Assim que ela saiu, olhou em volta e viu os olhos curiosos que o rondavam, mas não se importou, não quando a risada borbulhante de estrelas explodindo ainda o atordoava. Seguiu para onde Aleph estava, ele não disse nada por um tempo, mas seus olhos vidrados falavam por si só.- O que foi?
Kazriel perguntou, enquanto tomava de sua taça.- Dar um soco em Ethan, seria menos doloroso que aquilo.
Foi sua resposta. Reprimindo o sorriso que ameaçava surgir ele disse sem qualquer emoção.- Creio que eu seja um parceiro melhor.
- Creio, que esteja em território perigoso.
Ele avisa.- Quando eu não estou? Foi uma dança, não uma declaração crua de guerra.
- Não me pareceu, somente, uma dança. E não fui o único a pensar assim.
Olhando a sua volta, viu que Ethan dançava com uma dama, mas seus olhos sempre que possível se desviavam para a porta dos jardins, por onde ela havia saído.
Algo não se encaixava, e isso o perturbava, o rei sorria satisfeito, quando olhava a decepção estampada no semblante do filho.
Algo torceu em seu peito, forte como um chicote descendo ao encontro da pele, uma explosão de diferentes emoções, raiva, dor, e uma enorme vazio. Como uma ponte, ele sentiu algo no final, era indescritível, mas era forte, mais forte do que qualquer coisa. Isso. Aquela ponte. Aquela confusão tirou seu ar.
O colar esquentou em seu bolso, reagindo aquela ligação.
Tinha tantas pessoas ali, tantos olhos, que o descontrole parecia que o consumiria. Era um encantamento simples que segurava e encobria sua magia. Seu temperamento sempre dificultava o véu que encobria seu eu.
Precisava sair daquele lugar, aquela festa, para ele, havia acabado.
Com cada passo em direção ao jardim, a ponte em seu interior balançava. Quando a grama tocou suas botas, o ar parecia mais limpo, não era o sufocante de dentro do salão.
Quando dobrou a escuridão, passando pelo frio reconfortante, não sabia para onde ia, só que precisava se manter longe. Antes da noite que havia dobrado se esvair ao seu redor, a voz sensual de estrelas cadentes o parou no meio da travessia.
Ela estava sentada no chão de costa o vestido caindo ao seu redor como luz da lua, pura e brilhante.
Ela cantava baixo, a melodia era suave, mas melancólica. A música era cantada em uma língua que não sabia, parecia antiga, e esquecida, mas era bela.
A imagem a sua frente era inebriante. Estavam em uma sala ampla, as paredes eram inteiras de vidro, como janelas, estavam abertas, a luz prateada acolhia a canção cantada pela mulher sentada a sua frente.
Quando seu ombros balançaram e a voz ficou embargada, a culpa por ter invadido seu espaço pessoal o balançou, antes que dobrasse novamente, ela ergueu uma mão, o luar banhou sua pele dourada.
Ela inspirou profundamente, como se tentasse se manter na luz, e se esforçasse para se agarrar a ela. Ele sabia qual era a sensação de se perder na escuridão, e quando ela parou de soluçar e sussurou olhando as estrelas acima, algo que a muito ele havia perdido dentro de si, se soltou.
- Obrigada por ouvir.
Soltando o encantamento, noite ondulou em todo o lugar, preenchendo o local, antes de ir embora ele viu o sorriso que se formou nos lábios da mulher que brilhava como uma estrela cadente em meio às estrelas que ela agradecia, as estrelas que lhe deram a luz naquele momento.
Enquanto partia, não pôde impedir o sorriso que se formou.
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Trono De Fogo - Fragmentos De Chamas E Agua
FantastikA imortalidade pode ser bela, mas quando se cresce em meio à guerra e presencia mais destruição do que vida, ela se torna um fardo muito grande para se carregar, assim, a priny de Hylos Guinevere viveu durante boa parte da sua vida, vendo os que ama...