Blair

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    A energia que Nate tinha no palco era contagiante! Precisava admitir que meu amigo nasceu para ser uma estrela, tinha a sensação de que todos os seus movimentos eram bem calculados, e conseguiam alcançar euforia da impressionante plateia que o prestigiava naquela noite. Ele iniciou o show cumprimentando todos ali presentes com um sorriso gigante no rosto, parecia um adolescente empolgado. 

"É sempre uma honra cantar para vocês, estou muito grato pela oportunidade." Aquela frase foi suficiente para quase explodir meus tímpanos, a gritaria era outra parte empolgante da noite. Nate não perdeu tempo, fez algum sinal com a cabeça, indicando que a banda poderia começar seu trabalho. Alguns de seus sucessos dançantes abriram a noite, Serena estava gritando como uma colegial ao meu lado, pude ver em seus olhos o quanto ainda existia sentimento na história dos dois. 

— Blair, eu acho que terei um troço se ele não parar de mexer o quadril daquele jeito. — Minha amiga gritou no meu ouvido, Nate estava levando a população feminina daquele lugar à loucura com um movimento que insinuava o ato sexual. Poderia achar aquilo ridículo, mas essa classificação não se encaixava no que aquele cantor fazia. Ainda mais porque arrancou a camisa preta que vestia para secar o rosto do suor. 

— Se controle, S. Pelo beijo que vocês deram mais cedo, tenho certeza que terá o seu show particular quando a noite terminar. — Ela riu da minha resposta, terminando de virar sua bebida. Estava radiante. 

—  Estou ansiosa por isso. 

   Os próximos momentos deram uma desacelerada do ritmo inicial, Nate deu uma pausa para tomar um pouco água. Enquanto isso, a iluminação do palco mudou, escurecendo bastante e deixando uma claridade redonda em cima de um banco alto e solitário. A escuridão contratou com vários celulares e lanternas coloridas acesas que se estendiam por toda arena, o clima mudou para algo mais aconchegante em minutos. Nate retornou ao palco e se ajeitou em cima do banco, ele vestia outra camisa - dessa vez, branca. Alguém entregou em suas mãos um violão, que descansou em uma de suas pernas enquanto meu amigo alisava as cordas, parecia extremamente a vontade, mesmo com uma multidão de pessoas aguardando com tanta expectativa. Os primeiros acordes já me levaram para uma das minhas músicas favoritas, era Pillowtalk. 

  Serena tinha com os braços enlaçados em volta da minha cintura, estávamos encantadas com aquela versão acústica da canção. Contudo, lembranças de Chuck não paravam de invadir minha cabeça, e me permiti ser invadida pela tristeza. Me desvencilhei do abraço de minha amiga com a desculpa de que precisava ir ao banheiro, ignorei os protestos insistentes que ela dava às minhas costas, não estava entendendo o crime em precisar de um momento. Estava no meio do caminho quando a gritaria retornou, deduzi que provavelmente Nate arrancou a camisa outra vez e continuei meu trajeto. 

— Blair. — Todos os meus pelos se arrepiaram ao escutar aquela voz grave, era Chuck! Meu coração bateu descompassado ao perceber que a voz não veio do meu lado, já que não tinha ninguém perto de mim, aquele som veio amplificado das inúmeras caixas de som. Me virei rapidamente, Serena me chamava com as mãos, ela tinha um sorriso imenso estampado no rosto, não parecia nada surpresa. Eu deveria ter desconfiado que estava aprontando alguma. 

Quando retornei ao meu lugar, vi que Chuck e Nate eram os únicos alvos da iluminação do palco, e o telão registrava algumas fotos minhas, que eu nem tinha conhecimento da existência. A pessoa responsável pelas caixinhas de luz me identificou, me tornando alvo de outro foco de claridade, pude sentir o rosto queimar conforme a plateia gritava novamente. 

— Boa noite, NY. Me perdoem tomar alguns minutos da noite de vocês, mas existe algo que preciso resolver com urgência. — Pela primeira vez, Chuck parecia nervoso. Ele remexia a mão que não segurava o microfone, até que achou melhor enfiá-la no bolso de sua calça escura. Sua aparência estava menos formal, usava uma camisa preta muito parecida com a que seu amigo vestiu momentos atrás, além de sua barba que estava por fazer, não consegui pensar num homem mais de tirar o fôlego. Eu realmente precisava respirar. — Conhecem essa mulher das fotos que estão passando nessa tela? —  Ele apontou para o lugar que exibia as fotos, e teve inúmeros "SIM" como resposta. — Essa mulher poderia facilmente ter o rosto estampado em todos os veículos de comunicação só por ser linda, estonteante. Estou dizendo isso, porque foi meu primeiro pensamento quando a conheci. Ah é, caso alguém não saiba, a mulher em questão se chama Blair. — Ouvi algumas risadas, e me peguei sorrindo, mesmo tento o estômago todo revirado pelo nervosismo. — Blair me ensinou tanto durante o período em que estivemos juntos, que pareceu ser uma vida. Ela tem um rosto de garota inocente, mas luta com muita bravura pelas pessoas que ama, e tive o privilégio de ser atingido por esse amor. Infelizmente, não soube dar valor. Estou aqui para dizer que fui um imbecil completo por ter te deixado partir, um covarde por não me permitir amar, e um estúpido por ter acreditado que tudo que eu queria era um papel num filme. Não existe sucesso se você não estiver ao meu lado, Blair. — Ele tinha os olhos mirados diretamente em mim, eu já tinha incontáveis lágrimas rolando pelo rosto.

— Ele largou o filme, B. — Serena estava ao meu lado, apertando minha mão. O sorriso ainda não havia abandonado o rosto. 

— Mas de todos os meus defeitos, preciso falar sobre o meu egoísmo. — Chuck voltou  falar, parecia mais confiante. — Depois de tudo o que aconteceu, seria mais correto te deixar encontrar alguém que saiba amar da forma que você merece, que saiba dizer as coisas certas para arrancar seus espetaculares sorrisos. Mas sou um bastardo egoísta demais, e meu sangue ferve só de imaginar outro sortudo compartilhando esses momentos contigo. Blair, pode vir até aqui, por favor? — Não tive muito o que raciocinar, já que Serena praticamente me empurrou. Dei passos desajeitados, minhas pernas pareciam gelatina. Quando cheguei ao palco, Nate deu uma piscadela e se afastou, me deixando ser o centro das atenções ao lado do Bass. — Estou aqui pedindo uma chance, uma única chance. Não vou prometer ser perfeito, porque sei que vou errar, mas prometo te amar com tudo que tenho. Sem você, sou miserável. Toda felicidade que acreditei conhecer, virou monotonia desde o dia que sorriu para mim. Me perdoa, Blair? — Ele tinha olhos suplicantes, e provavelmente meu rosto estava uma bagunça com tantas lágrimas, mas não me importei. Meu coração já havia perdoado Chuck, eu podia sentir que o sorriso estava voltando para o meu rosto. 

Sem conseguir aguentar mais seus olhos inseguros, acenei que sim com a cabeça. A expressão de alívio que tomou as feições de Chuck, me fez pular em seus braços, ele me segurou avidamente e a gritaria retornou. Ficamos abraçados, compartilhando nosso calor, por alguns minutos, eu ainda chorava bastante quando Nate retornou com Pillowtalk outra vez. Pude sentir Chuck relutante ao me soltar, sua camisa estava levemente amassada depois da minha reação, aquilo me fez sorrir. 

Meu sorriso foi substituído por meu olhos arregalados, quando meu amor se ajoelhou e tirou do bolso uma caixinha. Levei a mão à boca ao ver o delicado diamante solitário na aliança, não era nada extravagante, era exatamente da forma que combinava comigo. A gritaria não estava ajudando muito a conseguir ficar calma, mas eu não sabia mais se os gritos vinham da minha cabeça ou da plateia, me sentia em êxtase. 

— Parece que a sorte está ao meu lado hoje, então pretendo abusar mais um pouquinho. Tenho uma proposta para você. — Chuck falou, o sorriso malicioso mostrando aqueles dentes perfeitos. Esse papo de proposta não era novo entre a gente. — Me dê a chance de cuidar e ser cuidado por você pelo resto da vida, eu tenho incontáveis planos para nós dois, por favor. Casa comigo, Blair Waldorf? — Fiquei paralisada com aquelas palavras, a cor provavelmente abandonou o meu rosto. Chuck estava preocupado, parecia pronto para levantar e me ajudar, quando lancei meu corpo sobre o dele. 

— Sim, droga. Mil vezes sim! — Já estávamos caídos no chão enquanto eu respondia, peguei meu futuro marido desprevenido quando me joguei dessa vez. O microfone captou minha voz, o que me fez rir. — Eu te amo, Chuck Bass. Muito. — Chuck não parecia ter planos de levantar do chão, já que eu estava caída em cima dele, como se estivéssemos só nós dois naquele lugar.

— Eu amo você. — Ele respondeu. Sua expressão suave passou para preocupada, e ele se recuperou do tombo, me levantando junto. — Merda, não quero nenhum engraçadinho olhando a bunda da minha esposa. — Dei uma risada, lembrando que estava com um vestido bem curto, mas não consegui me preocupar.

A PropostaWhere stories live. Discover now