EPÍLOGO

5.7K 713 242
                                    

Hampshire, muitos anos depois

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Hampshire, muitos anos depois.

Cordelia sentou-se ao lado de Julian.

Por alguns segundos ela esperou qualquer pronunciamento do rapaz, mas ele permaneceu em silêncio, com as pernas tremulas e inquietas. Estava nervoso demais para dizer qualquer palavra. Seus olhos azuis — como de todos os irmãos — estavam fixos em algum móvel do outro lado do cômodo, enquanto apoiava os cotovelos sobre os joelhos e encarava o nada. Lady Cordelia pigarreou, tentando chamar dua atenção.

— Lia. — Ele murmurou com a voz baixa e rouca, muito mais séria do que usualmente um rapaz de dezessete anos recém-completos costumava usar — Onde está papai?

Ela deu de ombros, incapaz de responder a pergunta. Cordelia não tinha ideia de onde o marquês de Normanbury estava, mas imaginava que ele estava perambulando pela propriedade. Frederick gostava de estar em movimento em momentos de aflição, mas seus dois filhos mais velhos não sabiam lidar muito bem com toda a pressão do nascimento de um irmãozinho ou irmãzinha nessa altura da vida. Eles atavam extremamente preocupados.

Julian havia completado dezessete anos há pouco tempo, no início de junho. Cordelia estava com quinze. Eles tinham total ciência de como partos eram perigosos, mesmo a mãe já estando consideravelmente acostumada com a situação. Lady Cordelia segurou na mão do irmão, acariciando as costas de seus dedos. Pensou em sussurrar que tudo ficaria bem, mas foi interrompida por alguém irrompendo na sala.

Alguém como uma grande bandeja com biscoitos amanteigados.

— Em um momento desses você só consegue pensar em comida? — Cordelia indagou, indignada.

Daisy Morley deu de ombros. Ela atirou-se na poltrona geralmente utilizada por lord Morley sem remorso algum e começou a devorar os biscoitos, balançando os pés no ar já que ainda era incapaz de tocar o chão com eles. Faltava pouco, podiam observar. Daisy já tinha doze anos e em pouco tempo ficaria mais alta que a mãe — felizmente nenhum dos filhos da marquesa teve a sorte de serem minúsculos como Eliza.

Julian ergueu os olhos. Daisy sorriu amarelo, com os farelos grudados no canto da boca.

Hum, quer um pouco?

Ele assentiu. Daisy estendeu a bandeja para ele e Cordelia permaneceu com uma expressão repreensiva para a irmã mais nova. Entretanto, ela logo cedeu. Amava aqueles biscoitos e não faria mal comer, afinal, estavam apenas esperando. Não demoraria até que o bebê nascesse.

— O que você está comendo, Daisy? — Frederick indagou assim que entrou na sala.

Biscoitos. — Respondeu com os farelos voando para fora da boca.

Cordelia sorriu, piscando os altivos olhos e olhando o pai com toda a ternura do mundo. Ele pousou a mão sobre o ombro da filha e ela o acariciou.

OS MISTÉRIOS DE ELIZA GUNNING [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora