O Mundo Subaquático é um lugar fascinante e hostil. Último refúgio da humanidade, ele é ocupado por criaturas híbridas cujos corpos evoluíram para resistir e sobreviver ao ambiente. Nele existem algumas importantes regras de segurança, sendo a mais...
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Golfinhos são criaturas fofas e gentis, sempre animadas e dispostas a ajudar. Contudo, passam longe de serem seres inofensivos e frágeis.
Adaptados com uma capacidade cognitiva superior, são capazes de analisar e compartilhar os resultados de seus estudos através de uma linguagem própria, sem que outras espécies sejam capazes de compreender ou interceptar o conteúdo. Desse jeito desenvolvem estratégias e conseguem garantir sua sobrevivência, desde que trabalhem em equipe.
Foi assim que Izuku e amigos conseguiram rastrear e localizar o esconderijo do tubarão que machucou Katsuki. Não havia o que temer pois, em grupo, os golfinhos são capazes de afugentar ou matar um tubarão se houvesse necessidade. Destemidos, eles adoram poder exercer o seu poder de controle quando em momentos como aquele.
Conquanto não era um momento de desgastes ou lutas, eles não estavam ali para desforrar ou atingir o tubarão, pelo contrário, vieram como escolta, trazendo Katsuki para que ele pudesse resolver a situação.
Não foi fácil convencê-los, mas o tritão não abriu mão de tentar. Izuku manteve-se firme por muito tempo, afirmando que não deveriam sair e que aquela era uma missão complexa e arriscada demais para aceitarem. De fato, o golfinho era grato por Katsuki não ter ousado se aventurar sozinho uma vez mais, vindo ao seu encontro em busca de auxílio, mas não podia simplesmente consentir depois dele ter quase morrido.
- Se não vierem comigo eu vou ter que ir sozinho -Katsuki afirmou, destemido, diante da inflexibilidade do golfinho - Eu sei bem o que pode acontecer, e não nego que estou com medo, lutando contra os meus instintos que pedem para que eu desista e fique longe, mas eu não posso simplesmente deixá-lo lá, sozinho!
- Eu entendo, Kacchan, toda a sua preocupação e zelo, compreendo que esse sentimento é algo maior que você e o deixa confuso, angustiado e ansioso, só não não posso concordar. Vai ser uma missão arriscada, quase suicida e deveria confiar nos seus instintos.
- O Eijiro não vai fazer isso de novo, eu o conheço! Ele foi capaz de parar antes de me matar, isso deve valer alguma coisa, provar que ele ainda está no controle! - apelou já frustrado, sentindo raiva por não conseguir convencê-lo.
Izuku olhou longamente para ele, observando o corpo ainda machucado.
- Não há como ter certeza disso. - o golfinho balançou a cabeça de um lado para o outro, negando - Tudo indica que ele está se sentindo acuado e um animal acuado ataca, principalmente se for um predador lidando com uma possível presa. Ele o reconheceu antes de o matar, mas pode ser que não seja assim da próxima vez.
- Por isso estou pedindo para que venham comigo! - apelou já desgastado.
- Não há como fazermos isso agora que parte do grupo está em caça. Desculpe, Kacchan, não posso arriscar a vida dos meus irmãos.
Katsuki já não sabia quais argumentos usar para poder convencê-los justamente por não haver mais nenhum. O que poderia dizer? Eijiro o atacara, o machucara com os próprios dentes em um momento de surto, sem conseguir reconhecê-lo, e não tinha como negar aquilo. Porém ele foi capaz de parar, afastar-se antes de o matar e era nesse fio de esperança que o tritão se agarrava. Justificativa que não parecia ser válida para os golfinhos.
- Vocês prometeram que iam nos ajudar !- dessa vez ele não se conteve, o semblante acusatório e o dedo em riste.
- Podemos organizar um grupo quando eles voltarem. - sugeriu.
Era alguma coisa, mas não o suficiente.
- Até lá pode ser tarde pra ele.
Izuku apenas abaixou a cabeça, um movimento que mostrava sua vergonha em quebrar a promessa e decepcionar o tritão.
- Animais mais inteligentes do reino marinho uma ova - desdenhou magoado - Fodam-se então, se não vão me ajudar apenas saiam da frente.
- Kacchan, não faça isso, é arriscado! - o golfinho nadou para perto, tentando acalmá-lo, mas Katsuki afastou-se de seu toque - Você pode morrer, não seja teimoso!
- Eu não tenho medo de morrer.
Antes que ele pudesse sair, Shoto se pôs a sua frente, bloqueando a passagem.
- Não vai me impedir, nenhum dos dois, a porra da vida é minha e eu escolho como desperdiço ela. - seu olhar agora refletia toda a sua raiva e revolta, um aviso claro para que não se intrometessem.
- Você não vai sozinho até lá, é arriscado. - Se pôs ao lado de Katsuki - Eu vou com você.
- Sho-chan! - Izuku chamou um tanto assustado - É perigoso ir sozinho, existem outras criaturas nessas áreas, maiores e perigosas.
O tubarão se voltou para o golfinho, o semblante solene enquanto se curvava ligeiramente.
- Eu agradeço a hospitalidade e ajuda que nos proporcionaram até agora, Izuku, foi de vital importância para nós dois- Ele se aproximou do golfinho, segurando-lhe a ponta do queixo entre o polegar e indicador. Deu-lhe um beijo na testa e outro nos lábios, quase um roçar, afastando-se - Vocês foram gentis e nos abrigaram mesmo sendo de espécies diferentes, mas eu e Katsuki viemos aqui com um propósito, buscar Eijiro, e é justamente o que faremos.
Antes que ele o soltasse, Izuku segurou-o, um tanto trêmulo e emocionado. Seu olhar dizia claramente que não queria deixá-lo partir sozinho, assim como Shoto deixou claro que concordava com Katsuki - era necessário agir rápido.
E assim conseguiram convencê-lo. Naquele momento Izuku talvez tenha sentido o mesmo medo que Katsuki experimentava, a angústia de deixar a pessoa amada se afastar, e lutou para trazer os demais em uma expedição. Eles ajudariam a conter Eijiro se fosse necessário, e se não tivesse mais jeito, poderiam deixar com Shoto que ele faria o resto.
Agora estavam ali, na frente da caverna, e os sons que ecoavam eram estranhamente sinistros e guturais, quase animalescos. No coração de todos cresceu a mesma certeza, principalmente quando Shoto se colocou à frente, empurrando Katsuki e Izuku para trás de si.
Porém Katsuki não ia se deixar deter, não tinha ido até ali a toa e num rompante, abandonou o esconderijo providenciado por Shoto, se lançando até a entrada da caverna destemidamente.
Não ia mais se esconder, se Eijiro precisava dele então Katsuki iria ao seu encontro.