Lady Eliza estava, no mínimo, desconfiada.
Ela chegou a pigarrear. Liz e Frederick já estavam no Hyde Park, mas o quiosque ainda localizava-se há alguns metros deles.
— Tudo bem, lady Eliza? — Morley perguntou ao reparar em seu grunhido repentino.
— Hum... — ela inclinou a cabeça para o lado — está assim, claro.
— Não me parece... — lord Morley iniciou, mas logo seu discurso foi interrompido.
— Isso é realmente sincero?! — Eliza indagou — Quero dizer, estou gastando meu tempo, e me perdoe a indelicadeza lord Moley, mas é difícil acreditar que o senhor...
Ela vacilou. Frederick arqueou uma sobrancelha.
— Que eu...
— Bem, que o senhor esteja realmente arrependido.
— Eu estou. — Lord Morley disse e Liz pensou que isso fosse tudo, mas alguns segundos depois ele prosseguiu: — Eu sei que tivemos problemas, mas não quero que você pense que sou assim. Tenho ações tolas ás vezes, mas não sou um patife.
— Ás vezes... — Eliza abafou com uma risada cínica.
— Não sou. — Ele reforçou.
— E então porque age como um?
Frederick hesitou. Ele não era assim com todos, acreditava. O problema era Eliza. Simplesmente agia como um tolo perto dela, pois não sabia lidar com tudo o que a mulher o causava, e recorria a solução dos covardes. Mas não poderia continuar assim. Se Eliza era sua sina, ele lidaria com ela, mas não deixaria que isso a ofendesse.
Não mais, depois de tudo que aconteceu.
— Estou disposto a mudar. Tudo que você tem é minha palavra... Não posso forçá-la a acreditar em mim, mas deposito minha honra.
— Você tem sorte de eu também ser uma tola.
— Como?
— Acredito demais nas pessoas, — Eliza disse com a expressão séria — ou seja, darei meu voto de confiança para milorde durante essa tarde.
Frederick assentiu com um sorriso condescende. Eles caminharam até o quiosque, sentaram-se nas mesas ao redor da tenda e pediram um sorvete de baunilha e um de framboesa. O parque estava lotado e durante o percurso eles encontraram inúmeros rostos conhecidos e que certamente comentariam sobre o passeio dos dois. Nenhum se importou. Eles estavam ansiosos para provar as escolhas um do outro e, surpreendentemente, tudo estava ocorrendo muito bem.
Um homem levou até eles o sorvete dentro de uma porcelana. Inicialmente ele confundiu quem ficaria com cada recipiente, mas Eliza e Frederick trocaram rapidamente, de bom humor. Lord Morley pegou seu talher, retirou a tampa e estava prestes a levar o primeiro pedaço à boca, quando se interrompeu. Lady Eliza estava estática á sua frente, analisando cada um de seus movimentos com cuidado e expectativa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
OS MISTÉRIOS DE ELIZA GUNNING [Concluído]
Historical Fiction❝ Confiem em mim, leitores. 1832 será um bom ano. - Srta. Silewood. ❞ Lady Eliza Gunning não é nem de longe uma das damas mais populares da sociedade. Acostumada a tomar chá de cadeira com suas melhores amigas, ela pouco nutre esperanças de se casar...