XXIII - Reizy

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  - Onde estão as suas armas, Rey?
  Ainda era de tarde, mas Belorian já gritava para todos ouvirem, ela estremeceu quando lembrou para que precisava de armas. Se endireitando ela ergueu o rosto, mas não o olhou, se fixou em uma arvore, certamente era melhor que vê-lo enfurecido.

  - Os pixies as pegaram.
Ele massageou as têmporas com os dedos, e bufou.

- Vai pegar. – ela não se mexeu com medo de sua reação, ele assumiu um tom assombroso de vermelho, antes de gritar novamente – Agora, Rey! Quero você aqui em 20 minutos!
Não esperou mais um de seus berros, passou em disparada pelas árvores, pulava quando tinha uma pedra, se abaixava para passar pelos galhos, e apesar de ter sido irresponsável, estar ali perseguido os malditos pixies, a deixava feliz. Como se pudesse não ser parte dos Dombralls, só fosse uma elfa qualquer, uma pintora, cozinheira ou professora. Mas, fazer parte daquele grupo recluso e respeitado foi o que fez ela ter uma vida pela primeira vez.

Perdida em seus pensamentos foi de encontro a um galho que lhe acertou o rosto e a deixou caída.

- Mas que droga.
Seu nariz doía, seu corpo agora estava cheio de folhas e terra, mas a risada baixa e histérica daquelas pequenas fadas traiçoeiras dava para ser ouvida a alguns passos de distância.

Ela se abaixou, até quase estar deitada no chão, seus movimentos eram suaves, quando viu o pequeno grupo de fadas com sua espada e seu bastão, os pequenos voavam a sua volta, pulando em cima e tocavam, como se fossem as joias mais preciosas que já tivessem visto. Esse era o passatempo dos pixies, pregar peças e atormentar a vida de todos os outros seres.

Com um pulo dela, eles se assustaram e saíram voando desnorteados, não conseguiu segurar a risada. Sua barriga doía quando finalmente parou e foi pegar as armas que estavam jogadas no chão. Assim que recolheu a espada, não conseguia achar o bastão, mas não tinha visto nenhuma fada o carregar.

- Não sei quem é pior, você ou os pixies.
A voz levemente grossa e acariciante, era como pluma, suave e macia, mas também era como as sereias que atraiam os fracos com suas canções só para afoga-los no mar.

- Não acredito que me compara aos pixies, Tyttar.
A elfa sorriu mostrando suas presas. A pele dourada estava encoberta pelo que só podia ser o vestido mais transparente que já havia visto, as pinturas em azul a deixavam maravilhosa, e seu cabelo que mais parecia favos de mel estavam presos como sempre enrolados em fios de ouro. Seus olhos estavam fixos nos dela e todo o ar parecia ter fugido de seus pulmões, quando eles se iluminaram como os primeiros raios de sol, brilhantes e quentes como ouro derretido.

- Ambos são travessos, gostam de armas e brilho, e são pequenos, então acho que você é um pixie.
Rey bufou, mas não conseguia ficar brava quando a elfa sorria daquele jeito, a fazia ficar mais inocente e suave, o que só aconteceu raramente. Como um gato ela andou por meio das folhas, tão suave que parecia estar flutuando.

- Ei, você é só dois centímetros mais alta que eu.
Tentou mudar de assunto, desviando o olhar para as folhas no chão.

- Ah, não fique brava Rey.
Ela ergue seu queixo até que ambas estavam se olhando, seus rostos a centímetros de distância. Seu perfume de jasmim e limão inundou seu nariz e a entorpeceu. Sua mão fazia pequenos círculos em seu queixo, e quando a outra que segurava o bastão tocou seus dedos, uma pequena corrente elétrica atravessou seus corpos.

- Eu...eu...
Tyttar deu um passo em sua direção, seu vestido farfalhava ao vento tocando a pele de Rey, ela sorriu do modo que estava se enrolando. Nunca fora de raciocinar muito antes de tomar alguma atitude, e com Tyttar fixando seu olhar em sua boca, logo seu lado lógico se perdeu.

Trono De Fogo - Fragmentos De Chamas E AguaOnde histórias criam vida. Descubra agora