7 - Oportunidade

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Vamos apenas ver onde vai dar.

Suave

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Suave

Katsuki não conseguia entender porque, mas era assim que se sentia quando estava perto de Eijiro, calmo, relaxado e feliz, porque a personalidade dele era igual: tão suave e agradável como o nadar em um bolsão de água quente. O som de sua estúpida risada, a maneira como suas barbatanas se moviam de modo fluído de acordo com a correnteza, o tom sempre animado e gentil de sua voz.

Não havia palavra melhor para descrevê-lo do que essa: suave, pois sua presença trazia conforto e refrigerio à alma de Katsuki.

Isso estava certo? Tubarões deveriam ser assim mesmo, suaves e brincalhões? Onde estava o instinto assassino, truculência e maldade sobre as quais seus tutores viviam a comentar? Eles não eram máquinas assassinas, insensíveis e inescrupulosos? Então porque Eijiro parecia ir contra tudo isso? Esquivando-se da lógica, fugindo ao padrão e com isso dando um nó no cérebro de Katsuki?

No fundo ele sabia a resposta. Era óbvia e muito simples.

Eijiro era diferente dos demais. Um pouco maleável, ingênuo e dedicado demais. Por Poseidon, já o vira chorar quando ambos presenciaram o nascimento de um bebê foca. Era um momento bonito e incrível, ele concordava, mas não a ponto de lhe arrancar lágrimas. Aliás, muitas coisas arrancavam lágrimas de Eijiro, ele era demasiado sensível e sentimental.

E lascivo, sem dúvida. Essa era outra característica que saltava aos olhos. Não perdia uma só oportunidade de cortejar Katsuki, fosse com algum presente, gesto ou palavras. Chegava a ser ridículo e um tanto fofo ver aqueles olhos brilhantes de felicidade quando Katsuki aceitava suas investidas. Não que Katsuki fosse de aceitar qualquer cantada, isso não, ele era um tanto arisco com a maioria dos candidatos, sempre deixando claro o quão inferiores eram para si, algo que finalizava com um tapa em seus rostos, fosse usamos a mão ou a cauda.

Mas com Eijiro, não. Ele não conseguia e se amaldiçoava pelas bochechas vermelhas que condenavam sua fraqueza. Aquele sorriso cheio de presas do qual teve medo um dia agora o enchia de encanto. Bastava pedir algo que o tubarão se dispunha a fazer, sempre com o sorriso no rosto e a prestatividade de um moleque de recados.

— É só pedir que eu te dou o que quiser, Suki. — aquela postura e olhar solícito sempre deixavam o loiro sem jeito.

Porque ele sempre tinha que ser tão fodidamente fofo?

— O que eu quiser? — instigou se aproximando dele, olhos nos olhos em franco desafio.

— O que quiser. — reafirmou, piscando o olho de maneira infantil — Mas em troca, eu vou querer um beijo.

Katsuki sempre recusava quando ele cobrava um beijo como pagamento, mas não daquela vez. Recompensaria Eijiro com o beijo que ele tanto ansiava se atendesse seu pedido.

Por mais que se sentisse um tanto charlatão pelo que estava prestes a falar ele decidiu ir em frente.

Quem sabe ele lhe desse o colar se pedisse com jeito? Quer dizer, quanto de apego um tubarão deveria ter por aquele cordão de contas? Talvez fosse algo estúpido e ele mesmo entregasse sem que Katsuki precisasse recorrer a atitudes drásticas. Venceria Shigaraki, ganharia um bom dinheiro e quem sabe, ainda ganharia o amor de Eijiro. Seria interessante e muito maneiro namorar um tubarão, quase um status de poder, imagine ser o primeiro Tritão a namorar um tubarão?

Por isso ele não deixaria a oportunidade passar.

Aproximou-se com o olhar libidinoso, observando satisfeito o semblante ansioso e cheio de esperança do tubarão, e a pele dele se arrepiar quando tocou seu peito nu, roçando levemente os dedos pelos músculos antes de segurar o cordão levemente.

— Me dê o seu cordão, então, aí eu vou acreditar que realmente é capaz de tudo por mim.

O semblante apaixonado se desmanchou em uma careta incrédula e Eijiro segurou a mão do outro, afastando seus dedos do objeto.

— Eu não posso te dar isso, Suki.

A repulsa dele incomodou Katsuki que se afastou e o olhou indignado enquanto cruzava os braços sobre o peito.

— Pensei que havia dito que me daria o que quisesse.

Eijiro parecia nervoso.

— Sim, eu disse, mas há exceções, e essa é uma delas. Pensei que não precisasse dizer que era um modo de falar, eu não posso fazer realmente tudo o que você quiser, por mais que eu queira, pois existem coisas que nem mesmo eu arriscaria — tentou explicar.

De certa maneira, ainda que entendesse os motivos dele, Katsuki se sentiu um tanto chateado. Não fazia sentido se sentir assim, afinal Eijiro não mataria por ele, mesmo assim magoava.

— Se não é capaz de manter uma promessa não deveria fazê-la. — Afastou-se com o semblante contraído em raiva quando Eijiro tentou se aproximar.

O tubarão se tornou inquietou, assombrado com o fato dele estar se distanciando.

— Suki, me desculpa, eu não quis te deixar chateado, eu só não posso, por favor entenda!

Katsuki revirou os olhos, bufando.

— Me explique o porquê , então.

Pela segunda vez Eijiro hesitou, fechando a boca antes de falar algo.

— Não posso te contar, é meio que um lance só da minha espécie, entende?

— Não, eu não entendo, nem me importo. Vou pra casa.

Virou-se nadando em direção aos corais, mas Eijiro o interceptou, nadando e se colocando a sua frente.

— Você vai voltar? — indagou apreensivo.

— Tenho coisa mais importantes a fazer do que ficar com alguém que conta mentiras para mim. Agora dá o fora da minha frente.

— Suki, por favor, não faz isso... - tentou pegar a mão dele, mas foi repelido quando Bakugou resgatou a própria mão puxando-a rudemente — Eu gosto de você, não saia assim da minha vida.

Aqueles olhos suplicantes quase o quebraram, mas Katsuki estava demasiado irritado com algo que não sabia definir para se deixar levar.

— Apenas me deixe.

O tubarão aceitou a derrota, fechando os olhos e suspirando enquanto saía da frente dele dando passagem.

— Eu vou estar esperando você — disse enquanto Bakugou se afastava, mas o loiro não se importou em responder.

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Pois é, naturalmente seguiu o angst. Que surpresa.

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