Ser classificado como o maior idiota do mundo era pouco perto do que eu merecia. Depois do dia que permiti que a Blair fosse embora da minha vida, passei a questionar cada atitude que tomei. Estava tão convicto que o filme que estava gravando seria o trabalho da minha vida, mas nunca me senti tão desmotivado. Provavelmente o diretor e o restante da equipe perceberam que eu não estava no meu melhor momento, e após algumas reuniões, decidiram que era melhor dar uma pausa. O veredito que recebi foi de resolver meus problemas pessoais, ou então, não deixá-los atrapalhar minha vida profissional.
Como o egoísta que sou, aproveitei a pequena pausa para ir a Nova York e conseguir ver a Blair. Ver, não tinha coragem o suficiente para conversar, mas nem acredito que seja o certo a se fazer, depois de tudo que aconteceu. Não me hospedei no Empire Hotel, tampouco anunciei minha chegada.
Ela estava na sua tarefa habitual, servindo café durante o período da manhã. Me esgueirei perto de uma escultura que servia como parte da decoração, mas estava ciente que não teria tanto tempo antes que fosse reconhecido por algum hóspede. Meu peito apertou quando notei o sorriso que Blair direcionava a algum cara com um boné na cabeça, os dois conversavam animadamente. Não tinha o direito de me sentir incomodado, mas erá inevitável. As fotos de Blair que eu encarava no meu celular nesse tempo miserável, não eram nada perto dela pessoalmente. A mulher era um espetáculo quando sorria, mesmo que não fosse para mim, era suficiente para me fazer esquecer que precisava ir embora.
Atravessei o salão, quando me dei conta do que estava fazendo, era tarde demais. Blair me viu, e o sorriso que ela tinha sumiu aos poucos, até que ela tivesse no rosto apenas um olhar desconfiado. Não deixei transparecer meu nervosismo quando sentei numa das cadeiras desocupadas, mas assim que vi quem era o cara que arrancava vários sorrisos da minha garota, meu descontentamento foi impossível disfarçar.
— Não sabia que estava em NY, Bass. — A voz irritante do Carter Baizen soou, assim que me sentei. Esse imbecil tinha a fama de colecionar mulheres e tratá-las feito lixo. Não era a primeira vez que Blair estava com ele, e os dois pareciam a vontade interagindo antes de notarem minha presença.
Eu não era o bom samaritano, pelo menos não antes de Blair. Já participei de algumas festas em que Carter era o anfitrião, e éramos algo próximo de amigos. Contudo, a nossa amizade não durou tanto, desde que não aceitei participar de uma "brincadeira" que ele queria fazer com uma mulher que estava extremamente bêbada. Não só neguei participar, como levei a garota pra casa e talvez tenha acertado o maxilar dele com um soco ou dois. Após esses episódios, não nos vimos mais. Estupro não era aceitável em nenhuma circunstância, ainda me sentia culpado por não tê-lo denunciado. Não permitiria que esse cara continuasse perto da Blair, independente de ter ou não o direito de exigir qualquer coisa.
— Por que meu paradeiro seria da sua conta? — Respondi, me esforçando para não sair do sério. Blair ainda me olhava com a expressão confusa. — Blair, posso conversar com você um minuto?
— Calma Bass, não precisa ficar irritadinho. — Carter continuou latindo ao meu lado. — Até mais tarde, B. — E saiu ao terminar de se despedir.
— Você não vai sair com esse cara, né? — Questionei, ainda sem tirar os olhos de Blair. — Não é seguro.
— Acho que é um pouco tarde para se mostrar possessivo. — Ela não fez mais esforço para me olhar, parecia mais interessada na tarefa de limpar a bancada. — Aceita um café?
— Blair, vim aqui para saber como você está. Demos uma pausa nas gravações.
— Como pode ver, estou bem. Mais alguma coisa? Estou no meu horário de trabalho, agradeceria se parasse de tomar meu tempo. — As palavras dela estavam me magoando mais que imaginei ser possível, mas me mantive firme.
— Eu sinto a sua falta, Blair. — Dizer isso era arriscado, mas precisava tentar. — Sinto a sua falta todos os dias, desde fui embora.
— Você não pode simplesmente chegar aqui e falar o que quiser. Não vou cair outra vez no seu joguinho. Está precisando de mim para mais alguma encenação? O ator aqui é você, seu babaca mentiroso. Eu não vivo a porra de um teatro. — Ela soltou cada palavra com a voz incrivelmente controlada, sem deixar transparecer para as outras pessoas sua irritação.
— Conversa comigo, Blair. Só peço alguns minutos para me desculpar. — Eu ainda não tinha tanta certeza do que queria, mas ficar longe dela não estava entre as opções.
— Acha mesmo que é justo fazer isso? Não sou seu brinquedo, tenho sentimentos. Você já me magoou o suficiente. — Sem me dar a chance de réplica, Blair se afastou até uma porta de funcionários e sumiu de vista. Ela tinha os olhos marejados e a postura derrotada, e eu novamente me senti o pior cara do mundo. O amigo pé no saco da Blair saiu daquela porta minutos depois e tomou o lugar dela.
— Agora entendi o motivo dela estar daquele jeito. — Ele não se importou em disfarçar sua indignação. — Você é mesmo uma estrelinha que não aceita perder.
— Não se mete no que não entende. — Estava me preparando para ir embora, mas não aceitaria provocações daquele rejeitado.
— Eu posso não entender tudo o que aconteceu, mas entendo o que vi. E eu vi a Blair vindo trabalhar destruída por duas semanas, então guarde sua arrogância e pare de pensar no próprio umbigo. — Foram as últimas palavras de Dan antes que eu saísse do Empire Hotel.
Procurei por Nate entre meus contatos e liguei assim que encontrei, ele atendeu depois do terceiro toque.
— E aí irmão, como estão as coisas? — Ele atendeu, parecia de bom humor, como sempre. Finalmente alguém que não queria me matar essa manhã.
— Não muito bem, estou em Nova York. Precisamos conversar.
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A Proposta
FanfictionChuck Bass é um talentoso ator mundialmente prestigiado, mas sua conduta pessoal está interferindo na vida profissional. Ele precisa urgentemente mudar a opinião pública a seu respeito e fingir que é um homem mudado através da paixão. Blair Waldorf...