15.

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- Meu nome é Miranda.

- Você não deve deixar ninguém dizer quem você deve ser.

- Se cuide.

- Eu te amo Jack.

Kline lembrava do sorriso de Miranda no hospital e das lágrimas de sua mãe no vídeo. Eram flashs na sua cabeça que estavam o fazendo mal.

Agora ele se encontrava novamente no terraço da agência, ele não queria falar com ninguém dali de dentro, não queria ver ninguém... A não ser uma pessoa que o entendesse.

...

- Qual seu nome por favor?

- Belphegor.

- O Jim está no quarto. - Um dos médicos liberou Jack para ver Jim.

Ele chegou na porta e o viu pintando um quadro.

- Oi Jim. - Mason viu Jack e sorriu para ele largando o pincel na escrivaninha perto dele.

- Jack! - Eles se abraçam.

- Tudo bem?

- Bem dentro do possível. E você, tá todo quebrado, cara o que seu pai... - Ele parou quando viu o braço do amigo com pontos feitos. - Jack... O que você fez?!

- Nada! Foi um acidente! Eu juro, era pra ter sido só um, um corte... Eu tô bem. - Jack gaguejou entre suas mentiras.

- Kline, eu tô aqui a uma semana, e eu tenho uma noção do que é ruim, que no caso, é sua definição agora. Mais que ruim na verdade, Jack, aai.. - Jim claramente preocupado com Jack começa a passar a mão no rosto imaginando o que mais Nick poderia fazer.

- Ei, eu não vim aqui pra falar de mim, eu quis vir aqui falar com você sobre você. - Jack por um segundo antes de entrar no hospital pensou em desabafar com Jim, porém mais uma vez ele ativava seu escudo e mantia seus sentimentos guardados para si, os protegendo como a coisa mais valiosa que tinha dentro de si.

O que não era mentira, uma das coisas mais puras dentro da sua alma, eram seus sentimentos.

E nunca, em nenhuma hipótese se deixaria exposto, para ninguém, os sentimentos eram dele, e apenas dele. E sempre estariam seguros apenas com ele.

Machucava fazer essa escolha, e machucava não poder falar isso com alguém.

Mas essa era sua escolha.

- Então, tem mais dessas? - o loiro apontava para o quadro andando em volta do quarto.

- Tem, tem sim. Aqui. - Jim mostra os quadros do lado da cama.

Um deles em específico chamou a atenção de Jack, que eram olhos, vários tipos deles, castanhos, pretos, azuis, verdes, mas todos eles pareciam ser olhos cansados, vermelhos, com olheiras, vermelhos.

- E aqui descobrimos um talento de Jim Manson, cara isso é muito bonito.

- Valeu, eu tenho que fazer alguma cosa né.

- Você vai embora com a sua irmã mesmo quando sair daqui?

- Vou. Vou sentir saudade daqui, mas, eu com certeza vou voltar aqui. Eu me sinto meio abandonado... Sei lá.

- Eu te entendo, acredita em mim.

- Bem, meu pai se mandou com a nova família, minha mãe negligente com a própria saúde mental deve tá no país das maravilhas e eu aqui. Pelo menos eu tenho vocês, que é o suficiente.

- Eu digo o mesmo. Foi bom te ver Jim.

- Aí, quando eu sair daqui, eu quero ver você inteiro, e vivo Okay?

- Okay... - Jack desviava o olhar de Jim, alternando entre olhar para os pés ou para as paredes.

- Tchau loirinho. - Jim se inclina e abraça Jack, e sente o corpo gelado do amigo. Jack vira as costas e sai do quarto de Jim.

Voltando para casa.

"Casa".

Ele subiu para o quarto e juntou os cacos de vidro do chão, e os jogou fora junto com o pano que usou para estancar o sangue. Sentou-se na cama e sentiu seu estômago revirar. Jack não comia muito, isso explicava o quão magro estava, não comia porque sempre que comia algo tinha vontade de colocar tudo para fora. E nesse dia, no qual não comeu nada, ele foi correndo ao banheiro ao perceber o refluxo, e vomitou bile.

Ele se encostou na privada e abaixou a cabeça.

Entrou no banho e sentou no chão sentindo a água gelada fazer seu corpo se arrepiar. Olhava para o mármore cinza e sentia a sujeira da sua alma descendo e indo embora no ralo.

Enrolou a toalha na cintura e começou a escovar os dentes.

Entrou de novo no quarto vestindo uma camisa preta de mangas compridas, uma calça jeans preta e colocou uma pulseira que não usava a anos, mas que esconderia os pontos feitos pela infermeira. Foi a janela e começou a fumar, e pensar em tudo.

Em como se sentia perdido, que não tinha de fato um propósito, como ele gostava de viver mas ao mesmo tempo não... A sua mente era o lugar mais bagunçado em que ele já esteve.

Então, como todos aqueles pensamentos gritavam e ecoavam, ele resolveu anestesiar a dor intensa que era se sentir culpado.

Dimorf.

- Toda vez que você se sentir livre, essa será eu te amando.

The other night, dear, as I lay sleeping
I dreamed I held you in my arms
When I awoke, dear, I was mistaken
So I bowed my head and I cried

- Corações partidos se curam.

You are my sunshine, my only sunshine
You make me happy when skies are grey
You'll never know, dear, how much I love you
Please, don't take my sunshine away

Boa noite Jack.

||Jack addiction||Onde histórias criam vida. Descubra agora