CAPÍTULO I

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Eu não posso afirmar nada com certeza, mas sinto em meu coração que a temporada de 1832 será insana

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Eu não posso afirmar nada com certeza, mas sinto em meu coração que a temporada de 1832 será insana. Depois de três anos com casamentos pouco relevantes já está na hora de haver bons matrimônios novamente (espero que ninguém se ofenda, principalmente Lady Strathern, que se casou ano passado e recentemente ateou fogo em cem copias da minha coluna).

Vários nomes são apontados como de possíveis maridos em potencial para esse ano, porém sinto-me receosa em coloca-los aqui. Digo, estou há quatro temporadas dizendo que Stephan Echort irá se casar no dito ano e até hoje nada. Dessa vez não irei mencionar isso (se ele se casar esse ano ficarei frustrada). O Sr. Neil Barnett, entretanto, disse em alto e bom som no sarau dos Henderson que queria encontrar uma esposa em 1832. Eu espero que sim, ele é um bom rapaz, mas confesso que hesito sempre que me lembro de que foi ele o responsável por aquele incêndio na propriedade dos Browdish há dois anos. Imagine se ele pensar em repetir o processo novamente, mas na Igreja? Chapéus irão voar por toda capela.

Confiem em mim, leitores. 1832 será um bom ano.

Atenciosamente, Srta. Silewood.
Srta. Silewood Stanley Journal, abril

— Isso foi cruel, — lady Margareth resmungou — até mesmo para você.

Eliza descia as escadas de sua casa no momento em que ouviu o comentário da avó. Lady Margareth estava sentada no sofá da sala, tomando chá sozinha e lendo o jornal de Stanley. Eliza assustou-se. Ela passava grande parte de seus dias sozinha em casa já que o pai saia com frequência, mas hoje em especial ela nem tinha ideia de que avó a fazia companhia. A mais nova estreitou os olhos, desconfiada. Lady Margareth deu ombros.

— Onde você está indo assim?

— Assim como? — Eliza indagou.

— Assim. — Margareth respondeu. — Com esse chapéu péssimo.

— Foi Titia Daisy que me deu este chapéu. Ele não é péssimo.

— Sua tia Daisy não gosta de você, Eliza?

Lady Eliza revirou os olhos. Não havia quase nada de errado com seu chapéu. Ele só era grande demais e Eliza sabia que talvez por esse fato ele desvaloriza-se seu corpo, mas ela não se importava. Ela não era esguia, sabia disso. Eliza era na verdade baixa, com curvas bem destacadas e pele extremamente pálida. Suas sardas destacavam-se ainda mais em seu rosto quando ela usava tecidos claros e quanto maior o chapéu era, menor lady Eliza parecia. Nessa tarde em especial o chapéu escolhido escondia grande parte de seu rosto e a fazia parecer minúscula.

— Gostei do edital, — lady Margareth deixou o jornal ao lado do chá — senti palavras quase proféticas vindas de você. Confiem em mim, leitores. 1832 será um bom ano.

Eliza estreitou os olhos.

— De que forma isso seria uma premonição, vovó?

— Talvez seja nesse ano que você encontre um marido.

OS MISTÉRIOS DE ELIZA GUNNING [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora