CABARET

[10] MARTINI

Mommy , i'm going to have problems.

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Foram questão de segundos para que o carro escuro se afastasse liberando uma trovoada pelo cano de descarga, e lá se foi, Jeon Jungkook, com uma carranca na cara de puro contragosto.

Olhei para baixo e reparei que dentro da bota que calçava eu estava com os dedos escolhidos, sem falar que as palmas das minhas mãos soavam. Eu estava nervoso. Juntei toda a coragem que tinha dentro de mim, respirei fundo algumas vezes e sem saber de onde veio a força que movimentou as minhas pernas, adentrei ao estabelecimento.

No instante que o meu corpo atravessou o portal de entrada da cafeteria eu senti um enjoo e um embrulho no estômago com o cheiro latente de café moído que recendia ali, sem falar no som do sininho que para alguns seria leve, mas para mim foi como um estrondo instantâneo, para fazer com que eu estivesse ali estático, revivendo cada segundo da última noite em que eu estive aqui.

- Jimin! - Irene gritou, puxando-me contrário aos meus pensamentos. Com um sorriso do outro lado do balcão, vindo direto em minha direção, passando por trás da madeira com os braços abertos.

- Inere! - Abri de imediato os braços para retribuir o abraço apertado que ela me dava. - Que saudade.

- Garoto! Onde foi que o senhor se meteu? Eu pensei que estivesse morto por aí, caído na valeta com a boca cheia de baratas. - Ela riu alto, colocando as mãos na frente do rosto, enquanto eu me perdia em risos ali também.

É tão diferente, pensar que a algumas semanas eu estava aqui junto dela, e do nada, tudo virou de cabeça para baixo de uma forma que nem nos meus maiores sonhos, poderia premeditar.

- É-é uma história tão longa... - Ergueu as sobrancelhas e me lançou outro sorriso.

- Pode me contar garoto, eu estou com tempo. - Ela me puxou pelas mãos, me lavando até o balcão. - E então? Tirou férias?

- Na verdade não é bem por aí... - Eu disse coçando a parte de trás da cabeça, como se isso explicasse todos os segredos do universo. Ela ergueu uma das sobrancelhas e moveu a cabeça para o lado.

- Ah tá bom, pode ir contando tudo, e me diz porque não me avisou, porque eu fiquei com todo o serviço e agora que você finalmente voltou eu-

- Irene! - Interrompi-a. - Amiga... olha, eu não sei bem como te explicar, mas-

- Mas o que garoto desembucha!

- Eu estou saindo... - Seu sorriso se desfez no mesmo instante, e pelo visto Cho-Bong não havia dito uma só palavra se quer.

- C-como assim saindo Jimin? Você arranjou outro lugar? - Voltei o meu olhar para o chão, pensando se deveria ou não responder à essa dúvida.

Eu me peguei inerte, quando alcancei-a com o olhar novamente eram visíveis às olheiras abaixo de seus olhos. Ela provavelmente estava responsável por todos os turnos, e isso não era justo

- Irene... me perdoe, por favor. Eu não tive escolha dessa vez. - E lá estavam, as lágrimas que eu tanto odeio, ameaçando descer.

- Jimin! Jimin calma. - Ela pegou nas minhas mãos por cima do balcão. - O que foi que aconteceu? Não precisa chorar cara! Relaxa. - Terminou com um sorriso leve.