Capitolo X

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"Não posso amá-la, isso seria uma tragédia... Me perdoe minha Tolomei. Não posso te amar nessa vida... Nós vimos o que deu na passada e se estiver acontecendo de novo, e te perder mais uma vez, pra depois eu ir junto? Que amor é esse? Que não pode ser vivido livremente? Que meus anjos te protejam."

— NANA! Que brincadeira de mal gosto é essa? - Acordei com uma carta ao lado da minha cama. E fui logo mostrando a ela...

— Não sei, me entregaram hoje cedo pela manhã. Do que se trata?

— É da Julieta... Veja o símbolo de sua família. -Comecei a deixar umas lágrimas escorrerem na própria carta... Nana toma a carta de minhas mãos.

Ela passou os olhos ficando surpresa, logo me olhou imediatamente.

— A Capuleto também corresponde da mesma aflição tua menina Tolomei! Não desista!!

— Se uma pessoa desiste, sem antes se entregar, sem antes tentar, como irei de ter forças para conquistá-la? Me diga! - Falei meio sem paciência.

— Você é uma Tolomei! Vai ter um baile à fantasia hoje pela noite na mansão dos Capuleto. Será sua chance menina! Ela só está com medo... Tire isso dela.

— Preciso ir pro curso... - Falei entediada.

— Está nos primeiros dias de aula, não precisa ir. Até porque a mídia vai estar em cima de você, irá te irritar. Caminhe um pouco na praia.

— Tem razão, já vou então...

— Te fará bem, agora vá tomar café. - Beijou minha testa.

Me arrumei, pensando nas palavras de Julieta, como as palavras dela mexeram comigo, desci na cozinha e só peguei uma fruta. Sempre gosto mesmo de caminhar para pensar, quando me encontro numa situação complicada.

— Aonde vai prima? - Me parou no meio do caminho, preocupado comigo. Eu estava muito distante.,,

— Caminhar na praia...

— Cuidado, ouvir dizer que os aliados dos Capuletos, os Varsini, estão rodando por aí, trazendo caos.

— Não vou sair em busca de guerra com ninguém, só quero respirar, porque há agora uma guerra dentro de mim!

— Como quiser... Mas leve essa arma, por prevenção. - Me deu um revólver com o brasão da nossa casa Tolomei.

— Obrigada pela preocupação primo. - Beijei a mão dele, e sorri. — Se você e vossos amigos quiserem daqui uma hora se encontrarem comigo lá para bebermos algo.

— Estaremos lá te fazendo companhia daqui uma hora.

Assim segui meu caminho, admirando, sentindo cada lugar que eu passava, o clima de Boston era agradável, ainda dava para se ouvir o som dos pássaros, eu estava de óculos escuros, e um chapéu, pra disfarçar minha aparência.

Fui chegando naquela imensidão de oceano, o cheiro de salinas do mar, penetrando nas narinas... Quanta grandeza posso enxergar com esses simples par de olhos.

— Julieta... Capuleto...- Sussurrei teu nome e nisso minhas lágrimas invejaram aquele mar todo, e resolveram desaguar de meus olhos, sem esforço algum.

Estava entre o calçadão e as areias, entregando minhas lágrimas ao vento e as areias, quando vejo homens com brasão da família Varsini, dando em cima de uma mulher, na verdade assediando, pegando no braço dela com certa rudez...

Não aguentei ver aquilo, e fui lá sem pensar duas vezes.

— EI ! Deixem essa moça em paz!

— E quem é você? Pra nos dizer algo? Quer também um pouco de diversão? - Começaram a zombar de mim.

Nisso, tirei meu óculos e meu chapéu da cabeça. Eles se afastaram na hora.

— A Tolomei da televisão! - Arriscou dizer um deles, que estavam em três.

— Eu também quero diversão... - Apontei meu revólver revestido a ouro branco, com o Brasão dos Tolomei a eles. Sorri insanamente. - Vai, sejam bons meninos e deixem a moça, e brinquem agora comigo.

A moça me olhou em lágrimas, e beijou minha mão.

— Obrigada senhorita Tolomei, obrigada. - Dizia isso beijando minha mão pela segunda vez. — Devo-lhe minha vida.

— Só fiz o que precisava ser feito, odeio homens machistas! - Disse encarando eles. — Agora vá. - Sorri a ela, e encarando eles.

— Senhorita Tolomei nos perdoe... Não irá se repetir. - Vi que estava blefando, forçando simpatia.

— Se repetir, estará travando uma guerra comigo! - Quando dei as costas, um deles ia me golpear por trás, mas, fui mais rápida e desviei. — Como ousa me atacar pelas costas?!

Torci o braço de um deles, até quebrar o braço, e finalizei dando um chute na cara, o deixando desmaiado no chão. Os amigos dele foram socorrê-lo, e me olharam com ira. Eu ainda cuspi neles.

— Alguém mais, ousa me enfrentar pelas costas? - Sorri de lado com um olhar sério.

— Vai pagar caro por isso! Sua...

Apontei minha arma, e a imprensa mais a polícia já estavam se aproximando dali.

— TOLOMEI! LARGUE ESSA ARMA AGORA!

— Já estava de saída senhor... - Olhei pro policial rindo, ele olhou pro cara que estava desmaiado no calçadão da praia.

— O que houve aqui? - Perguntou a mim, em invés dos dois patetas.

— Pergunte a eles... Estavam tentando abusar de uma pobre moça, por sorte eu estava aqui.

Ela sussurrou pra mim ao ouvido...

— Sou uma mulher eternamente grata a ti... 

Quando me distraio, vejo a moça pular em meus braços, e a imprensa acaba pegando esse momento.

— A senhorita Tolomei me salvou! - Me roubou um beijo no rosto.

Eu a tirei imediatamente de mim, e tentei fugir dos flashes das câmeras.

— Tolomei e seu encontro com sua maior inimiga, a senhorita Capuleto, é verdade que tiveram um affaire entre você e a Capuleto?

— Com licença, preciso ir... Com licença! - Fui empurrando eles de perto de mim. Quando a moça que salvei, vem e caminha ao meu lado.

— Tolomei... Como devo te recompensar? Não vai nem perguntar meu nome?

— Me recompense sendo mais comportada comigo, por gentileza... Até mais senhorita.

Ela ficou sem resposta, mas, precisei falar assim, não queria alimentar alguma esperança nela, e sei que queria se aproximar só para ganhar fama. Só via a imprensa querendo vim atrás, mandei um dedo pra eles todos, quando já estava um pouco longe do calçadão.

— PARASITAS! - Falei meio aborrecida e acabei rindo de tudo isso que me aconteceu.

Depois pensei, o que Julieta vai pensar disso tudo? A mídia com certeza irá inventar que estou de caso com essa mulher atirada! Dio santo! E agora?

AS JULIETASOnde histórias criam vida. Descubra agora