto, já que ele tentou completar. — Estou feliz por te ver aqui.
Coloquei a mão nos bolsos da minha calça de alfaiataria, presente de Serena. Esqueci de mencionar meu visual, todo elaborado por minha amiga, estava fantasiada de mulher da alta sociedade.
— Oi. — Minha voz falhou, e esqueci todas as palavras que ensaiei durante o voo. — Eu também estou feliz por te ver. — E era verdade, mesmo que ele não tivesse me abraçado ou tentado qualquer contato físico. — Eu acho que a gente precisa conversar.
— Tudo bem, nós podemos conversar. Acontece que, hm... estou no meio das gravações, você se importaria de esperar? — Ele me imitou, e guardou as mãos nos bolsos.
— Eu acho que me importo, Chuck. Estou esperando desde que cheguei, eram duas da tarde. — Chuck conferiu o relógio ao me ouvir, juntando as sobrancelhas.
— Pode me explicar por qual motivo não veio falar comigo antes? — Agora a postura apática estava indo embora, deixando espaço para um Chuck bem irritado. Finalmente se deu conta da minha pequena mala. — Blair, o que aconteceu? Espere. Estou trabalhando desde que acordei, vou pedir uma pausa. — E saiu na direção que chegou, sem me dar oportunidade de responder.
Meus poucos minutos de solidão naquela sala de espera me deram a coragem que estava faltando.
— Pronto, eu consegui um tempo. Quer sair para comer alguma coisa? — Chuck voltou, fechando a porta atrás de si.
— Não, eu preciso falar logo, já estou com isso na cabeça desde cedo. — Minhas mãos estavam trêmulas e molhadas, então resolvi mantê-las nos bolsos. — Eu estar ignorando o fato de você não responder às minhas mensagens, e mesmo assim vir conversar, quer dizer alguma coisa. — Ele tem a decência de parecer constrangido com meu comentário. — Não imaginei que aceitar aquela proposta me proporcionaria a série de momentos que compartilhamos, nem que tantos sentimentos despertariam. Mas desde que você conseguiu o que combinamos e foi embora, eu vivo uma interminável noite, sua ausência têm feito coisas ruins demais com meu coração. — Nenhum de nós quebrou o contato visual, o que me encorajou mais. — Tenho pensado muito sobre como tudo aconteceu, e acredito que permiti que minha personalidade encobrisse o que eu deveria ter contado há muito tempo, então precisei vir até aqui. Era isso, ou conviver com a dúvida. Portanto, resolvi vir pessoalmente desnudar meus sentimentos. — Não consegui conter algumas lágrimas teimosas. — Consegui devolver o dinheiro que você depositou na minha conta, aquela infinidade de roupas serão entregues em algum endereço seu também. — Ele não pareceu contente com minha declaração, o que me fez dar um leve sorriso. — Eu não preciso de nada daquilo Chuck, você não entendeu? Deixou de ser um segundo trabalho pra mim quando você passou a roubar meu ar, quando fez meu coração acelerar e meu estômago dar piruetas. Atravessaram caminhos diferentes desde você tomou todos os meus pensamentos. Se ainda não entendeu, estou tentando dizer que eu amo você. — A intensidade que soltei aquelas três palavras me assustou, os olhos de Chuck estavam brilhantes. — Sei que não quer um relacionamento, não estou cobrando nada disso, podemos levar as coisas do seu jeito. Só me dê mais uma chance. — Suspirei, tentando organizar meus pensamentos, estava falando rápido demais. — Se me disser que não corresponde a nada do que acabei de dizer, vou seguir em frente, mas se sente algo por mim, este é o momento de dizer.
Era isso, pegar ou largar. Estava apostando minhas últimas fichas.
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A Proposta
FanfictionChuck Bass é um talentoso ator mundialmente prestigiado, mas sua conduta pessoal está interferindo na vida profissional. Ele precisa urgentemente mudar a opinião pública a seu respeito e fingir que é um homem mudado através da paixão. Blair Waldorf...