Chegando a metade da fic, amém irmãos e irmãs.Por serem territoriais, os tubarões consideram a entrada de outras criaturas em seu ambiente uma ameaça à sua segurança e existência é tendem a ser violentos, mesmo que o invasor seja um de sua espécie.
Por isso recebem o cordão quando nascem. Ele serve como um contrato de aceitação no grupo e o número de contas aumenta de acordo com a sua evolução dentro da sociedade. Quanto mais lutas ele vence, mais contas são adicionadas ao seu cordão, isso porque as contas são, na verdade, dentes de outros tubarões, e como eles trocam de dentição muitas vezes ao ano, não há problema em ceder um dente ao oponente.
Os primeiros dentes que eles recebem são os de seus pais e parentes próximos. A partir daí, todo e qualquer dente adicionado terá de ser conquistado. Eles são cuidadosamente lixados e esculpidos para se tornar um ornamento, perdendo um pouco do formato afiado em nome da estética. Um tubarão deve ter, no mínimo, dez contas em seu cordão, sendo ao menos três, resultado de batalhas contra outros tubarões. Eijiro possuía atualmente cinquenta contas a aumentar, pois ele era um tubarão ativo e respeitado na comunidade. O cordão lhe concede status, poder e credibilidade.
Por isso, voltar para o território dos tubarões sem o coral não era uma alternativa, pois eles literalmente o trucidariam. Um tubarão sem cordão não possui história, nem força na comunidade.
Ele sabia que era arriscado oferecer à Katsuki seu símbolo de maior poder em sua comunidade, mesmo assim o fez, por amor e êxtase. Era uma prova de que ele o amava de um jeito intenso o suficiente para lhe conceder seu bem material mais precioso.
Sim, ele também o fez por estar eufórico, e agora mais calmo, penando com mais racionalidade, talvez ele tivesse sido imprudente ao agir de modo impulsivo demais.
O problema é que Katsuki novamente desaparecerá depois daquele dia e não foi ao encontro marcado.
Mais uma vez Eijiro estava sentado na mesma cesta da gávea, do mesmo navio, com o colar dele em mãos e coração partido, pontuado dessa vez pelo pavor.
E se ele não conseguisse voltar?
As perguntas começaram a perturbar Eijiro.
— Então é aqui que você se encontra com aquele tritão, Kirishima?
Eijiro se voltou alarmado ao escutar a voz de Monoma, apenas para encontrá-lo há alguns metros afastado de si, falando enquanto se aproximava.
— Deduzi que devia haver algo de errado. Primeiro você começa a desaparecer, por meses, sempre saindo escondido. Depois aquele tritão invade nosso território, com o cheiro de um tubarão em sua pele e você vem em seu socorro. Me pareceu muito suspeito e então resolvi que estava na hora de averiguar melhor a situação, quando você sumiu por dias.
Eijiro sentiu todo o sangue de seu corpo enrigelar com as palavras e aproximação de Neito. Não podia deixá-lo perceber que estava sem o cordão, ainda que não visse muita chance de escapatória.
— Você não tem nada a ver com a minha vida, com quem eu me envolvo ou pra onde eu vou. —respondeu secamente, antes de sair da cesta e nada na direção contrária, tencionando se afastar do outro tubarão.
— Eu realmente não tenho direito a te cobrar nada, mas o concelho pode não gostar de saber que você anda se encontrando com um tritão, sabe como eles são, não é? Velhos amantes do tradicionalismo. — falava com o ar enfatuado, quase sádico — Eles podem não ver isso com bons olhos, principalmente por você já ser conhecido por sua alma altruísta.
— Você não tem como provar nada, será a sua palavra contra a minha.
— De fato, mas o que dirão eles de um tubarão que além de se encontrar com um tritão o presenteia com seu próprio cordão de contas?
O coração de Eijiro parou naquele momento, apavorado demais para falar algo.
— Sim, eu sei que você deu seu cordão à ele, e em breve poderei provar. — Ele o fitava de modo vingativo, se deliciando com o desespero de Eijiro — Então eu vou ter a minha desforra por todas as vergonhas que me fez passar.
Assustado e sem saber como reagir diante da ameaça, Eijiro apenas nadou para longe, afastando-se de Monoma que ria atrás de si, satisfeito de tê-lo afugentado.
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Ichygo, porque chora?
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Underwater
Hayran KurguO Mundo Subaquático é um lugar fascinante e hostil. Último refúgio da humanidade, ele é ocupado por criaturas híbridas cujos corpos evoluíram para resistir e sobreviver ao ambiente. Nele existem algumas importantes regras de segurança, sendo a mais...