Capitolo V

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Ele beijou minha mão, e se retirou, quase me levando até a porta da minha sala. Quando entrei na sala, uns minutos atrasada, já levei bronca do professor.

— Mas que grosseria! No primeiro dia chega atrasada, qual é o seu nome?

— Qual é o meu nome... Professor?! Não me reconhece de algum lugar? - Zombei. 

— Sim, você pensa que sou o que? Adivinhador? Está sendo engraçadinha demais...

Ele riu e alguns também, dei uma risada baixa e discreta, dando um sorriso torto e logo disse.

— Eu sou a Giulietta Tolomei... - Sorri vitoriosa.

O professor parou de rir na hora, e a sala se calou... Ele levantou da mesa e veio me cumprimentar.

— Seja bem-vinda senhorita Tolomei, peço humildemente perdão!

— Tudo bem... O que o dinheiro e a reputação não faz, não é mesmo? Se fosse um aluno qualquer, te daria então o direito de tratá-lo daquela forma ríspida?

— Não, de forma alguma... Peço desculpas pela forma que falei anteriormente com você.

Sorri triunfalmente a ele, e me sentei na frente, pra poder prestar atenção melhor nele, que se achou a autoridade aqui logo de cara comigo.

Os minutos foram passando e eu até que estava gostando da aula, fazia mesmo o meu tipo, e já me mostrei muito fluente no assunto, o professor me adorou depois de saber o meu nome, e ficou todo sem graça quanto a minha resposta direta de antes... Quem fala o que quer, ouve o que não quer, não é essa lei? De toda ação tem sua reação! (Risos)

O intervalo foi sinalizado, era-se de meia hora, já que por ser período integral... Eu até que tentei me socializar, mas, achei as pessoas muito diferentes de mim, creio eu, por meus costumes serem italianos, não sei, pois quase todos daqui, são de famílias ricas então são de mesma classe do que eu, mas, me sinto ainda assim, solitária.

Decidi ir para biblioteca ler alguns livros, sobre a nossa família e a maldição... E achei um livro chamado "Julieta", e comecei a folhear... Contava uma outra versão da nossa história, usando um sobrenome parecido com os do Tolomei... E fiquei muito focada no enredo, que nem percebi aproximação de uma moça ao meu lado.

— Posso me sentar com você? Sou nova aqui... E me senti meio perdida nesse lugar... - Não tinha ainda olhado diretamente a ela.

— Claro, sente-se, fique a vontade... Tens um sotaque absurdamente italiano, é de qual cidade?! - E quando reparei seu lindo sotaque, levantei da cadeira e meus olhos foram de encontro aos dela, e puxei uma cadeira na hora pra que a moça sentasse perto de mim. Que mulher de beleza exótica era aquela!

— Si, sou da Itália, e pelo visto você também é, dificilmente encontrar italianas aqui nessa Universidade. O que está lendo? - Tocou no livro que eu estava atenciosamente lendo, sua voz era suave demais, quase congelei aquele momento.

— A história de Romeu e Julieta... Como as pessoas gostam e se intrigam com essa história, e quando souberem, que não foi Shakespeare quem a escreveu? Quando o mundo souber... Será uma catástrofe mundial...

— Eu sou apaixonada por Romeu e Julieta... Tenho uma ligação imensa com essa história, as palavras detalhadas da qual expressam suas emoções de amor em cada parágrafo, me deixam sem fôlego. Desde pequena minha mãe a lia para mim a história mais trágica de amor.

— Finalmente uma pessoa do mesmo gosto que eu! Também tenho uma ligação muito forte com essa história imortalizada por um Conde inglês que preferiu usar um simples ator de teatro pra tomar à frente suas obras magníficas de amor, a senhorita me parece saber muito também de romances. Se permite perguntar, gostarias de mais tarde andar à cavalo comigo? Sei que te conheço em apenas alguns instantes... Mas...

— É claro, eu adoraria... Eu amo cavalgar, me faz se sentir mais próxima do céu, e da liberdade. Sonho com a liberdade... Tenho tantos sonhos. Pena não poder realizá-los... Tão rapidamente assim. Gosto de gente aventureira! - Segurei na mão dela, pois percebia que ela se sentia presa em algo.

— O que há senhorita? - Olhei para teus olhos tristes... Quem diria, eu toda indelicada, se mostrando sensível a essa moça encantadora, que mal conheço.

— Deixe pra lá... Não quero te atormentar com meus pensamentos caóticos, me fale mais do que sabe sobre a história de Romeu e Julieta, gosto de ouvir histórias impossíveis de amor... - Apoiou seu queixo em sua mão, me olhando e esperando carinhosamente eu falar algo.

Eu havia me encantado por ela, que moça terrivelmente simpática e linda... Tinha uma beleza rara. Ficamos conversando tanto, que perdemos a noção do horário... E até esquecemos de perguntar uma a outra o nome (Risos).

AS JULIETASOnde histórias criam vida. Descubra agora