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Não era nem mesmo uma opção. De qualquer forma, eu não acreditava que, mesmo em circunstâncias atenuantes, o relacionamento entre mim e Madelaine duraria mais do que alguns segundos no mesmo ambiente, sem o famoso "grito no cu, e dedaria."
Mas eu estava errado. Pois é, eu estava.
Não me levem a mal. Eu não debandei para o lado ruivo da força, juro. Mas eu precisava dela naquele momento, e tenho certeza de que algum dia eu poderia devolver o favor para aquela criatura fofa e carinhosa.
- Você tem dez segundos para me dizer o motivo de ter me arrastado em gritos para o meio do corredor quando nem ao menos entrou na sala, se passar disso eu te arranho. - Ameaçou, olhando para as próprias unhas como se olhar para mim fosse demasiado trabalho.
Eu quis dizer demoníaca e perigosa.
"Ela definitivamente parecia não curtir a minha companhia."
Eu não julgo. Mas também não ligo.
- E será que eu tenho motivos o suficiente para isso? - Perguntou a de lábios vermelhos gritantes, com cara de quem queria me socar e eu arregalei os olhos.
- Eu disse isso em voz alta? - Perguntei sôfrego. Sôfrego não, cauteloso, prudente.
É menos humilhante dessa forma.
- Você costuma sibilar tudo o que pensa feito um idiota, como se a gente estivesse em algum tipo de história sobre a sua vida.
- Oh... me desculpa. - Como se fosse possível.
- Tudo bem, eu estou me acostumando com o seu jeito de ser. Apesar de ter vontade de te socar a maior parte do tempo.
Eu semicerrei os olhos para ela, que admirava as unhas bem feitas enquanto dizia.
- Eu pensei que a gente estivesse na boa, mas... - Disse eu, praticamente falando sozinho. - A julgar pelo fato de que das três últimas frases que você disse terem sido ameaças, perdi as esperanças.
Ela estalou a língua contra o céu da boca, revirando os olhos.
- A gente conversou uma vez em meio a uma arquibancada cheia de lixo, foi quando você roubou o meu cofrinho-
- Namorado. - Eu corrigi.
- Tsc. Tanto faz, é tudo a mesma coisa.
Eu tenho sérias dúvidas. Cantarolei na minha própria cabeça, desta vez, tendo certeza de que a minha boca estava devidamente fechada. Apenas assenti.
Continuando.
- Depois nós nos falamos mais uma vez quando você apareceu no meu caminho como se fosse uma daquelas vacas que parecem só estar na estrada para empacar o trânsito de Minas Gerais. Não é o bastante para construir um relacionamento. - Ela da de ombros, gesticulando com as mãos durante o ato.
- É... concordo. Mas no meio disso, a gente criou um vínculo, não amizade, mas é alguma coisa. Não?
- Você é bem iludidinho. Por isso todo mundo acaba com a sua raça. - Ela riu, e depois sorriu.
Sorriu. Aquele dragão sorriu. Talvez, eu possa até estar errado, mas ela não é esse monstro todo que quer mostrar.
Embora no início ela tenha tentado ir por esse caminho, eu acho que dá para fazer isso funcionar.
Jungkook me pediu para ficar. Com ele. Por ele. Para que pudéssemos ser nós. Eu e ele. Mas isso não seria possível se eu não soubesse se o fato de eu ter bancado o estelionatário para cima do mafioso do pai dele produziu efeitos adversos.
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CABARET
Fanfiction𝕵𝖎𝖐𝖔𝖔𝖐 𝖋𝖎𝖈! ⚣ A que ponto você conseguiria chegar por dinheiro? Ou mais precisamente, por necessidade; necessidade de ter, necessidade de ser. Almejar tanto algo, que poderia fazer qualquer coisa para alcançar, cometeria um crime? Pois bem...