A cada chibatada desferida ele repetia em sua cabeça a última frase de seu superior antes de falecer. Seja a esperança para sua nação.Uma fortaleza jamais fora tão fria quanto quando Roussel a deixou. O deixou.
O sangue quente que escorria grudava enquanto secava na pele exposta e aberta e em suas roupas, a queimação aumentava a cada golpe, a dor que o rasgava, onde pele, carne e metal se encontravam.
A cada vez que o chicote descia, ele contava em sua cabeça, e dizia o nome de um dos seus mortos, sua dor se tornavam insignificante perto das que os outros sofreram, da dor que a família que eles tinham sentiam todos os dias. Uma dor sem fim.
Vigésimo oitavo, Vitalli de Hilfh, torturado por uma semana, desmembrado em Jorn. Vigésimo nono, Tomaz Avdotya, decapitado na frente de sua família em Basile. Trigésimo, Joseph Hunt...
Perderá a noção de quanto tempo estava ali, os nomes se embaralhavam em sua mente, os rostos eram borrões quando finalmente pararam. As correntes foram lentamente removidas, abrindo espaço para a brisa gélida que batia nos cortes que rondavam seus pulsos.
Eu sou a salvação. Eu sou a salvação.
Repetia até que não soubesse mais quem era, até que não se lembrasse de que horas eram ou se lembrasse de seu objetivo.
O sol ainda queimava quando ele fechou os olhos e inspirou profundamente, os músculos gritando com a dor que perfurava suas costas, braços e abdômen. O sangue escorria por pequenas gotas, quando se levantou. Olhando para a fortaleza escura dos Minsitthar, uma última vez, com uma promessa não dita brilhando nos olhos cor de sangue.
▪▪▪
Cada passo em direção a carruagem que o aguardava doía. Usar sua magia de cura para a cicatrização dos cortes evitou que continuasse a sangrar, embora continuasse a ferir conforme as recentes cicatrizes eram esticadas.
- Mas que...
A frase morreu antes de ser concluída, quando Kazriel ondulou uma fina camada de escuridão ao seu redor, fixando seus olhos em Eros e Aleph. Antes que pudesse responder eles o apoiam, levando-o entre seus corpos.- Oque você fez, Kaz?
Vocifera Eros entredentes. Desde que o conheceu sempre fora o mais explosivo dos irmãos, deixando para Aleph o posto de mais resguardado.- Nada importante.
Sorrindo levemente ele soltou os irmãos, endireitando os ombros, passou uma mão para afastar os grossos fios negros que caiam em sua testa, deixou que o beijo frio de seu poder escuro o acalmasse, envolvendo-o.- Dei-me um manto. Vamos para Vitrium. Chegou a hora de mostrar o que somos.
A passos largos e dolorosos, ele passou pela irmã, que mantinha o rosto precisamente neutro.- Quais as ordens, Kaz?
Aleph pergunta, baixo, mas firme.- Sigam pela estrada principal, os alcançarei daqui a pouco.
Todos assentiram, Eros e Aleph hesitantes, porém sem questionar. Aspin saindo da sombra da carruagem estende um manto negro em sua direção, antes de inclinar a cabeça em uma curta reverência e desaparecer. Sem nem mais um minuto, Kazriel deixou se envolver na escuridão quente que era sua magia, com dois passos não restou nada a não ser uma leve fumaça do que parecia ser estrelas se apagando, porém nada mais era que uma gota de seu poder.▪▪▪
O quarto separado foi uma das únicas coisas que a mãe deixará após o casamento. Assim que foi solto, ouviu o chamado da rainha, assim que a escuridão se dissipou, estava ao lado de uma poltrona cor de sangue, ela estava na varanda, quando se virou, seus olhos eram vazios.
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Trono De Fogo - Fragmentos De Chamas E Agua
FantasiA imortalidade pode ser bela, mas quando se cresce em meio à guerra e presencia mais destruição do que vida, ela se torna um fardo muito grande para se carregar, assim, a priny de Hylos Guinevere viveu durante boa parte da sua vida, vendo os que ama...