NOTAS IMPORTANTES NO FINAL DO CAPÍTULO. Até lá, boa leitura.
O marquês de Normanbury estava de volta a Londres.
E ele não podia estar mais infeliz com isso.
Frederick Morley definitivamente não odiava Londres. Longe disso. Ele havia nascido ali, conhecia inúmeras pessoas, tinha inúmeros parentes e amigos. Sua mãe e sua irmã viviam em Mayfair, sozinhas até hoje, e apesar de Frederick passar menos tempo do que deveria na cidade, ele ainda apreciava muito a capital inglesa. Havia apenas alguns problemas que tornavam a situação um tanto complicada.
A primeira: sua mãe. Ele a amava, é verdade, mas Morley deveria confessar que não estava sendo fácil lidar com ela há um bom tempo. Desde o falecimento do marido há quase sete anos a marquesa-viúva já não era a mesma. A mãe tornou-se sombria, emblemática, quase reclusa. Frederick tentou ajuda-la, tira-la do antro de solidão e até sugeriu que ela se casasse novamente — ele aceitaria um padrasto apenas para ver a mãe feliz —, mas Meredith estava disposta a permanecer assim. Transformou-se em uma mulher controladora, invasiva e que privava o filho da única coisa que ele não permitia que tirasse dele, sua liberdade.
Ela não fazia por mal, Frederick sabia, mas não gostava que a mãe controlasse seus passos. Não gostava que ela o observasse e quisesse ditar como deveria viver. Talvez a lembrança do marido a assombrasse, pois Meredith parecia disposta a não permitir que o filho repetisse os erros do pai. Foi nesse momento que o marquês decidiu afastar-se. Não por muito tempo, ele disse, apenas daria uma volta pela Europa, passaria algum tempo na propriedade de Bristol, talvez na de Hampshire também, e depois retornaria à Londres.
Foram-se assim cinco anos de sua vida.
Ele retornava para Londres periodicamente, é claro. Visitava a família, passava algum tempo com a mãe e enchia a irmã de presentes. Cordelia pôde colecionar bonecas francesas, russas, suecas e italianas. Porém, pouco tempo depois, sentia-se novamente sufocado e deixava Londres mais uma vez. Inicialmente ele pensou que o problema seria com sua mãe, mas a essa altura Meredith já estava melhor. Ainda reclusa, mas melhor. Frederick percebeu que o realmente o apavorava era o circulo social que cada vez o pressionava.
E esse era o segundo problema: a sociedade londrina. Ele poderia escolher não frequentar seus eventos, permanecer como um homem inconsequente como fazia na França, Itália ou qualquer lugar que estivesse, mas não podia. Ele havia retornado á Londres justamente com o propósito de se casar, e por mais que essa perspectiva o assombrasse, ele não tinha escapatória.
Frederick tinha vinte e sete anos. Não, definitivamente não era velho. Poderia esperar alguns outros anos antes de contrair matrimônio? Sim, com certeza. Mas não arriscaria. No último inverno seu único primo por linha paterna, Cristopher, havia falecido após uma pneumonia. Frederick entristeceu com a morte do primo, porém não pôde deixar de pensar em sua família. Meredith e Cordelia. Ele estava longe, mas sempre havia provido por elas. Sempre estava disposto a ajuda-las com o que fosse necessário, fornecer tudo o que precisassem e conceder todos seus desejos, por mais tolos ou fúteis que fossem. Cordelia precisava de uma coleção nova de sapatos? Frederick cedia. Meredith precisava de um tecido específico, importado apenas das Antilhas, para fazer um bordado? Frederick cedia também. Mas agora, com o primo morto, a perspectiva de deixar a mãe e a irmã na mão caso ele também viesse a falecer o assustou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
OS MISTÉRIOS DE ELIZA GUNNING [Concluído]
Historical Fiction❝ Confiem em mim, leitores. 1832 será um bom ano. - Srta. Silewood. ❞ Lady Eliza Gunning não é nem de longe uma das damas mais populares da sociedade. Acostumada a tomar chá de cadeira com suas melhores amigas, ela pouco nutre esperanças de se casar...