C A P Í T U L O XXXI

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Recebi sim muitas críticas, Londres. O bom é que eu estava preparada para isso. E também o fato de que nem tudo é tão ruim assim. Desejam saber? Nunca recebi tantas flores, cartas e elogios como na última semana também.

Lady Morley Stanley Journal

— Eliza! — Frederick bradou — Isso é injusto!

Liz riu, mas tinha total conhecimento de que era verdade. Ainda assim não se importava. Ela pressionou o pé nas costelas do cavalo e afrouxou a rédea, fazendo com que ele aumentasse ainda mais a velocidade do galope. Ele estava realmente veloz, avançando pela trilha e quase atropelando um grupo de cavalheiros em certa altura. Eliza só esperava não encontrar nenhum outro hipista descuidado, pois poderia haver um sério acidente — e depois de uma coluna grega cair em sua cabeça a última coisa que ela queria era mais sangue e choro.

Frederick, entretanto, não estava nada satisfeito com o rumo daquela disputa. Eliza havia trapaceado. Havia pedido para que ele tentasse observar alguma coisa além das árvores e enquanto ele se inclinava sobre o cavalo para observar, ela zarpou em vantagem. Até o marquês se organizar Eliza já corria pelo Hyde Park rumo ao destino final perto do Serpentine.

— Eliza! Pare, por Deus! — ele gritou metros atrás — Primeiro que isso não é nada adequado e segundo que é a mais suja trapaça.

— Não havia termo algum para que eu pudesse burlar, Frederick. Não tem como ser trapaça.

Abruptamente ela fez uma curva. Lord Morley havia dito mais cedo que seu cavalo era lento em curvas e então sua vantagem ficou ainda maior. Ela passou por um grupo de damas que quase perderam o chapéu quando os dois cruzaram sua frente. Frederick investiu mais ainda, cortando caminho entre as árvores e saindo bem ao lado dela.

— Isso sim é trapaça! — Eliza defendeu-se.

Não havia termo algum... — Frederick imitou Eliza, forçando a voz para que ela se tornasse mais aguda.

— Deixe de ser ridículo.

Eles continuaram, dessa vez lado a lado e invadindo o gramado. Havia a trilha, porém aquilo tinha se tornado questão de honra. Eliza não iria perder para Frederick Morley de forma alguma. Nos últimos instantes da corrida ela conseguiu manter a vantagem e chegou primeiro ao ponto marcado. O homem resmungou, frustrado, mas aceitou a derrota sem questionar a legitimidade da disputa.

Eliza sorriu com satisfação, deixando que ele a ajudasse a descer do cavalo segurando-a pela cintura, como aquela vez em Somerset. Neste dia, porém, Eliza não desviou desconfortável. Ela sorriu gentilmente, fazendo com que ele também sorrisse, mostrando que não havia ressentimentos — mas ele ainda iria vencê-la.

— Você sabe que eu a deixei ganhar, não sabe?

Eliza riu. Frederick lutou até o único segundo para ultrapassá-la. Ele nunca teria se portado daquela forma se sua intenção real fosse deixar com que ela ganhasse.

OS MISTÉRIOS DE ELIZA GUNNING [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora