IX - Kazriel.

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Os primeiros raios de sol despontavam no horizonte. Chegariam essa noite a vitrium, segundo Aspin, seríamos recebidos com um baile de máscaras, Aruna os encontraria lá.

O clima era tenso e um tanto melancólico enquanto Aleph finjia dormir no banco. A única distração que tinham era de Eros, e Karrin jogando pedras de Serus, gritando hora ou outra que ganharam ou que um deles estava roubando. Kazriel não havia retornado ainda, passariam em uma pousada para comer e dormir e prosseguiriam, esperavam que ele chegasse em breve.

Aspin, finjindo estar lendo em um canto não desviava os olhos da janela, ela e a gêmea não ficavam longe por muito tempo, havia sido recorde passarem essa noite.

Suspirando Karrin, olhou para Eros, que a fitava, quando viu que foi pego, sorriu. Era um belo macho, com cabelos castanhos na altura dos ombros, olhos castanhos claros e um físico definido, tirando o humor que sempre o acompanhava, isso era o que tinha de mais belo nele.

- Qual será a primeira coisa que fará quando chegar?
Ele perguntou jogando outra peça, ela finjiu pensar fazendo careta, o fazendo rir.

- Dormir, óbvio. - ela fez sua jogada - e você?

Olhando o jogo ele franziu a testa.

- Comer, óbvio.
Eles riram, quando o cocheiro gritou.

- Pousada adiante.
Deixando as pedras, Karrin correu para a janela que estava Aspin, elas procuravam olhar o lugar, era charmoso e parecia aconchegante, não era como as típicas pousadas de beira de estrada, essa parecia ser mais limpa e...melhor.

- A primeira coisa que farei é tomar um banho descente.
Ela se virou a voz do irmão que estava esparramado no banco, com as vestes todas pretas e um sorriso de canto na boca.

Ela foi até onde Eros estava e se sentou ao seu lado. Fuzilando o irmão com o olhar perguntou.

- Onde esteve?
Eros desviou o olhar embaralhando as pedras novamente.

- Tinha assuntos pendentes, Karrin.
Ele disse com muita calma, calma até demais para ele.

Antes de ter oportunidade para insistir no assunto, Aleph que, aparentemente, tinha acordado disse.

- Vamos descer logo, estou com fome.

A carruagem havia parado, sem dizer mais uma palavra todos saíram, o ar estava frio, acalmando o calor que perseguia Karrin, sem esperar pelos outros ela caminhou até a pousada.

Kazriel, olhou os irmãos que o esperavam, foi Eros que cortou o silêncio.

- O que estava fazendo, Kaz?
Ele tentou não parecer nervoso, mas os olhos fumegantes e o maxilar trincado o deletavam.

- Vamos comer, falaremos lá dentro.
Foi sua única resposta, os três seguiram pousada a dentro. Pelo visto Karrin já havia pegado quarto para eles, pois quando o sino soou, um homem velho magro de cabelos desgrenhados a beira de um infarto gaguejou.

- Pri-príncipe, Minsitthar. Ro-ronald Clayt a seu dis-dispor. Sua irmã, a priny Karrin, reservou tre-três quartos pa-para os senhores, seus cafés os esperam, minha alteza.

Ele se curvou vermelho e suando, ao seu lado Eros segurava uma risada, ele mesmo se segurava para não rir do homem a sua frente. 

Com um gesto de mão ele dispensou as reverências, limpou a garganta, sorriu com o canto dos lábios e disse.

- Ficaremos até o almoço.
Estendendo a mão ele pegou as chaves. E começou a andar para o que parecia ser a cantina do local.

Uma enorme mesa cheia de carnes, pães, frutas, sucos e guloseimas estava aposta para eles, não havia nenhum sinal de Karrin e Aspin, provavelmente tinham pedido a comida no quarto. Se sentando e trancando a porta do local, como era de costume sua magia fluiu servindo-o, pegando uma taça de vinho ele pôs um escudo de ar ao redor dos seus.

Kazriel, se sentava a ponta da mesa, Aleph a sua direita e Eros a sua esquerda, tomando um gole do cálice, ele disse-lhes.

- Auresa Minsitthar, me convocou enquanto era punido. - os olhos dos irmãos estavam fixos nele, ambos tensos, sem tentar disfarçar. - Em seu quarto, minha mãe me deu isso.
Ele põe no colar sobre a mesa, e Aleph se retesa.

- Há muitas coisas que nos escondem, irmãos. O motivo real por trás dessa missão irrelevante; o significado disso; e por que tamanha vontade de nos ter em vitrium. Estejamos prontos para enfrentar qualquer tipo de ameaça, tanto dentro dos muros, quando fora. Haverá cortes que tentaram penetrar nossas defesas, não tenho dúvida, mas não caiam em suas armadilhas. Karrin devia estar aqui para ouvir-nos e participar, porém seu descanso é vital para a missão que se seguirá.

Ele suspira se recostando na cadeira e tomando mais um gole.

- Chegaremos em um baile de máscaras, estejam a caráter, e hoje, até o dia que partiremos daquele lugar, agiremos conforme nossas posições nos mandem. Não gosto de pedir isso, irmãos, mas não podemos mostrar fraquezas. - Ele olha o colar a sua frente, hesitante em pega-lo - Aleph, quero que descubra seus principais fornecedores de armas, bebidas, tudo, local de treinamento, quero nomes, datas e locais.
Aleph assentiu.

- Eros, quero número de soldados, divisões, prováveis aliados, inimigos, ataques rebeldes, tudo. Quero uma lista completa. Karrin ficará com as gêmeas. Precisamos descobrir sua fraqueza, e preparar para atacar, algo naquele lugar não está certo, e vou descobrir o que é.

Aleph não tirava os olhos do colar. Talvez a escuridão que o objeto fora forjada era a mesma que ele dobrava. Guardando-o no bolso novamente, Eros assentiu, antes de dizer.

- Certo, assim farei. Agora podemos, por favor comer?

Trono De Fogo - Fragmentos De Chamas E AguaOnde histórias criam vida. Descubra agora