XV - Guinevere.

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Jason não apareceu no café da manhã, que eles tomavam em sua sala de jogos. A hipótese dela ir pedir desculpas se tornou fora de questão, quando se lembrou das coisas que ele havia dito. Sabia que ele estava se afogando na tarefa que ela tinha depositado em suas mãos, ambos tinham um parte na missão, mas ele se prendera demais a isso, não saia de seu quarto, não comia, e não havia chegado a lugar algum em todo seu esforço. Não o culpava, mas também não passaria a mão em sua cabeça e jogaria todas as palavras ditas em baixo de um tapete qualquer.

Já vestida com seu traje preto, saiu para o salão de treinos. Não podia ficar parada o dia todo, de nada adiantava exercitar a mente e deixar o corpo enfraquecer. As poucas palavras que traduzirá do livro de Ophen, contavam mais as glórias do Deus supremo, seu reinado e seu papel governando Anahi.

Passando pelo corredor viu a menina de vestido vermelho e cabelos negros que dançava no baile ontem, acompanhada de um macho guerreiro em trajes de couro negro que tinha algumas escamas, e uma espada pousava em sua costa.

A mulher sem a máscara cor de vinho tinha olhos que pareciam o céu, e uma graça que demonstrava bondade, oposta, totalmente, pelo homem de traços rústicos, mas ainda assim bonitos aí seu lado, sua pele é bronzeada, assim como a da mulher, seu cabelo até o ombro é ondulado e castanho assim como os olhos, tons mais claros.

Eles não a vêem, continuando a conversar perto da porta que dá a sala de estar. A aproximação demonstra a intimidade que ambos tem, pelo jeito distante, e o modo de andar, com arrogância, são parte da corte de Kazriel, sem dúvidas.

Quando se aproxima para passar, seu olhar se cruza com o da menina de vermelho, que se fechou completamente. Com indiferença Vere coloca os ombros para trás e passa por ambos sem dizer uma palavra.

Cantarolou até que viu as portas de vidro do salão, os cabelos já estavam presos, havia tanta tensão em seus músculos, que temia que se não lutasse, poderia entrar em combustão.

Não havia muitas pessoas, só três guardas, fora Ethan e Max o chefe da guarda.

Pegando uma espada, ela se aproximou do grupo que agora dois dos guardas lutavam, assim como Max, deixando Ethan olhando-os. Do lado do príncipe ela o observou, com a camisa branca, e os cabelos arrumados e perfeitamente penteados, ele sorriu para ela.

- Não agradeci por ontem.
Ela disse baixo para que somente ele ouvisse, e para seu agrado ele respondeu no mesmo tom.

- Não precisa, Guinevere. - chegando perto de seu ouvido, ele sussurou - Você estava linda, ontem.

Ela sorriu de canto, ronronando de volta.

- Só ontem, Ethan?

Ele arregalou levemente os olhos, antes de semicerra-los, e sussurrar em resposta.

- Todos os dias desde que chegou aqui, se tornou a mulher mais bonita de Vitrium.

Ela jogou a cabeça para trás e riu, gargalhou do trabalho que ele estava tendo em elogia-la, aumentando a intensidade quando ele a seguiu, fazendo o mesmo.

- Assim que conquista todas as moças, Ethan?

- Geralmente, não é preciso tanto trabalho.
Arqueando uma sobrancelha, ela diz, sem retirar os olhos da luta a sua frente.

- Devo me sentir privilegiada?
Seu músculos tensos e o formigamento em suas veias não diminui, erguendo a espada ela a hora nas mãos.

- Me permite a honra dessa luta?
Ela brinca, ele se curva em reverência, sorrindo.

- Claro, minha dama.
Eles seguem para um dos cantos, e começam o ataque e defesa, as esquivas aquecendo seu corpo.

Cada movimento era visualizado em sua cabeça, dando a execução perfeita. Sua respiração era controlada, saindo levemente ofegante, com a espada direcionada ao coração de Ethan, ela viu que ele sorria em sua direção, apesar do fracasso ele confiava que ela não pressionaria aquela espada, hesitou, por um segundo antes de ouvir a voz grossa e aveludada a suas costas.

- Sou o próximo.

Abaixando a espada viu Ethan se endireitar e ficar tenso olhando para o homem a suas costas. Quando se virou o sorriso que se formou em seus lábios a impedia de deixar de ficar com cara de besta ao olhar o homem a sua frente.

A luz que tinha no salão parecia ter sido sugada por ele que em meio a tantas luzes de sol parecia ser feito de cada ponto de escuridão, seu casaco preto estava aberto, revelando uma blusa da mesma cor que deixava a pele bronzeada um pouco exposta, assim como algumas cicatrizes pálidas. O queixo quadrado revelava um rosto firme, de linhas fortes, tornava as feições elegantes e extremamente atraentes, os lábios carnudos estavam em um sorriso predatório e irônico de canto, fazendo-a pensar que escondia algo, mas quando focou diretamente em seus olhos, era um mesclado de vermelho com linhas em prata, e preto, e um anel de prata ao redor da pupila, tantas cores formavam uma galáxia de sangue, escuridão e luz.

- Olá, Kazriel.
Ele passou uma mão enluvada nos cabelos pretos como obsidiana, levemente grandes.

- Olá, querida Vere.
Ele ronronou em resposta.

Tentava fazer com que seus joelhos não fraquejassem, com o movimento que ele fez, seus músculos ficaram ressaltados em baixo da roupa, e seu sorriso aumentou.

Sem a máscara tampando seu rosto, e com as roupas mais relaxadas, ele era, definitivamente, o macho mais lindo que já vira, esse era o único jeito que havia achado para descreve-lo.

- Nos vemos mais tarde, tudo bem?
Perguntou Ethan ao seu lado, sério. Ela se virou para ele e sorriu.

- Claro, nos encontramos no almoço.
Ele assentiu, sorrindo levemente, um pouco mais tranquilo, quando ele saiu ela se virou para Kazriel.

- Namorado ciumento, querida?

Ela girou a espada na mão, arrumando os ombros e jogando uma mecha de seu cabelo que se soltou para trás.

- Desconhecido intrometido, meu bem?
Ele riu, tirando sua prorpia espada, que tinha a lâmina preta reluzente e um punhal com um rubi no topo.

- Desconhecido? Pensei que já tivéssemos passado disso.

- E seríamos, o que?
Ele fez uma falsa expressão de pensativo.

- O que você quiser, querida Vere.
Ele ronronou.

Bufando ela se pôs no meio do quadrado que era o tatame de madeira. Ele fez o mesmo, tirando o casaco e mostrando por baixo da blusa, músculos fortes e poderosos. Limpando a mente, ela se colocou em posição.

- Agora, somos oponentes.
Exalando o ar ela atacou.

Trono De Fogo - Fragmentos De Chamas E AguaOnde histórias criam vida. Descubra agora