20 - Culpa

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Oh yeah, honeys, eu demorei? Sim, pra um kct, mas tenho um motivo plausível.

Sabe quando tu ama um plot e e acaba desanimando por causa de cobranças? Pois é, aconteceu com Underwater. Não me refiro as educadas, mas sim a galera que fez o favor de ir em outras fics ou no meu mural me cobrar att de um modo tão grosseiro e desnecessário que eu quase mandei à merda e guardei o plot. Felizmente eu consegui me conter e só apaguei os comentários mesmo.

Eu não ia largar mão de um plot desses por conta de alguns poucos. Demorei, mas engatei de novo e aqui estamos nós! Obrigada pela paciência e carinho em esperar, vocês são incríveis!

Vou deixar esse hoje e ver se consigo o próximo amanhã, mas não garanto nada rsrs

Vou deixar esse hoje e ver se consigo o próximo amanhã, mas não garanto nada rsrs

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Fugir

Era esse o instinto que fez Eijiro se afastar do local onde nasceu para se manter vivo. Ele sabia que não poderia voltar ao Território dos Tubarões, seria morte na certa e por mais que amasse aquele lugar o sentimento de auto preservação gritava mais alto em seu coração.

— Não é vergonha admitir que algo está fora do nosso alcance, filho.

Podia ouvir a mãe cantarolar em seu ouvido do jeito terno que fazia quando ele
ainda era um filhote e buscava refúgio em seu colo toda vez que sentia medo.

Queria mais do que tudo acreditar nela, mas o sentimento amargo em sua boca e o peso que carregava no coração diziam exatamente o contrário. Ter que se afastar, esconder para se manter vivo era humilhante e o enchia de frustração.

Principalmente quando se lembrava de Katsuki.

Mesmo que não quisesse admitir ou lutasse contra isso ele o amava de uma maneira tão intensa que não conseguiria se esquecer dele mesmo que não tivesse mais uma gota de memória.

Ao mesmo tempo se pegava questionando sobre o porquê dele demorar em retornar com o colar.

Não conseguia dissociar da ideia de que tinha sido enganado e essa suposição — quase certa — cravava um arpão em seu coração e plantava ideias maldosas em sua mente.

Por que ele não voltou?

Será que sempre tencionou apenas enganá-lo?

Talvez o cordão sempre tivesse sido o real motivo de sua aproximação. Quem sabe uma aposta para amaciar o próprio ego? Ser capaz de ludibriar um tubarão a ponto de ele lhe entregar um presente tão valioso por livre e espontânea vontade.

Soava estúpido e ao mesmo tempo algo que Bakugou toparia fazer, justamente por ser arrogante demais para fugir a um desafio.

Receber das mãos de um tubarão o símbolo máximo de seu status e maturidade em meio aos seus.

Parecia ótimo.

Soava egoísta.

Algo que Katsuki faria sem pensar duas vezes.

Não importava mais, ele não podia voltar mesmo. Estava condenado a vagar sozinho pelo oceano. Nenhum outro grupo de tubarões o aceitaria e as demais criaturas aquáticas fugiriam ao primeiro sinal.

Estava verdadeiramente sozinho pela primeira vez.

Poderia lidar com isso. Ou ao menos achava que sim, mas era doloroso não ter com quem falar, dormir em locais abandonados sobrevivendo do que podia encontrar.

Nos primeiros dias ele somente tentou se manter nos arredores, no entanto, tornou-se perigoso quando viu Monoma conduzindo grupos em sua busca.

Sem outra alternativa ele escapou para longe, tentando apenas sobreviver um dia de cada vez.

Encontrou uma caverna, escondida embaixo de muitos corais, quase inacessível e muito escura, e ali manteve-se a salvo, isolado e escondido a maior parte do tempo.

Ao final de um mês já sentia a consciência falhar. Ele estava ficando cada vez mais instável e perigoso. Sem ter com quem conversar, ou um lugar decente para onde voltar, sua mente simplesmente passou a se desligar por muito tempo, entregando-se a instintos primordiais.

É possível ficar louco quando se está sob muito estresse e Eijiro já não conseguia mais conter as paranoias.

Nadava ansioso, sempre se escondendo, atento a qualquer movimentação que pudesse indicar que seus perseguidores o haviam encontrado. Eles o levariam de volta ao Território dos Tubarões só para o humilhar com um linchamento público, mas ele não deixaria.

Eles não o pegariam.

Também tinha a fome. Algo dentro de si gritava quando ele saía para caçar, implorando para que não matasse criaturas racionais, mas era uma voz que ficava abafada, muito baixa quando o estômago vazio reclamava.

Eram os únicos momentos em que ele saía de seu esconderijo seguro, esquivando-se da escuridão para poder nadar em direção à um cardume ou criatura maior, não fazia mais distinção. A mente ligada no único comando de "alimentar-se". Era a prioridade e ele não precisava de consciência para tal.

A última caçada tinha sido estranha e confusa, carregada de emoções que não conseguia definir. As memórias eram nebulosas e ele lutou para juntar o mínimo possível de informações para compreender o motivo que o deixava tão trêmulo.

Lembrou do estômago roncando de modo insistente, de perceber na água as nuances que indicavam a aproximação de uma farta refeição.

Então fios dourados, olhos rubi... Uma expressão esperançosa... Mudando para mortificada...

... Era medo nos olhos de sua presa? Porque ela falava e... Como sabia seu nome?

Eijiro, esse era seu nome? Parecia tão familiar, distante e...

"Não faça isso, Eiji!" a presa implorou entre lágrimas e palavras engasgadas de terror. Ele estava em cima dele, prendendo-o sob si com a boca bem aberta.

Subitamente tudo voltou à sua mente e Eijiro sentiu o coração parar. Mesmo em meio a escuridão ele ainda sentia as garras cheias de sangue, o gosto ferruginoso em sua boca. Haviam até mesmo pedaços de carne entre seus dentes afiados.

O estômago revirou violentamente com a ideia, fazendo-o regurgitar tudo o que comera entre soluços esganiçados.

— Não... Eu... Suki... — murmurou com a voz estrangulada.

Então um grito agonizante e cheio de dor e culpa escapou do fundo da alma, tão pesado que o deixou rouco.

Segurou a cabeça com ambas as mãos, se aproximando do canto da caverna onde se encolheu, horrorizado, se amaldiçoando pelo que fizera.

— O... O que foi que eu fiz? — choramingou, a voz pontuada com o mais pesado amargar.

>>>><<<<

É isto, podem trazer a fogueira para queimar esta bruxa que vos fala.

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