Capitolo IX

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(Julieta Capuleto narrando):

— Ulisses meu amado primo.... Quem tem ódio a eles, são vocês! Não eu!

— Não me digas que...

— Não ouse insinuar... Amado primo, não se precipite com pensamentos tão irreais, mas, talvez... Poderíamos ser amigas.

— O que seu pai irá dizer? Ele com certeza viu vocês fugindo, aquela imprensa desgraçada filmou tudo! Irei protegê-la. - Beijou minha mão, e chegamos ao meu "calabouço."

Subo correndo rumo ao meu quarto e tranco a porta com certa inquietação nas mãos, meu quarto um lugar sagrado, pude enfim me libertar das lágrimas que não permiti sair de mim... Fui parar à minha varanda. Mas, minha vontade era de ir a capela e pôr minhas preces em dia..

"Um destino que volta a se encontrar, está repetindo a tragédia?!! - Olhei as estrelas lá fora, só elas me entendem nessa prisão, que chamam de fortaleza.

— Juuuuulietaaaaaaaaaa! Juuulietaaaa Capuleto!

Era a minha babá, eu a considerava como a minha mãe, e quantas vezes vou ter que lembrá-la, que não tenho somente o sobrenome Capuleto. E, meu nome todo é, Julieta Capuleto Gilardini...

— O que lhe atormenta, minha doce signora? - Fui destrancando a porta, enxugando os vestígios de lágrimas em mim e cheguei falando baixinho, quando eu abri a porta de encontro a minha babá. — Seu pai disse que irá dar um baile à fantasia aqui na mansão Capuleto.

— Mas... E sobre hoje, meu terrível encontro com uma Tolomei?! Me conte!

— Ele disse que você não tens culpa, afinal... Sempre te aprisionaram, vivendo como uma fugitiva. Assim como a bonitona da Tolomei, não sabia quem eras você.

— Ahhh querida Celestina... Como ela é divertida, aquela voz dela ainda ecoa nos meus ouvidos, isso é um pecado?! - Falo com certa preocupação mesmo me sentindo alegre...

— Amore nunca é pecado minha menina... A Tolomei mexeu com seu coração, não foi?

— Foi espontâneo... Por que logo ela? Sofro em menos de vinte e quatro horas, por ter cruzado meu olhar ao dela. Queria tanto...

— Tanto... O qué? - Me olhou curiosa e eufórica.

— Receber cartas dela... Com seu perfume, ou, vê-la galopando majestosamente com aquele ar elegante dela, vê-la... Mais uma vez, pra que pudesse crer que nada disso foi um sonho.

— Menina... Estás apaixonada por uma Tolomei, cujo os ancestrais... São os Montecchios! Isso é um sinal da santa madre! - Ajoelhou-se no chão agradecendo a santa que havia na penteadeira do meu quarto.

— Pare com isso... Não sei o que sinto exatamente... Mas, me faz se sentir viva e eu me sinto tão bem. - Sorri olhando pro céu lá fora. — Será que pensas em mim?

— Então é amore.... Só o amore tem o poder de dar essas sensações, menina Julieta. Como fico feliz, por enfim cair esse milagre nessa família. Ela deve pensar menina, deve pensar. Agora durma... Com os anjos.

— Queria dormir aos braços dela... Não iria me importar de ficar aos braços da minha inimiga por todas as noites.

— Terás bons sonhos hoje... - Ela beijou minha testa e sorriu.

— Celestina! Terá que me ajudar a se encontrar com minha querida Tolomei... Tenho certeza que irão pôr barreiras entre nós.

— O que tem em mente?

— Meu pai me tirar da Universidade... Só me colocou lá, para competir com os Tolomei. Descobri depois, através do meu primo, só fui uma peça no tabuleiro do jogo do meu pai, estou farta disso!

Comecei a chorar, e minha babá me acalentou, como queria que fosse a minha Tolomei, pegando em minha mão mais uma vez e perguntar: "O que há contigo senhorita?" Com aquele olhar penetrante e preocupado, só por perceber tristeza na minha forma de falar.

Essa noite, será longa... Não irei conseguir dormir, não com a minha bela Tolomei, invadindo com tanta frequência meus imaturos pensamentos...

AS JULIETASOnde histórias criam vida. Descubra agora