A paixão destrói os homens, leitores. Todos eles. Até mesmo os mais nobres...
Srta. Silewood — Stanley Journal, maio de 1832.
— Olá lady Ronnie. — Morley sorriu. Em seguida voltou-se para Liz com a expressão séria. — Olá lady Elizabeth.
— Eliza. — Eliza rosnou — Meu nome é Eliza.
Morley deu de ombros. Quem se chamava apenas Eliza? Muito suspeito. Antes que ele pudesse dizer qualquer besteira lord Crosby deu um passo à frente, sorriu e tirou rapidamente o chapéu em uma mesura. Aaron ajeitou-se novamente, aprumou o casaco e reservou para elas — mas principalmente à Veronica — seu sorriso mais simpático. Enquanto isso Frederick movia os pés impacientemente.
— Que maravilhosa coincidência encontra-las aqui! — os olhos de Crosby expressaram genuína felicidade — Também optaram por um passeio vespertino?
Lady Ronnie assentiu. Ela moveu um cacho que caia em sua bochecha para trás da orelha e nesse instante Aaron não conseguiu disfarçar. Ele ficou concentrado em casa movimento de Ronnie, encantado pela delicadeza de seus dedos e o brilho de seu sorriso. Os cabelos dela estavam um tanto arroxeados naquela tarde e seus olhos sempre muito escuros, pareciam brilhar em contato com o sol. Aaron sentia-se a frente de uma musa.
— Ah, sim... — Ronnie tocou levemente os ombros da amiga — na verdade a ideia foi de Eliza. Eu estava entediada em minha casa e de repente ela apareceu convidando-me para uma caminhada no parque.
— Outra maravilhosa coincidência — Crosby sorriu — lord Morley fez o mesmo comigo. Nós temos muito em comum, lady Ronnie.
Frederick resistiu a um impulso milenar de revirar os olhos. Não era possível que lord Crosby passasse horas imerso em livros e poemas românticos para depois não conseguir flertar corretamente. Ele sem dúvida alguma era péssimo. Inegavelmente bonito, charmoso e endinheirado, mas ainda assim péssimo. O mais intrigante de tudo isso era que lady Veronica não parecia se importar. Por mais que Crosby estivesse forçando as interações, a jovem parecia encantada com ele. Ela sorria para Aaron com cordialidade, admirando verdadeiramente suas palavras.
Talvez houvesse entre os dois uma estranha sintonia que nenhum outro mortal fosse capaz de compreender. Ronnie sorriu para os homens e depois fitou Eliza, já deslocada na conversa. Ela cutucou a amiga com o cotovelo e estampou um olhar extremamente sugestivo.
— Ou talvez lord Morley e lady Eliza tenham muito em comum, hum?
Eliza quis desmaiar. Hesitantemente ela fitou lord Morley que não esboçou reação alguma além de um leve levantar de sobrancelhas. Lady Eliza olhou repreensivamente para Ronnie, mas amiga não se importava. Seus olhos já brilhavam novamente para lord Crosby e seu ar poético. Sendo assim restou para Liz apenas sorrir, assentindo.
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OS MISTÉRIOS DE ELIZA GUNNING [Concluído]
Historical Fiction❝ Confiem em mim, leitores. 1832 será um bom ano. - Srta. Silewood. ❞ Lady Eliza Gunning não é nem de longe uma das damas mais populares da sociedade. Acostumada a tomar chá de cadeira com suas melhores amigas, ela pouco nutre esperanças de se casar...