6 - Interesses

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Apesar de ser uma fic com capítulos curtos tá me dando mais trabalho que as outras porque não consigo trabalhar com poucas palavras.

Felizmente como escritora quero me aprimorar e desafiar a minha própria capacidade, então vou seguir na luta.

Obrigada pelos comentários, eles me ajudaram a criar esse capítulo.

O cemitério de barcos era um local inóspito, excelente para um encontro entre amigos

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O cemitério de barcos era um local inóspito, excelente para um encontro entre amigos.

Se bem que ultimamente Bakugou não sabia dizer ao certo se a relação entre ambos era uma amizade ou não. Poderia parecer, afinal eram de espécies diferentes, então não haveria uma atração verdadeira entre eles, certo? Eijiro, no entanto, parecia agir de maneira diferente, um tanto interessado demais, de um jeito suspeito.

Bakugou poderia dizer que isso era algo repentino, afinal eles se conheciam apenas há duas semanas e, apesar de se encontrar todos os dias, não tinha como ele estar confundindo as intenções.

O tubarão era uma companhia tranquila e agradável, e, apesar de ser um tanto lerdo em pensamento era ágil e possuía um instinto aguçado.

Nadavam por entre os destroços, entrando nas câmaras e fuçando aleatoriamente nos objetos que encontravam. Não havia verdadeiramente algo de interessante naqueles navios, eles estavam ali há séculos e pouco havia sobrado de sua estrutura para permitir uma avaliação mais profunda. Era arriscado demais tentar entrar nas câmaras mais afastadas por conta do estado avariado do navio então eles permaneciam a maior parte do tempo entre o convés e partes superiores.

— Sabe, eu achei que você ia me devorar quando nos encontramos a primeira vez — Katsuki brincou, observando o tubarão dar voltas no mastro do navio afundado.

— Eu sei, deu pra ver na sua cara — escapou de um soco, esquivando para o lado enquanto ria— Não foi minha intenção, na verdade não me interesso muito por isso.

A maneira como rapidamente se tornaram amigos era quase surreal, ainda que Kirishima parecesse ter outras intenções.

Mesmo assim eles não conheciam muito da vida um do outro, preferindo gastar o tempo juntos com conversas informais e triviais, ainda que, nos últimos dias, Bakugou tem demonstrado mais interesse sobre a cultura dos tubarões, sobre a qual pouco conhece.

— Então você não come carne?

O olhar de Eijiro desceu sobre ele como se tivesse nascido mais um braço em sua cabeça.

— O quê? Não, não é nada disso — refutou prontamente — É claro que eu como carne, como não poderia se sou um predador?

Por algum motivo Bakugou realmente se sentiu tolo por ter cogitado tal possibilidade, fazendo o máximo possível para não transparecer.

— Então porque não me atacou? Não pareço apetitoso por acaso?

A brincadeira fez Eijiro se aproximar dele e por um momento o coração do loiro gelou com a maneira como ele  o fitava.

— De uma maneira diferente, eu diria. — sussurrou de modo rouco em seu ouvido.

O olhar despudorado e a maneira sacana com a qual o tubarão proferiu cada palavra, como um convite deixou Bakugou sem jeito e automaticamente irritado por ter sido pego pela atuação dele.

— Como se fosse possível, nem brinque com isso, idiota — afastou-se dele, nadando em outra direção para esconder as bochechas vermelhas.

Eijiro nadou alcançando-o em questão de segundos e segurou sua mão para que ele não se afastasse mais.

— Não precisa ficar com vergonha, foi apenas uma brincadeira.

— Quem disse que eu estou com vergonha?! Agora me solta, seu predador desmiolado.

Eijiro riu exibindo suas presas e as batendo umas contra as outras na intenção de provocá-lo.

— Quer saber porquê eu não te devorei naquele dia? A verdade é que eu não gosto de comer as presas que podem falar, entende?! — continuou explicando — Não gosto de ouvi-las gritar e suplicar pela vida, faz eu me sentir mal.

Bakugou o encarou aturdido.

— Quer dizer que você é um tubarão mais sensível?

— Talvez, mas nem sempre eu fui assim.

Havia um ar tristonho em torno do tubarão enquanto ele se ocupava em descascar o resto de tinta do cesto da gávea.

Katsuki sentiu que ele ainda tinha coisas a falar então permaneceu em silêncio.

— Quando eu era pequeno eu era como os outros filhotes, caçava os filhotes de outros peixes e achava divertido vê-los se contorcer de pavor. Eu tinha sido ensinado assim e cresceria desse jeito se não tivesse conhecido o Tetsu, ele era como você, só que a cauda era prateada. A gente brincava bastante no coral, longe dos outros, e eu passei a gostar tanto dele que não conseguia mais me divertir com os outros filhotes de tubarão quando saíamos em caçadas — deu uma pausa — Um dia ele não voltou ao coral, e eu fiquei preocupado, pensando que ele tinha se machucado até ver o Monoma se gabar porque tinha encurralado e devorado sozinho um filhote de peixe de cauda prateada. Eu não teria acreditado se ele não tivesse usando uma das barbatanas do Tetsu. Fiquei furioso com ele e nós brigamos feio porque eu queria de volta o meu amigo.

— Por isso que hoje você não mata os outros peixes?

— Só me alimento dos que não falam, e pra mim tá ótimo. Quando eu vi você no Recife aquele dia me lembrei só Tetsu e resolvi te ajudar.

O silêncio contemplativo caiu sobre ambos e Katsuki olhou para ele de um jeito diferente.

Talvez ele realmente não fosse tão estúpido assim.

Eijiro tinha um coração valioso e isso era um charme que atraiu Bakugou mais do que gostaria de admitir.

Impulsivamenge se aproximou e, antes que o tubarão pudesse ter alguma reação, o beijou na bochecha de maneira suave.

— Obrigado por ter me salvado.

Os olhos de Eijiro estavam tão arregalados que pareciam que iam cair a qualquer instante. Ele tocou suavemente a bochecha, encarando o loiro com o olhar aparvalhado.

— D-De na-nada. — engasgou a resposta, a boca se movendo sem muito controle, como se o maxilar estivesse solto.

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Inferno que eu acho que é mais difícil do que supus. Cheguei a 917 palavras, vou acabar não conseguindo manter abaixo de 1k.

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