VIII - Guinevere.

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  Assim que tirou as mãos do livros, o esgotamento a consumiu por completo, mal raciocinando, caminhando a passos longos e pesados ela se jogou na cama, seu último pensamento fora o homem de olhos verdes surreais e cabelos de trigo, quando a escuridão a cobriu.

Seus pensamentos eram consumidos por aquele homem, seu calor a fazia entrar em combustão, seu toque a marcava como milhares de brasas, sua boca tomou a dela novamente, quando ela gemeu contra seus lábios, novamente, a cada forte e profundo movimento ela se arqueava para recebe-lo, suas mãos procuravam trazer mais dele. Ela necessitava dele.

Quanto mais suas unhas se cravavam em suas costas ele acelereva, e suas presas roçavam sua clavícula e pescoço.

- Dean.
Ela gemeu seu nome, quando uma lágrima solitária desceu por sua bochecha, ele a beijou, intensamente a ponto de fazer algo em seu peito se partir, ela o amava e sabia que ele a amava. Desde o dia em que ela o viu caído naquela floresta com suas flechas em sua costa ela não conseguira se distanciar.

Ele a acompanhará até Ophen, mas o destino parecia estar contra ambos, em Azarofh, algo corroia sua vida, ele precisava ir para sua terra, precisavam dele. Embora isso a matasse, ela devia deixa-lo ir, ambos eram egoístas o suficiente para deixar o mundo se acabar só para ter um ao outro. Mas, ele não podia.

- Hyanth.
Ele gemeu seu nome como uma súplica quando lágrimas se formavam em seus olhos, e caíram nos cabelos cor de mel avermelhados da mulher que era sua parceira.

Com mais uma estocada profunda, ela alcançou seu clímax, seguida dele, que sussurava seu nome com tamanha devoção e afeto que fez com que mais lágrimas rolassem.

Ela estava deixando seu parceiro caminhar em direção a sua ruína. Isso era sua despedida, seu último momento juntos, seu adeus final, com ambos tremendo, ofegantes e chorando.

Ele saiu de cima dela, tocando seu rosto delicadamente antes de tomar sua boca na dele, o gosto de menta criava um abismo em seu interior. Seria a última vez que sentiria isso. Seu amigo, companheiro, cônjuge e parceiro.

Eles se separaram controlando suas respirações enquanto descansavam as testas uma na outra. Ele pegou sua mão e se curvou para beija-la, antes de ir até o criado-mudo e de lá tirar uma caixa preta pequena, fechada por um laço verde claro. Dean, sem retirar os olhos de sua parceira desfez o laço e lá um anel de ouro branco com uma esmeralda cercada por pequenos rubis estava.

Ele colocou delicadamente o anel em seu dedo anelar, beijando o local com ternura e dor.

- Você vai voltar?
Ela perguntou quando, finalmente, achou sua voz, estava frágil e cheia de esperança vã, mas ela precisava se agarrar aquele fiapo de esperança. Pelo laço de parceria ela pode sentir o medo e a dor em Dean, quando ele disse em voz baixa.

- Por você, vou.
Ela se jogou em seus braços, tentava imaginar um anel de chamas e rubi criando forma, e quando viu ele circulava o dedo anelar de seu parceiro. Ambos tinham uma parte do outro, assim, independente do lugar, tempo ou distância o amor deles iria vencer toda dor, e suportaria qualquer guerra e vida.

Assim, ali. A deusa do fogo e um daimon alado se partiam em dar seu adeus final, em ver seu parceiro caminhar para os braços da morte. Todo o egoísmo se foi. Ela deixaria seu parceiro, o homem que ela amava mais que tudo, pelo bem da terra de ambos, por Azarofh ele partiria.

Mas, aquela noite, ela pertencia a eles, quando ele a trouxe para mais perto em seu colo, ela não segurou o choro que caiu por sua alma se partir.

O calor, a dor e o desespero que ela sentiu ao acordar a fizeram despejar seu jantar na privada, novamente. Era uma dor que penetrava sua alma e seu cansava o corpo.

Parceiros. Hyanth tinha um parceiro. Um parceiro que era daimon. O laço mais forte existente, que ligava, não só corpo, mas alma, e ela o havia deixado ir.

O que estava acontecendo em Azarofh para que ele deixasse sua parceira, fez com que sua curiosidade aumentasse, ela precisa de resposta e começaria onde aqueles olhos verdes se encontravam atualmente. Ela voltaria ao Orion.

Sua cabeça girava tentando ligar pontos avulsos de pistas. A dor que sentia por Hyanth a cegava ainda mais.

Olhando o relógio viu que faltará pouco para o horário que havia marcado com o prince. Entrando no banheiro deixou com que o vapor se apossasse do local.

Ouviu-se os passos de Masiry no quarto, sem se importar ela entrou na água quente agradecendo por ter seus músculos relaxados novamente, quando submergiu na água os pensamentos se embaralhavam em um emaranhado de dúvidas, lembranças e curiosidade. Precisava de respostas, e as encontraria, nem que precisasse ir a Rhea, a terra de Yana.

Precisaria de qualquer coisa que a ajudasse, queria saber o motivo de tamanha dor, queria saber a história da deusa e de seus irmãos, queria conhecer o homem que ela amara tão intensamente. Mas, hoje. Ela se preocuparia em relaxar, era o dia em que poderia sair dali, daquele meio de mistérios e falsidades, daqueles muros que trancaficavam seu espírito em uma jaula de pedras preciosas.

Ela saiu do banho. Adentrando o quarto Masiry já separara um vestido azul claro leve e simples, mas não era o vestuário ideal para o tipo de lugar que ela planejara ir.

- Masy, meu bem. Hoje, eu usarei meu traje cinza, você pode pega-lo para mim, por favor?
Ela cantarola, se sentando em frente a penteadeira e trançando os cabelos longos, quando Masy assente e entra no armário, voltando segundos depois com a roupa nos braços, ela as estende na cama, tomando a finalização do cabelo.

- Onde planeja ir, Guinevere?
Ela questiona, sem erguer os olhos do trabalho.

- Masy, preciso de ar. Sair desse lugar. Vou aonde o vento canta e a água brinca conosco. Queria que pudesse ir conosco, sei que iria adorar.
Ela diz-lhe docemente. Quando Masiry ri ela a olha através do espelho.

- Diga-me, Masiry. Quando foi a última vez que tirou um tempo para si? Quando foi que o rei permitiu-lhe isso?
Guinevere questionou.

- Nunca me foi permitido, princesa.
Quando ela a chamava pelo título, não queria conversar, tinha sido a linha que as separava, embora ela ainda tentasse ultrapassa-la, Masiry a impedia. Sem insistir ela só assentiu levemente, ela daria o espaço que ela precisava.

Se levantando ela dispensou Masiry que com olhos pesados se retirou silenciosamente, o que não era de seu feitio, isso estava começando a incomoda-la, mas lidaria com isso mais tarde. Vere pegou suas armas e manto. Já havia calculado o tempo que levaria para passar na cozinha, e depois encontrar Ethan.

Olhando para o livro em sua mesa, ela se virou para a porta e se preparou para encontrar o príncipe de Vitrium, pediu proteção silenciosamente para Hyanth, antes de atravessar as portas de carvalho.

Trono De Fogo - Fragmentos De Chamas E AguaOnde histórias criam vida. Descubra agora