Ok, foda-se, talvez eu tenha conseguido espremer o meu cérebro e escrever mais um capítulo apesar de ter dormido umas três vezes durante sua criação.
Enjoy, my babys. O sexto e último capítulo por hoje
Essa era a sensação de ser encurralado e devorado? Sentir sua existência se esvair lentamente junto a consciência? Perder a capacidade de compreensão do mundo ao redor enquanto sente a carne arder?
Katsuki não queria morrer, não se sentia preparado.
Maldito foi o momento em que foi tolo o suficiente para adentrar no território inimigo tendo apenas a ansiedade como bússola. Não era uma criança, bem poderia ter se prevenido, pensado ao invés de agir de maneira estúpida e apaixonada.
Doía tanto...
Sentiu a mandíbula presa em seu ombro abrir levemente e a pressão causada pelos dentes arrefecer quando eles se afastaram da pele, provavelmente os segundos que o tubarão levaria para ajeitar o encaixe e potencializar a mordida que arrancaria parte de seu braço.
Todavia a segunda mordida não veio e a pressão em sua garganta diminuiu, até libertá-lo de vez, passando para um dos braços. Bakugou engasgou sentindo as guelras novamente trabalharem e levou incríveis segundos para ousar abrir os olhos uma vez mais.
— Que merda é essa? — Monoma indagou — Por que você cheira a um de nós?
A confusão era perceptível nos olhos do tubarão, mas Katsuki não conseguiu focar em sua face por muito tempo, virando a cabeça para escapar da visão da boca ensanguentada dele.
Seu sangue pontuando os dentes daquele desgraçado.
Desejou que ele apenas terminasse logo para não sentir mais dor, nem ter que viver a sensação incapacitante de não poder se mexer, já que os braços do infeliz eram fortes como rochas e mantinham preso contra a parede.
— Hm, Monoma, acho melhor ou você se apressar — o outro tubarão declarou, a voz um tanto nervosa.
— E porque eu... Droga. — xingou baixo ao virar o rosto.
Em um último clarão de coragem, Katsuki abriu parcialmente um dos olhos, vendo uma figura se aproximar ao longe. Não, na verdade não era apenas uma, mas três e vinham agilmente.
— Monoma... — novamente o chamado, mais ansioso dessa vez.
— Eu já entendi, merda... — ele parecia descontente e frustrado enquanto decidia o que fazer —... Só preciso de mais alguns segundos e...
— Cara, não dá! Você tá vendo quem tá vindo ali?!
— Silêncio, merda, eu sei!
— Então vamos logo!
— Esse desgraçado me mordeu, merece morrer.
— E você vai fazer isso na frente dele? Tá louco, lembra do que houve da última vez? A surra que ele te deu
— Cala a boca, não precisa falar isso!
Mesmo quase inconsciente pela dor que repuxava os músculos de seu ombro, Katsuki conseguiu entender o pavor na voz de cada um dos dois.
Eles tinham medo do Eijiro, do seu Eijiro carinhoso que chorava vendo nascimentos de focas bebê e trançava pulseiras delicadas com algas e pedras coloridas.
Um sorriso fraco e zombeteiro enfeitou seus lábios, marcando uma linha tênue e agitada. De repente sentiu uma necessidade enorme de debochar da situação, sem se importar se era idiotice ou não.
— Pensei que ia acabar comigo, o que foi, ficou com medo?
O tubarão o encarou como se Eijiro houvesse o esbofeteado.
— Pode se considerar sortudo, seu desgraçado, mas isso — apontou para a mão machucada — Isso aqui vai ter volta.
— Uma mordida por outra, acho justo — Katsuki mostrou o ombro com um fraco balançar.
O tubarão olhou mais uma vez para trás antes de se afastar, seguindo o amigo que já estava alguns metros a frente.
— Apenas aguarde. — ameaçou pela última vez.
Katsuki apenas se dignou a erguer o dedo médio em resposta, mantendo o fraco sorriso no rosto, satisfeito por eles temerem Eijiro e não desejarem um confronto direto.
— Suki!
Todos os demais pensamentos foram varridos da mente de Katsuki ao ouvir Eijiro o chamando.
O som da voz dele era a melodia mais bonita que havia ouvido em dias, e por tudo que é mais sagrado, como havia sentido saudades daquele som, ainda que tivesse saído estrangulado pelo pavor.
Levou pouco tempo para que seus corpos se chocassem e Katsuki nunca na vida se sentiu tão feliz por receber um abraço. Eijiro o apertava contra si desesperadamente como se quisesse os fundir em um só, beijando sofregamente o topo de sua cabeça enquanto agradecia por ter chegado antes que acontecesse uma fatalidade ao mesmo tempo em que amaldiçoava a ousadia dos demais tubarões.
— Eles te machucaram, droga, eu não deveria ter saído de lá... Olha o que aconteceu! — sua voz saía embaralhada pelo choro e ódio — Mas eu vou matar o desgraçado do Monoma, dessa vez ele não vai escapar, vou socar tanto a cara dele que nem a mãe vai reconhecê-lo.
— Pode fazer isso depois, mas antes vamos sair daqui. — a voz monótona e plácida chamou a atenção de Katsuki que tentou ver através dos olhos fechados — Não é inteligente fazer isso em um local tão público.
— Tem razão, vamos levar o Suki para um lugar seguro primeiro. — segurou Katsuki no colo, atento a cada esgar enquanto o Tritão se ajeitava se aconchegando da melhor forma possível em seu dorso — precisamos levar o Suki para a senhora Recovery, ela vai saber o que fazer e como lidar.
Katsuki não se importou com mais nada, se apegando a sensação reconfortante de poder estar mais uma vez em companhia de Eijiro. Não soube verdadeiramente quantificar a saudade que sentiu até vê-lo ali, a sua frente, e faria de tudo para não se afastar se novo, porque se antes tinha dúvida de que estava apaixonado por ele, todo e qualquer vestígio de confusão foi apagado com aquele contato.
Permitiu-se deslizar para a inconsciência, embalado pelo som do coração dele.
🧜♂️🧜♂️🧜♂️🧜♂️
A fé, meus queridos, ela é poderosa.
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Underwater
Fiksi PenggemarO Mundo Subaquático é um lugar fascinante e hostil. Último refúgio da humanidade, ele é ocupado por criaturas híbridas cujos corpos evoluíram para resistir e sobreviver ao ambiente. Nele existem algumas importantes regras de segurança, sendo a mais...