[P.I.L.O.T.O]

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Qual será que é o som desse prato quebrando em cheio na cabeça dele?— exprimi com raiva as palavras ácidas que subiam pela minha garganta.

— Boa pergunta, mas não acho que eu possa te ajudar a descobrir isso — deu um gole em seu Arábico com creme, esfumaçante e doce.

— Não seja por isso, espera só até esse filho da mãe aparecer.

— Olha como seu amigo eu até poderia te incentivar a cometer um crime desses — sorriu com o bigodinho de creme que exibia — mas também como seu amigo, não posso deixar.

— E eu posso saber porque o senhor me nega a dádiva Mr. Lindo? — proferi sorrindo enquanto colocava o ultimo prato na estante.

— Ah, você sabe: crime.

— Crime é ele me deixar sem chave nessa droga — falei dando ênfase — e eu ter que ficar preso aqui após a droga do meu expediente.

— Bem vindo a vida adulta meu bem.

— Meu querido, pelo que eu sei, eu estou aprendendo sobre a vida adulta, desde meus... deixa eu ver — contei os dedos fazendo meu único cliente e amigo presente sorrir — SETE ANOS DE IDADE.

— Fala sério seu resmungão — completou divertido Kim Taehyung com suas madeixas escuras que repousavam sobre suas sobrancelhas tão bem desenhadas e seu sorriso geométrico.

— Feito pelos deuses não é caralho? — confessei me sentindo injustiçado.

— É o que?

— Você. Bonito pra caralho, que saco.

Vi sua confusão se transformar em um sorriso de felicidade que ilumina todo o ambiente. É sério, que injusto, esse sorrisinho maroto aí instala fácil a paz mundial.

Enquanto a minha cara de guaxinim estraçalhado pode muito bem acabar com ela. Imagina, todos os países em guerra, por causa de quem? Por causa de mim.

— Voltando pro meu surto — continuei.

— Sim, desabafa querida — checou o relógio no visor do celular.

— Tá atrasado? — vi seu rosto se voltar pra mim em negação.

— Não, eu vou ir direto, pode gastar a sua cota de cem mil palavras comigo.

— Háháhá, eu não falo tanto assim — pequei na mentira proferida — aposto que o escroto do meu patrão está lá, naquela pocilga que você trabalha.

— Ououou vamos devagar querido, meu local de trabalho não é pocilga. Só alguns clientes que são um porre. Tem até aquecedor, então me respeita.

— Tem razão pocilga é esse lugar aqui.

O lugar até que não é ruim, eu faço um café daqueles, e o meu bolinho de canela, olha, coloca as vovós no chinelo.

O único problema é que de quinta a sábado, meu patrão resolve sentar a bunda dele em qualquer lugar que tenha álcool e me deixa preso aqui, esperando ele voltar. E eu sinceramente não aguento muito mais tempo.

Ri vendo o garoto todo atrapalhado tentando se limpar da bagunça que fez com o que comia. Eu sei que não é um lugar ruim, mas acabou se tornando o meu grande pesadelo, então elogiar é que eu não vou.

— Não precisa ficar amigo, eu vou fechar a droga do caixa e ver se consigo falar com o babaca do meu patrão irresponsável.

— Mas é perigoso ficar aqui sozinho a noite.

CABARETOnde histórias criam vida. Descubra agora