Capitolo XIII

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— Eu... Não sei do que você está falando, e o que faz aqui senhorita Tolomei? Não deverias estar pisando aqui! - Caminhou ao meu redor olhando pro chão e depois me encarando séria.

— Te causei algum desconforto minha senhorita? Se for... Me retiro agora.

Fui me afastando dela, quando Julieta me pega pelo braço, e me encosta num labirinto vago, um pouco longe dali do centro do jardim.

— O que você quer de mim, Tolomei? - Me olhou firme, seu olhar demonstrava um certo rancor. — Me usar?

— Não acredito que ouvi isso! Eu sou uma mulher de valores, como ousa dizer isso?

— Eu sei quem você é... Sua família...

— Não ouse falar da minha família, pois também sei dos podres da sua!

— Você está na minha casa! E acha que tens o direito de me destratar assim?

— Acho! Pois me ofendestes primeiro, senhorita!

— Quer guerrear comigo aqui, é isso? - Me olhou irritada. Quase que bufando de raiva.

— Pensei que era uma moça... Delicada... E sensível! - Zombei, me divertindo com a situação.

— Tenho que saber me defender... De pessoas como você! - Julieta pegou duas espadas que havia no jardim em duas estátuas.

— Com espadas? Sempre sonhei com isso... Duelar com a senhorita Capuleto! - Dei um risinho. E ela me jogou a outra espada. Atitude inesperada...

— Ah, então sonhou com meu sangue derramado, sua Tolomei canalha?

Tentou me golpear com sua espada seguidas vezes... E eu desviei de todos eles no final dando um sorriso malicioso.

— Antes de conhecer você sim... Agora sonho em dormir com um beijo teu senhorita... - Tirei minha máscara de gavião, encarando-a séria, respirando forte pelos desvios rápidos que tive que fazer para não perder minha cabeça pra essa bela Capuleto.

Ela suspirou forte, quase até fechou os olhos... Suas mãos tremeram ao me ver sem a máscara, e largou a espada. Ficou me olhando por uns instantes...

— O que queres realmente de mim? Vingança?

— Se eu sonho com um beijo teu... Achas mesmo que isso é uma vingança em nome de uma praga de família?

— Vai embora por gentileza...

— Nossa quanta educação para me desejar ir embora... Não vou ganhar permissão para beijar sua mão?

— Não vai ganhar nada de mim! Só meu desprezo... Sabes muito bem que isso não pode acontecer! Você é uma sanguinária Tolomei...

— Como eu sabia que você iria reagir assim... Te escrevi isso. Guarde em seu coração. Eu fui ameaçada pelos seus aliados senhorita, então será melhor mesmo não me envolver com pessoas como você. - Dizia entregando nas mãos dela minha carta de amor.

— Ameaçada? Por ter defendido minha prima?

— Ela é sua prima?! - Fiquei surpresa.

— Sim... E eu vi o clima entre vocês.

— Ela que...

— Eu sei... Te pegou desprevenida. Agora vá! Devem estar me procurando... - Me olhou inocente.

— Me permita? - Pedi sua mão.

— Sim... - Beijei levemente a mão dela, como era macia, e beijei segurando alguns segundos meus lábios ali.

— Tenha uma boa noite minha bela inimiga... - Sorri de lado, e ela retribuiu.

— Vou com você até o seu cavalo. - Soltei minha mão da dela, e ela segurou novamente ao terminar de falar que queria me acompanhar, meu coração descompassou...

— Não se incomode! Tens a festa pra apreciar...

— O que será dessa festa sem teus olhos para eu apreciar durante a noite?

— Não digas isso... Senão ficarei a beijar sua mão a noite inteira só para não ter que ir embora...

— Fique essa noite comigo... Apreciando as estrelas comigo na minha varanda do quarto...

— Ouso em dizer... Que eu te faria chegar nelas minha senhorita... - Julieta corou de vergonha, e que coisa mais linda a cor de sua timidez.

— Que modos mais... Inapropriados a se dizer a mim, senhorita Tolomei. - Sorriu de lado.

— Peço desculpas... Eu iria te arrancar essas flores, mas, prefiro deixá-las ali, e lembrar-se de mim sempre que vê-las...

— É uma maneira mais bonita de lembrar de você... Afinal se arrancá-las, morrerão... Preciso fazer uma coisa..

E sem esperar eu responder, ela me toma aos seus lábios bruscamente, mostrando ter uma habilidade única na sua língua devoradora de almas... Que me fez se afogar em seu beijo intenso, minhas mãos firmaram em seu corpo, um calor nos fez subir a cabeça, as mãos dela foram parar no meu rosto, e minhas mãos das costas, foram parar em seu traseiro, e ela permitindo esse fogo em nós.

— JULIETAAAAAAAAAA!

— Ai não... Quanta pertubação! Espere-me aqui minha Tolomei... - Disse alegremente, se afastando dos meus lábios e se limpando do beijaço também que dei nela.

Ela correu até a voz que a chamava, e meu primo e sua turma surgem do nada no jardim.

— PRECISAMOS IR! Descobriram nós! Temos que sair por aqui! E rápido!

— Mas eu preciso ver Julieta!

— Não, não precisa! Venha logo, sua trouxa apaixonada! 

Fui quase carregada dali, pulamos a grade do jardim dela, e os guardas nos viram...

— VEJAM SÃO OS TOLOMEI! - Gritou um dos homens dos Capuletos...

Enquanto eles fugiam no carro deles, eu fiquei colada na grade na espera do retorno da minha senhorita. E ela veio correndo ao ouvir as gritarias em uso do meu sobrenome. Sorri de longe, com meu rosto quase entre as grades que dava pro jardim dela. Ela me mandou um beijo de longe, estando preocupada comigo e mandou eu me apressar pra fugir, e eu lá estava a sorrir igual uma criança boba...

— Minha Julieta... Sonharei com esse beijo ardente que queimou minha alma... - Sussurrei ainda a olhá-la de longe, ela acabou abrindo a carta naquele momento, e seu sorriso foi o motivo pra me fazer partir em paz com meu cavalo, antes que cortassem minha cabeça fora, o amor nos dá uma coragem absurda... Quase que maluca, eu diria (Risos).

AS JULIETASOnde histórias criam vida. Descubra agora