Eliza Gunning não tinha certeza se realmente queria comparecer ao jantar de lady Nembley.
Ela tinha muitas resistências em relação ao temível evento anual. A primeira era o comum atraso. Lady Nembley apenas permitia que a comida fosse servida após ela conversar com todos os convidados pessoalmente. E ao julgar pelo tamanho da lista de convites, isso demoraria, como sempre. A segunda era o fato de que grande parte das pessoas que ela detestava estaria lá — ou seja, lord Morley e seu clã. Lady Eliza não tinha certeza se estava preparada para ver Frederick novamente, mesmo que de longe.
A terceira, e provavelmente mais importante, era que lady Nembley era uma grande amiga dos Gunning. Margareth e ela haviam estudado juntas na Escola de Moças há bons anos — por volta de 300 A.C, Eliza costumava brincar. Dessa forma, lord Gunning e sua mãe sempre eram convidados especiais. A presença deles era irrevogável. E consequentemente lady Nembley também direcionava suas atenções para a doce Eliza.
Era péssimo. Como se não bastasse a avó tentando empurrá-la para cada homem solteiro e minimamente solteiro naquele salão a anfitriã também a ajudava. A história era sempre a mesma. Venha conhecer a neta de minha amiga, lady Eliza, tão graciosa, tão gentil, tão educada... Nunca tão inteligente, nunca tão bonita, nunca nada que realmente importasse para ela. Eliza tampouco se considerava graciosa ou gentil. Ela tinha um bom porte, pois teve professores, e comportava-se de maneira recatada, pois era necessário. Ninguém tinha ideia de todos os pensamentos desordeiros que passavam por sua cabeça.
Algumas vezes as vítimas cediam. Geralmente os famosos caça-dotes. Eliza tinha um dote inegavelmente grande e ela desconfiava que essa era a única razão por ainda ter alguns pretendentes — exceto por Barclay Jones, mas ele já havia deixado-a em paz. Os homens tentavam puxar conversa, mas Eliza usava a descrição de lady Nembley a seu favor. Mostrava-se extremamente afável. Concordava com tudo, fingia-se de tímida em demasia e logo entediava os rapazes. Eles não duravam muito tempo. Os que ela talvez quisesse chamar atenção, por outro lado, nem olhavam para ela — mesmo com o dote.
Lady Nembley arrastava a jovem junto a ela enquanto cumprimentava os convidados. Ela havia sido pega enquanto caminhava com o pai em direção à mesa de frios. Ela apenas queria um cubículo de queijo, mas havia sido fisgada pela anfitriã. O pai aceitou a atenção de Nembley para com a filha e caminhou até um grupo de velhos amigos. Era fácil para Gunning socializar. Gustave ainda estava bonito, tinha um bom talento para manter uma conversa fluindo, e Eliza desconfiava que seus olhos azuis brilhantes — parecidos com os seus, mas ela recusava-se a acreditar que nela eles eram bonitos — cativassem muitas pessoas pelos salões.
Lady Margareth aproximou-se. Eliza quis desmaiar naquele instante. Se buscar rapazes com a anfitriã já era péssimo com a anfitriã e com a avó era ainda pior. Margareth raramente escutava a opinião da neta. Ela dizia que sempre tinha razão por ser mais velha e restava à pequena Liz aceitar. Era isso ou sair correndo do salão. A avó colocou-se entre lady Nembley e a neta, sorrindo.
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OS MISTÉRIOS DE ELIZA GUNNING [Concluído]
Historical Fiction❝ Confiem em mim, leitores. 1832 será um bom ano. - Srta. Silewood. ❞ Lady Eliza Gunning não é nem de longe uma das damas mais populares da sociedade. Acostumada a tomar chá de cadeira com suas melhores amigas, ela pouco nutre esperanças de se casar...