Cap. 10 | Descobertas

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Sinto um cheiro forte, álcool.

Balanço a cabeça de leve retomando a consciência enquanto abri os olhos, quarto para de olhos me observando, percebo que estou em uma cama, a cama de Leonardo.

- achei que você tinha partido dessa pra melhor. - diz Eloá brincalhona. - vamos saindo, acho que alguém tem assuntos a tratar. - ela vai expulsando todos deixando apenas eu e Léo.

O silêncio se instala no ambiente, olho para os meus dedos enquanto ele se aproxima.

- desculpa por ter feito tudo isso...

- não é pra mim que você tem que pedir desculpas. - coloquei uma mexa atrás da orelha. - foi no meu irmão que você bateu, é dele que você precisa de perdão, não de mim. - me sento na cama e respiro fundo.

Ele não diz nada e provavelmente não vai dizer, saiu do quarto encontrando Eloá e Juliana se encarando e Caíque ao lado da janela com curativo pelo rosto.

- Eloá eu quero ir pra casa. - digo atraindo a atenção deles pra mim.

- ta legal, tchau Caíque. - diz ela antes de sair da casa.

- Caíque? - chamo ele que me olha. - não desaparece mais não. - peço.

- nunca mais. - promete ele vindo me abraçar, um abraço confortante e apertado.

De onde eu não queria mais sair, nunca mais.

- amanhã a gente se vê. - afirmo me soltando dele.

Antes de me deixar ir ele da um beijo na minha testa e então eu caminho até o carro de Eloá onde ela já esperava.

- então como foi? - pergunta ela.

- ele te que se resolver com meu irmão não comigo. - digo baixo. - aliás eu já entendi você e a Juliana, é meu irmão, mas cá entre nós, ele não quer nenhuma de vocês duas. - afirmo.

- a gente já sabe disso, mas quem disse que a gente manda no coração. - ela retruca.

- desde quando ele tá aqui?

- desde muito antes do seu pai colocar ele pra fora. A história é longa. - avisa ela.

- pode começar contando como conheceu ele. - insisto.

- tá legal... A cinco anos atrás minha mãe veio conversar com o Leonardo coisa do tráfico e eu vim junto, eu vi o Caíque e de imediato eu senti algo forte, a gente ficou e depois de dois meses eu desapareci, troquei de número de telefone e de corte de cabelo enfim, tudo... Minha mãe passou tudo que ela fazia pra mim e sumiu por um tempo, tudo que sei é graças a LD e a Higor, quando voltei pra cá tinha uma função, e não podia simplesmente me deixar levar por um amor bandido, deixaria nós dois vulneráveis e na época estávamos com o JK na nossa bota querendo o morro, mas mesmo assim ainda continuamos saindo, seis meses depois Juliana se mudou pra cá com a prima e a tia, eu fiz amizade com ela, a gente ia pro baile juntos tudo mais, um dia eu vi ela dando maior moral pro Caíque e ele tava gostando, o tempo foi passando Caíque se afastou de mim e de longe eu via a aproximação dos dois, resolvi confrontar ela, ela disse que não tinha culpa, eu sempre soube que não, foi uma escolha do Caíque mais eu não vou dar meu braço a torcer, por fim Caíque saiu com ela e comigo, e não assumiu nenhuma. - terminou de contar e eu ainda queria saber mais.

- e quando você chegou ele já estava aqui? ele é o que aqui dentro? - continuo.

- Caíque chegou alguns meses antes da minha mãe me colocar no lugar dela, ele era só um viciado, mas era firme com o pagamento e meu primo resolveu mudar isso, colocou ele como vapor, tirou ele do vício, logo Caíque conquistou a confiança do meu primo, passou pra dono da boca, agora ele é Sub-dono do morro depois de quase morrer em uma invasão pra salvar Leonardo.

- meu irmão quase morreu?? - quase gritei.

- se você vivesse lá, saberia que a cada 10 invasões 100 pessoas são mortas. - afirma ela. - já tomei três tiros, eu sou tudo lá dentro, só não toco em drogas de resto eu faço de tudo. - afirma ela estacionando em frente a minha casa.

- você já matou Eloá?

- já. - silêncio. - eram bandidos, antes eles do que eu. - pisca. - passo amanhã pra te levar pra casa do Caíque.

- tá bem - me despeço caminhando pra dentro.

Princesa Do Complexo [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora