Princesa Do Complexo [CONCLUÍDO]

Cap. 28 | Você Vai Amar Essa Garota!

Maria Eduarda

Finalmente dezembro, o meu mês, e provavelmente o mês do meu bebê. Daqui dois dias faz quatro meses que Leonardo foi morto no confronto, JC tem agido de mal a pior, descobri que o nome da garota é Érica e ela tem apenas 16 anos, ele a faz de objeto e a prende na casa dele, como se ela fosse intocável por qualquer outro homem.

- Maria, podemos ir? - pergunta Laiza me olhando próxima a porta do meu apê.

Olho em volta pra ver se não estou esquecendo nada, me dou conta que não e caminho até ela, saímos e trancamos a porta.

Desço os dois degraus e paro em frente o elevador.

- nossa amiga esqueci meu celular em cima da mesinha, desce e me espera no estacionamento. - diz Laiza subindo até o meu apê de volta.

Entro no elevador e aperto pro térreo.

Não demora muito pra que eu esteja ali, aquela sensação de estar sendo observada toma conta de mim, olho em volta enquanto caminho até o carro mas não vejo ninguém, apenas de longe na saída do estacionamento.

Parece um homem, no escuro ele está fumando com um dos pés apoiado na parede, de cabeça baixa usando roupas escuras.

Dou de ombro e vejo Laiza vir em minha direção com rapidez.

- entra no carro. - diz nervosa e eu não entendo, mas entro no carro.

- o que aconteceu? - começo a ficar preocupada.

- precisamos falar com seus irmãos, vocês dois não podem ficar no Rio. - diz ela acelerando o carro e saíndo pras ruas do Rio.

Passo o caminho todo preocupada com as palavras dela, mas não demora muito pra entrarmos na comunidade e ela parar em frente a casa de JC.

Descemos do carro eu com todo cuidado do mundo, essa barriga de quase nove meses começa a pesar.

Logo adentramos a casa, Laiza chama meu irmão e ambos somem, me sento no sofá pra descansar um pouco.

- Olá. - escuto uma voz feminina tímida, me viro e vejo uma garota ruiva, deve ser a tal Érica.

- Érica? - pergunto e ela assente. - Olá, sou Maria Eduarda.

- você é a irmã boazinha do JC. - ela se aproxima, ao ver minha barriga ela sorri. - quantos anos você tem?

- vou fazer 17 anos daqui uns dias. - digo e vejo sua curiosidade. - como você está?

- bem na medida do possível, João não deixa faltar nada pra mim, desde alimentação até esses luxos bobos, mas eu sinto falta da minha vida, da minha mãe e do meu irmão, da minha liberdade, ele me bate quando tá drogado ou bêbado, me machuca sempre que me toca. - diz ela tristonha.

- o que levou ele a fazer isso? - questiono.

- eu era a nova moradora e em um dia eu disse que jamais teria algo com um bandido, ele ouviu e os amigos dele riram, daí ele me pegou em uma tarde sozinha e aí o inferno começou, ele me tirou da casa da minha mãe, me colocou no bordel, as garotas até tentaram proibir mais foi pior, ele nunca deixou ninguém além dele tocar em mim, e agora não deixa eu colocar o pé pra fora de casa. - conta ela.

- minha história foi semelhante, mas eu acabei engravidando...

- e o pai do bebê?

- meu pai matou no confronto, motivo pelo qual meu irmão é o dono daqui agora. - digo e vejo Laiza e JC virem até nós.

Érica se apressa em levantar mas seguro sua mão.

- o que vocês estavam conversando? - pergunta olhando pra Érica.

- ela veio perguntar sobre o bebê, não estava fazendo nada de errado João Carlos. - digo firme.

- ela não é da família, a obrigação dela aqui é me satisfazer e não bater papo contigo. - diz ele ríspido.

Ela se solta e sobe correndo prestes a chorar.

- você ainda vai amar essa garota, e eu desejo do fundo do meu coração que ela não te aceite na vida dela. - aponto o dedo na cara dele. - você pode bancar o machão pros teus parça e pra essa favela toda, mas pra mim você é só um garotinho medroso que se esconde debaixo dessa pose de bandido, você tirou tudo dela, e eu espero que ela faca o mesmo com você. - cada palavra dita sinto meu coração pulsar forte, não sei qual vai ser a reação dele.