[28] LAGUNA

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- O que foi? - Kwon sorriu. - O gato comeu a sua língua?

Cerrei os olhos em sua direção. Não era possível que ele não houvesse me reconhecido.

Ou até poderia ser. Talvez alguém tivesse acatado as minhas preces. Ou talvez fosse a luz âmbar que tornava o ambiente consideravelmente escuro. Talvez fossem as máscaras.

Eu não estava certo sobre nada.

- Vamos lá. Não vai me responder? - Jeon deu um passo a frente e eu continuei a o encarar.

Lily tocou a parte baixa das minhas costa e eu olhei seu rosto.

Soltei uma respiração àspera e me prontifiquei a responder o mais óbvio.

Não interessava a ele.

Era simples e concreto.

- Ele é novo aqui. - Para a minha surpresa, quem passou em minha frente na hora de responder foi Seokjin, que se prontificou a arriscar a sua própria pele por minha causa. - Não tem nome ainda.

Kwon desviou seu olhar felino ao chão e depois voltou a minha direção.

- Você dança profissionalmente? - O mais velho questionou mais uma vez, porém antes de que eu pudesse imaginar Jin interviu mais uma vez.

- Ele não dança. É só um principiante, não está pronto para se apresentar... os shows exigem muito dos bailarinos.

- Então qual é o problema? - Ele suspirou longa e profundamente. Tanto que pude sentir o ruído de seu desagrado, mesmo àquela distância. - O seu dançarino é mudo ou o quê? - O mafioso disse sem olhar para trás na direção de Seokjin. - Creio eu que ele possa responder por si mesmo. Ou eles só falam com a sua permissão Sr. Kim? - Disse o final com ironia o suficiente para eu ter certeza de que se não fosse quem era, ele seria um homem morto.

- É exatamente isso. - A resposta de Seokjin foi curta e grossa.

Touché.

- Se isso fosse para ser um número público ele estaria lá em cima junto de todas as outras dançarinas. Ou você não concorda com a minha forma de tocar os meus negócios dentro da minha boate, Sr. Jeon?

Seokjin disparou com uma voz grave o bastante para puxar um arrepio profundo do pé da minha coluna até o meu último fio de cabelo.

O tom de arrogância usado pelo mais alto parecia trazer a tona algo mais do que "apenas a minha identidade". Por um instante o som da voz de Lalissa dizendo todas aquelas palavras em meus ouvidos fez um estalo cair sobre a minha mente.

Kwon se virava lentamente na direção de Seokjin, que por sua vez, parecia mais imponente do que o mandachuva das empresas Jeon's Red Corporation. Meu patrão tinha os braços cruzados ressaltando os músculos de seus braços presos do lado de dentro do terno, em conjunto com os ombros largos e os olhos frigidos.

- Ora, Kim. - Kwon sorriu. - Não seja assim. Não precisamos dessa aspereza. -Seu tom era de desdém, e não escondia o desgosto.

Ele pigarreou.

- Sendo assim se contenha Jeon. Dos meus funcionários cuido eu. - A pronuncia forçada deixava evidente o seu aborrecimento. - Infelizmente algumas coisas estão fora do seu controle. Ainda que não se conforme com tal.

Jin findou o assunto, ajeitando os punhos do paletó, com um sorriso tão tenebroso que eu entendia agora a moral de sua seriedade. Kim Seokjin sabia ser assustador.

CABARETOnde histórias criam vida. Descubra agora