Chegay, desculpe a demora é que eu precisava pensar nos rumos da história, e sinto informar, ainda são nebulosos, mas isso não é novidade para mim, todos os meus plots seguem a mesma vibe e no final tudo acaba se ajeitando.
Havia dias que ambos estavam nadando praticamente às cegas sem conseguir encontrar sequer uma pista que indicasse o paradeiro de Eijiro. Atravessaram diversos corais e outros territórios, como os dos golfinhos que, gentilmente, lhes ofereceram abrigo e alimentação por algum tempo, desde que, logicamente, Shoto se comportasse e não os devorasse por sua hospitalidade.
Foi uma agradável surpresa descobrir que não havia apenas Eijiro com um pouco mais de controle sobre a própria natureza. Shoto não era um sujeito muito conversador, porém seus olhos facilmente entregavam sua gentileza e compromisso e ele não ousou olhar para os golfinhos com outros olhos que nãos os de um hóspede grato.
Em verdade Katsuki descobriu a natureza de sua compostura assim que o flagrou conversando de modo mais íntimo com um golfinho de cabelos verde-encaracolados, sardento e de postura defensiva, serelepe e solícito. Pelo modo como ambos olhavam um para o outro e as bochechas coradas estava mais do que óbvio que não era a primeira vez que se viam.
Katsuki riu pela maneira estúpida com a qual eles se encaravam, como se fossem dois filhotes, envergonhados da presença um do outro, tentados a se abraçar e ter um contato mais íntimo porém sem coragem para tal. O golfinho então parecia a ponto de cozinhar tamanho nervosismo e constrangimento.
A interação deles também trouxe um certo amargor a sua boca ao se lembrar de Eijiro e de que ainda não o haviam encontrado, e seus dedos instintivamente apertaram o colar ao redor de seu pescoço. Não demorou para sentir a ardência provocada pelas malditas lágrimas e ele se adiantou, largando o cordão e nadando em direção ao casal, propositadamente interrompendo o momento meloso.
— Acho que já descansamos o suficiente por hoje. — disse a Shoto antes de abandonar o local.
Não precisou olhar para trás para saber que ambos o seguiam, podia inclusive sentir os olhos aflitos de Izuku em suas costas, queimando-o, exigindo explicações por seu rompante. Detestava a incrível capacidade que ele tinha de ler os sentimentos alheios com a facilidade de um adivinho, sem contar na alma empática e acolhedora que o deixara irritado e o cativava ao mesmo tempo.
— Kacchan, tente apenas se acalmar, você ainda está se curando do seu machucado, não seja tão bronco.
Alguns dias apenas e ele já se sentira à vontade o suficiente para lhe conceder uma alcunha. Katsuki resmungou sobre aquilo no começo, apesar de que no fundo não se importar de verdade, contudo naquele momento de desarmonia sentimental a intimidade o deixou desgostoso.
— Apenas me deixe em paz, não estou aqui para me recuperar e sim para achar o Eijiro que não vou encontrá-lo se ficar ouvindo os seus conselhos ou vendo os dois querendo se pegar na minha frente.
Izuku audivelmente se engasgou com a afirmativa.
— N-Não é isso... eu e o Shoto... nós... somos apenas amigos — a resposta demorou a escapar completa de seus lábios e veio de maneira pausada enquanto ele pensava.
— Não me importa! Vocês que se comam, eu não ligo — afirmou parando de nadar subitamente — Eu só quero encontrar o Eijiro.
A maneira pateticamente desolada com a qual falou, sem conseguir se conter o fez se sentir estúpido. A angústia já o travava, fazia pensar em mil e um cenários aterradores e o deixava a ponto de uma síncope. Sequer conseguia se alimentar ou dormir direito.
— Sei que está preocupado com ele, mas não pode descuidar de si. — o apelo veio de modo suave — Tenha um pouco mais de paciência, por favor.
— O tempo que levo conversando com você pode ser os derradeiros do Eijiro — finalmente se virou para os dois, incapaz de conter o desgosto em seu tom de voz — Ele pode estar sendo caçado uma hora dessas, ter sido acuado pelo grupo que nós vimos dias atrás, será que não entendem?
— Pelo contrário, eu entendo, e muito, afinal o Eijiro é meu amigo de infância — Shoto finalmente se pronunciou, a voz carregada de culpa e raiva, embora comedida — Não me agrada ficar aqui enquanto esperamos por respostas, mas a verdade é que não dá para continuar buscando às cegas. Estamos à léguas do nosso território natural, perto de profundezas abissais e não conhecemos o terreno como o Izuku e os demais. Continuar naquele ritmo em que estávamos é suicídio, totalmente irresponsável. Por isso, por mais que doa ter que esperar e isso nos deixe aflitos, nós devemos agir com cautela. Se continuarmos permitindo que os instintos e angústia nos guiem podemos morrer antes mesmo de ajudá-lo. Tente entender, Bakugou, você não é o único apreensivo aqui.
Diante da fala dele, Katsuki não teve outra alternativa a não ser se calar e aceitar. Não podiam continuar naquela empreitada sem ter um plano ou mesmo conhecimento dos perigos que poderiam se esconder naquela região.
Mesmo assim doía e o maltratava a simples ideia de estar sendo inútil. O fazia se sentir como a pior e mais estúpida criatura de todo o mundo subaquático. Se não fosse por conta de sua insistência em vencer o maldito desafio, se tivesse negado ficar com o colar, Eijiro ainda estaria a salvo e eles próximos de casa.
Deu-lhes as costas e se afastou ansiando por tratar a própria culpa e dor sozinho. A cidadela dos golfinhos era bonita e aconchegante, quase como uma utopia. Perfeita demais para ser real.
Cansado acabou recostando em uma das rochas, suspirando e engolindo as emoções a força.
Foi quando um som chamou-lhe a atenção e ao abrir os olhos ele percebeu ao longe uma pequena porém inconfundível silhueta que o deixou perplexo, roubando seu fôlego.
Katsuki se afastou da pedra, atraído pela possibilidade que fez seu coração bater acelerado e mente nublar esperançosa e, antes que desse conta, estava se afastando da cidadela dos golfinhos em direção ao desconhecido, tão confiante e ansioso que sentia as nadadeiras vibrarem em antecipação, dando-lhe mais impulso e o ajudando a avançar sem medo algum.
>>>><<<<
Uma palavrinha a mais e eu perdia kkkkk
Enfim, amores, não garanto mais hoje, mas quem sabe amanhã?
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Underwater
FanfictionO Mundo Subaquático é um lugar fascinante e hostil. Último refúgio da humanidade, ele é ocupado por criaturas híbridas cujos corpos evoluíram para resistir e sobreviver ao ambiente. Nele existem algumas importantes regras de segurança, sendo a mais...