Faz tempo que não escrevo por mim. Não que tenha parado de escrever, mas sempre envolve o outro. Sentada vendo a chuva pensei nisso. Em como as gotas correm devagar, em como elas saem das nuvens. O céu parece ser tão alto...
Minhas plantas não morrem mais. As vezes eu acordo antes do despertador. Ando lendo mais minha Bíblia e lavo meus sapatos nos finais de semana. Outro dia esvaziei uma gaveta cheia de notas fiscais e comprovantes de boletos. Fiquei feliz ao limpar meu carro, e ando com barrinhas de cereais na bolsa. Acho que não sou mais moça.
Quando falam de outras pessoas já não me interesso como antes. Gosto de ficar deitada olhando para o teto. Gosto de quando dirijo com os vidros abertos, e meus brincos de penas e o cabelo colorido se misturam, é uma amostra da balbúrdia de minha mente. As vezes minto só por diversão. Um dia desses falei que meu nome era Vitória. Foi uma menina com seis irmãos que estudou comigo na quinta série, ela adorava tomate. Será que Vitória ainda gosta de tomates?
As brincadeiras com os meninos também já não são as mesmas. É interessante ver até onde podemos ir, mas, raramente penso mais sobre eles do que penso sobre qualquer livro qualquer. Esses dias li sobre uma rosa, e de como elas podem insistir em ficar em nossas mentes. Aparecendo em momentos inoportunos e constrangedores. As vezes minhas rosas aparecem durante apresentações, ou conversas sérias. Outro dia esqueci de responder se queria leite no café, não podia falar. Lá estava a rosa, ousando no vermelho que conduz as suas voltas intermináveis. Crescer é uma nostalgia que há de vir constante.
Outro dia teve medo que essa maldita rosa me consumisse. Mas tudo bem, acho que já consumiu.
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Mariposas por todos os lados
PoetryO sentir de ser tudo e ainda não aguentar suportar o nada.