Capitolo XVII

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(Julieta Capuleto Narrando):

— Ela virá esta noite? Eu... Não sei se devo ver essa mulher mais.- Olhei pela varanda ansiosa, porém, com certo medo.

— Eu pedi que ela viesse... Precisam conversar. Giulietta é uma grande mulher e muito respeitosa.

No instante que conversava com a minha babá, meu primo chega risonho, como se tivesse aprontado uma. E logo estranhei.

— Nos deixa a sós, preciso falar com minha prima... - Falou meio grosseiro a ela, espero que seja algo importante para chegar assim.

— O que quer primo? - Cruzei os braços, estando meio fechada com ele.

— Me vinguei por você... Acabei com a Tolomei. - Riu, acendendo um cigarro.

Eu o encarei enraivecida... E meus olhos arregaralaram imediatamente. Meu coração chegou a doer.

— SEU TOLO! PERCEBES O QUE ACABA DE FAZER?

— Ela está viva... Só dei uma lição nela, quem vai morrer será o primo. - Pus as mãos na boca assustada com a tranquilidade da qual ele falava. — Veja...

Ele me mostrou vídeo se sentindo um Deus, todo orgulhoso pela surra que deu na minha pobre Giulietta, segurei mais uma vez minhas lágrimas nos olhos, fingindo não me afetar com a surra que havia dado nela na rua, e perguntei... Meio trêmula na voz.

— Você... Percebeu que ela não se defendeu? - Meus punhos se fecharam.

— Não estou nem aí... Ela facilitou o trabalho pra mim.

— Foi um covarde primo! Me desapontou. Não quero você se intrometendo mais, agora saia daqui! Manchou nossa reputação. Graças a você, teremos agora uma guerra.

— Me perdoe minha amada prima... Mas você sente algo por essa Tolomei? - Me olhou estranhamente.

— Como ousa dizer isso? Tenho compaixão pelos outros.... E eu irei me casar!

— Espero mesmo ser esse sentimento que sinta por ela, pois, se o seu pai descobre que tens uma filha lésbica, você morre.

— Agora vá... Por favor!

Quase me desmanchei em lágrimas na frente do meu primo Ulisses, como ele pode ser tão cruel?

— Minha menina! Eu ouvi tudo... Sinto muito. - Ela me abraçou forte, e nisso consegui chorar em paz.

— Estão querendo minha morte, só pode! Mas preciso me manter forte pra minha Giulietta, será que ela vem?

— Ela é uma mulher forte... Virá sim, cuide dela.

— Cuidarei como se fosse minha esposa... Preciso ir à capela rezar.

— Vá... Te fará bem. - Enxugou minhas lágrimas e beijou minha testa.

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(Giulietta Tolomei Narrando):

Era entardecer...

— Agora o mundo todo viu minha humilhação! Viram que não anseio por guerra e sim eles! Mesmo derrotada, eu sou vitoriosa.

— Você é sábia minha senhora... Não devia se esconder, seus pais devem estar preocupados. - Disse meu motorista.

— Obrigada por me esconder na sua casa. Preciso que me leve até a mansão Capuleto.

— Não está em condições... Vai pro lugar onde quase te mataram? Apesar da senhora ser muito dura na queda, mas, não é feita de aço.

— Há uma pessoa que não deseja minha morte lá... Preciso vê-la..

Dizia eu, com dores musculares extremas, ferimentos no rosto, braços e boca.

— Seu pedido é uma ordem.... Irei te ajudar.

Ele foi me carregando até o carro, e fomos a caminho da minha amada. Espero que ela ainda deseja me ver. Enquanto o carro seguia, meus pensamentos estavam confusos demais, um desespero me dominava por dentro, e ao mesmo ansiedade... O que irá acontecer com nós?

— Senhorita Tolomei... Não posso ir muito perto, senão irão suspeitar, você sabe o que fazer, te deixo por aqui.

— Obrigada por ser meu segredo. - Saio do carro andando com certa dificuldade.

Já estava praticamente de noite, só se via vestígios do sol se deitando... Pra que a lua pudesse "nascer".

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